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Dia Sem Cor

Date post: 22-Jul-2016
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Os assuntos abordados nesta obra têm como objetivo introduzir, de maneira lacônica, os aspectos da psicologia e do aconselhamento pastoral em situações de crise.
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DIA SEM COR Tiago Santos 1 | Página
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SUMÁRIO

Introdução..........................................................................................................05

1 O Caráter da Crise..........................................................................................07

1.2 A Sintomologia..................................................................................09

2 As Formas de Superação, Intervenção e Ajuda............................................11

3 “Psicologizando” a instituição Igreja...............................................................15

3.2 O Que Há de Errado Com a Psicologia?...........................................18

3.3 Aconselhamento Bíblico....................................................................20

Conclusão..........................................................................................................23

Referências Bibliográficas.................................................................................24

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“Levem os fardos pesados uns dos outros e, assim, cumpram a lei de Cristo.”

Gálatas 6.2

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INTRODUÇÃO

Para algumas das crises que surgem no âmbito familiar, algumas

famílias criam seus próprios mecanismos de defesa e meios para superar estes

tempos difíceis, conseguindo sobrelevar-se ao momento de crise de maneira

muito ou pouco penosa. Existem crises, porém, que dificilmente são superadas

sem ajuda externa e, não são poucos os casos que se veem de famílias que

são destruídas ou marcadas profundamente porque em um momento de

conflito não tiveram alguém próximo que pudesse auxiliá-las.

O fato é que não existe nenhuma família, mesmo aquelas mais

solidamente estruturadas na fé cristã, que não tenha que enfrentar momentos

de crise. Algumas igrejas oferecem esta estrutura de apoio às famílias, muitas

delas, porém, tem este trabalho restrito aos casais, outras, no entanto, estão

sendo despertadas para a necessidade de estender este apoio a outros casos

e, não limitá-lo apenas aos casais em crise. Afinal de contas, não são apenas

as tensões do casamento que levam as pessoas à crise pessoal, existem

diversos temas que poderiam ser abordados nessa área como: tendências

suicidas, distúrbios sexuais, depressão, bipolaridade, doenças graves, morte

de um ente querido e outros intermináveis assuntos. Todas essas pessoas

precisam de palavras de esperança, encorajamento e orientação ao se

depararem com esses dilemas da vida.

O mundo moderno tem contribuído no crescimento dos conflitos

familiares, atribuindo crises novas e dificultando na solução das crises naturais.

Um bom exemplo é o individualismo extremado. As pessoas acreditam que não

precisam prestar contas de seus atos ou mesmo cumprir com seus princípios e

obrigações, obviamente esta tendência hedonista e esse desejo violento de se

“libertar” da solidariedade alcança o matrimonio, a relação entre pais e filhos e

por fim toda a sociedade. A falta de alicerces espirituais tem enfraquecido o

indivíduo e as famílias; o relativismo, pragmatismo e outras doenças filosóficas

dessa época tem levado a sociedade a uma atrapalhação generalizada. O

excesso de trabalho, o estresse e outros males deste século reforçam a teoria

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de que a modernidade tem agregado complicações ao indivíduo e lançado

obstáculos para as soluções dos conflitos familiares.

Em outros momentos, famílias que haviam estabelecido projetos futuros

são pegas de súbito por alguma tragédia ou perda que desestabiliza o âmbito

familiar.

Em suma, os assuntos abordados nesta obra têm como objetivo

introduzir, de maneira lacônica, os aspectos da psicologia e do

aconselhamento pastoral em situações de crise.

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1. O CARATER DA CRISE.

A crise se caracteriza por um tempo de desequilíbrio na vida de um

indivíduo que vai leva-lo a necessidade de mudança ou tomada de decisão

crucial à sua vida.

Todas as pessoas passam por momentos de crise em sua vida e o modo

como encaram essa condição varia de pessoa pra pessoa. A crise em si, se

qualifica por circunstancias adversas que se apresentam a vida, por mudanças

súbitas, perdas significativas, eminentes ameaças (à saúde, a estabilidade

financeira e etc), conflitos nas relações pessoais, desastres naturais como

furacões, terremotos e enchentes; acidentes, perda de um ente querido, entre

outros diversos fatores e causas.1 A crise é um estado temporário de

desiquilíbrio e transtorno, quando há a incapacidade do indivíduo, família ou

sociedade de resolver um conflito/problema usando os recursos que dispõem.

A crise tem o potencial de gerar transcendência e transformação positiva na

vida de um indivíduo ou causar um resultado radicalmente negativo e

traumático.2

A crise não representa uma doença, ela faz parte da experiência humana

universal, é a forma natural em que se reage ante as ameaças que não se

podem controlar, sejam elas externas ou internas.

“As crises representam um perigo quando não se processa a

dor, quando as pessoas perdem a confiança em si mesmas, quando se

isolam e ficam paralisadas perdem a confiança em si mesmas frente à

vida.”3

1 MALDONADO, Jorge E. Intervenção em crises. In: SANTOS, Hugo N. (Org.). Dimensões do Cuidado e do

Aconselhamento Pastoral. CETELA/ASTE : São Leopoldo/São Paulo, 2008, p.155. 2 SLAIKEU, Karl A. Crisis Intervention: A Handbook for Practice and Research. Boston: Allyn an Bacon,

1990, p. 15. 3 Maldonado, 2008, p158.

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Uma experiência de crise não se define pelo simples causo ocorrido, mas

sim pela maneira enervante que o individuo encara a circunstância e o modo

como isso o desestabiliza diante da crise.

“A experiência de crise consiste na combinação de significados,

ideias, sentimentos e processos que excedem a capacidade que uma

pessoa ou família tem para lidar com uma situação em um momento

dado. Uma pessoa ou uma família entra em crise também quando

percebe um acontecimento, situação ou estímulo como

inesperadamente devastador (a morte súbita de um ente querido, por

exemplo). Neste caso, o tempo que transcorre entre o impacto da

notícia e a vivência da crise pode ser mínimo. Uma crise também pode

ser desencadeada quando se interpreta uma situação como algo

sumamente ameaçador (um divórcio, por exemplo). Diante do perigo

percebido como demolidor, as pessoas entram em colapso e/ou não

encontram um caminho efetivo para enfrenta-lo. As crises acontecem

quando os recursos habituais ou extraordinários se mostram ineficazes

para lidar com a situação, permitindo que a tensão aumente até

exceder a capacidade da pessoa ou do sistema familiar.”4

A crise e sua resolução dependem de uma combinação de diversos fatores,

mas é possível concluir que uma pessoa segura, flexível, que conta com o

apoio de pessoas como: a família, a igreja, a comunidade e etc, encontram-se

melhor equipadas para enfrentar as crises. Todavia, uma pessoa que não

dispõe dos mesmos recursos está à mercê do perigo.

As crises nem sempre apresentam-se de maneira repentina e inesperadas,

elas podem ser crises emergenciais ou acidentais. A crise de desenvolvimento

é aquela que pode ser mais ou menos previsível, que acompanha o processo

de maturação de uma pessoa, como, por exemplo, a fase da adolescência, a

menopausa, os filhos saindo de casa (por causa dos estudos ou casamento), o

mesmo serve para os filhos que estão deixando a casa dos pais, a meia idade,

a velhice, um filho novo que chega (pela gravidez ou por adoção) e etc. A

4 Maldonado, 2008, p. 159.

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transição destes estágios da vida também podem acarretar em períodos de

crises pessoais e familiares.5

Ao contrário das crises de desenvolvimento, as crises emergenciais são

inópias e imprevisíveis, tais como: perda de uma pessoa por morte ou divórcio,

amputação de um órgão, aquisição de uma dependência física, suicídio, perda

do emprego, gravidez indesejada, entre outros.

1.2 A SINTOMOLOGIA.

Como já dito antes, a crise não pode ser caracterizada como doença, não

trata-se de um distúrbio mental, mas uma reação normal a uma fase da vida.

Contudo, isso não significa que uma crise não possa causar problemas

psicológicos.

“(...) A intensidade da crise depende do momento em que o

circuito mental/emocional fica sobrecarregado. Poder-se-ia comparar o

fenômeno da crise com um curto-circuito elétrico desencadeado pela

sobrecarga de consumo de energia.

Há pessoas que na crise perdem completamente a noção dos

fatos. Algumas, numa atitude de defesa (dissonância cognitiva), deixam

de perceber a realidade e agem como se as coisas não estivessem

acontecendo com elas.” 6

A crise representa uma ameaça à vida e por conseguinte trás consigo um

sentimento de perda. A crise pode provocar uma regressão, uma busca

acerbada por segurança e proteção, o que pode fazer com que a pessoa fique

dependente daquelas em quem ele deposita sua expectativa de socorro. A

crise também aumenta a sensibilidade psicológica e deixa a pessoa mais

acessível às intervenções externas, tornando-as mais vulneráveis e

influenciáveis.

5 HOCH, Lothar Carlos. A crise pessoal e sua dinâmica. Uma abordagem a partir da psicologia pastoral.

In: SANTOS, Hugo N. (Org.). Dimensões do Cuidado e do Aconselhamento Pastoral. CETELA/ASTE : São Leopoldo/São Paulo, 2008, p.144. 6 Hoch, 2008, p. 146.

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Ainda outras esferas podem ser afetadas em um momento de desequilíbrio

na vida de uma pessoa. Fisicamente uma pessoa pode desenvolver úlceras, ter

dificuldades para dormir, desenvolver complicações cardíacas;

psicologicamente pode mudar seu modo de se comportar e se relacionar com

as pessoas, tornar-se agressiva, ter depressão; e espiritualmente pode mudar

sua relação com a Igreja (podendo inclusive diminuir sua frequência ou mesmo

abandonar a congregação), romper com convicções e valores ou mesmo

buscar novas filosofias de vida e outros ofertas religiosas.7

A crise é um momento de incerteza e de caos existencial, contudo, é correto

afirmar que ela pode ser benéfica e ajudar do processo de crescimento e

amadurecimento quando superada. Mas por razões óbvias, ela só poderá

afirmar isso na retrospectiva, depois que o pior (ou o total) da crise tiver

passado.

7 Hoch, 2008, p. 148.

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2 AS FORMAS DE SUPERAÇÃO,

INTERVENÇÃO E AJUDA.

É importante reconhecer que o tempo de crise pode ser um momento

estratégico na vida de uma pessoa. Pode ser uma oportunidade única de

crescimento e aprendizagem, que podem depender do tipo de intervenção à

crise que será tomada.

É bem verdade que algumas pessoas têm em si uma capacidade diferente

de superar as dificuldades da vida, de se recompor após uma crise e continuar

projetando seu futuro a despeito das dificuldades que tenha enfrentado.

“Essa capacidade de proteção, permite a „uma pessoa, um

grupo ou uma comunidade impedir, diminuir ou superar os efeitos

nocivos da adversidade‟.8 Implica tentar transformar intempéries,

momentos traumáticos e situações difíceis e inevitáveis em novas

perspectivas.” 9

A resiliência é essa capacidade de superação, de vencer as provas da vida.

A resiliência pode se desenvolver a partir das condições e situações externas.

“A resiliência é a capacidade que todo ser humano tem, em

maior ou menor medida. É um recurso que é, em parte, inato, mas

também se adquire ao longo do tempo, pois a resiliência, como diz

Cyrunlik10

(1999), „se tece‟ durante todo o ciclo da vital.”11

Pessoas e instituições que se preocupam em motivar e trabalhar a

capacidade de superação podem promover a resiliência.

8 THEIS, Amandine. In: MANCIAUX, 2003, p.50.

9 ROCCA, Susana. Resiliência: uma perspectiva de esperança na superação das adversidades. In: HOCH,

L.C., ROCCA, S.(Orgs.). Sofrimento, Resiliência e Fé. Implicações para as relações de cuidado. São Leopoldo : EST/Sinodal, 2007, p.10. 10

CYRUNLIK, Boris é neuropsiquiatria, psicanalista, etólogo, diretor de docência na Universidade de Toulon, França. 11

Rocca, 2007, p. 12.

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Esses fatores externos podem contribuir para a superação das dificuldades,

contudo, não são garantias absolutas de sucesso em todos os tempos.

“A resiliência não é uma realidade alcançada para sempre, não

é absoluta, mas dinâmica. Por isso, não se deveria dizer que uma

pessoa é resiliente, ou não é resiliente, já que cada um tem momentos

e circunstâncias da vida que se consegue lidar melhor com as

dificuldades”12

Existem alguns ambientes que podem promover a resiliência. Um dos

principais é o papel do tutor de resiliência ou a rede de proteção (grupo de

pessoas ou instituição) na acolhida e na escuta. Pesquisas apontaram que

após sofrer uma crise, as pessoas que se abriram, mas não se sentiram

ouvidas, reviveram a sensação do trauma, o contrário aconteceu com os que

se sentiram receptivos ao compartilhar seu trauma, sentiram-se fortalecidas e

motivadas para encarar a situação e superá-la.13 A falta de apoio nessa área

pode-se dar através da dificuldade do indivíduo em querer se abrir e contar seu

problema ou também dá-se por simplesmente não ter uma rede de proteção

com quem possa contar.

Outro fator é a aptidão pessoal desse indivíduo. A resiliência pode estar

estreitamente ligada a boa autoestima e a capacidade da pessoa ser sociável

(o que contribuiria para a formação de contatos para a rede de proteção desse

indivíduo).

“Essa capacidade de aceitar e até rir do que é imperfeito

demonstra a faculdade psíquica de tomar distância do assunto,

permitindo lidar melhor com a dificuldade, pois, olhando desse outro

ângulo, é possível enxergar diferente e com menos sentimento a

realidade que faz doer. Para isso, é importante o clima afetivo e de

confiança que há no encontro. Essa capacidade de criatividade na

leitura e na verbalização dos fatos com bom humor também se vê

favorecida pelas atividades artísticas e lúdicas, sendo dança, a música,

a poesia, o espírito celebrativo, assim como o jogo de palavras, ou

12

Rocca, 2007, p. 12. 13

Rocca, 2007, p. 18.

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outro tipo de jogos, instâncias propícias para a promoção da

resiliência.”14

Neste aspecto, Roseli Kühnrich apresenta os benefícios da arte-terapia,

que segundo ela, juntamente com a fé, o humor e a criatividade, soma-se a

estes recursos já mencionados, como as redes de proteção.15

“Ao usar o hemisfério cerebral direito, que é intuitivo, ligado à

emoção e produção artística, e não apenas o hemisfério esquerdo,

ligado aos aspectos racionais e analíticos, a pessoa vai tomando

consciência de si mesma, passando a se ver de maneira nova, mais

“congruente” (...)”16

Ainda segundo Roseli, a arte-terapia não só humaniza o tratamento

psiquiátrico como também devolve o valor ao paciente, com base no afeto e

atenção entre cuidador e paciente que a arte-terapia oferece.

Considera-se um âmbito favorável à resiliência a espiritualidade, a

filosofia de vida e a fé religiosa. “A religião e a espiritualidade podem ser

recursos terapêuticos poderosos para a recuperação, cura e resiliência.”17

Contudo, há um alerta para a importância do conhecimento da psicologia no

aconselhamento:

“Quem intervém em uma crise deve conhecer sua capacidade

para lidar com o estresse, para estabelecer limites e para acompanhar

sem fazer sermões, moralizar, julgar ou pressionar. Também deve ter

uma noção clara de quando um caso ultrapassa sua capacidade de

lidar com ele a fim de encaminhá-lo a um profissional ou a um

especialista.”18

14

Rocca, 2007, p. 20. 15 KÜHNRICH DE OLIVEIRA, Roseli M. Implicações para as relações de cuidado. In: HOCH,L.C., ROCCA,S.

(Orgs.). Sofrimento, Resiliência e Fé. Implicações para as relações de cuidado. São Leopoldo :

EST/Sinodal, 2007. 16

Roseli Kühnrich, 2007. 17

WALSH, Froma. Fortalecendo a Resiliência Familiar. São Paulo: Roca, 2005, p.7. 18

Maldonado, 2008, p. 156.

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Há casos em que o conselheiro deve buscar ajuda especializada como:

casos de propensão a suicídio, alcoolismo, depressão, violência familiar ou

sexual e drogas. Nestes casos e em outros que a crise não for resolvida

adequadamente, sugere-se a intervenção de uma ajuda especializada ou de

terapia formal.

Neste aspecto, existe uma face importante do trabalho pastoral, o

aconselhamento informal como intervenção e prevenção às crises. A posição e

o papel do pastor o coloca em um posto privilegiado para o aconselhamento.

Geralmente os pastores acompanham todas as épocas marcantes da vida de

um indivíduo: nascimento, casamento, morte e etc. O pastor tem como

ferramenta o aconselhamento informal, o que lhe permite alcançar pessoas que

jamais procurariam um tratamento formal para as suas crises. Frequentemente

o aconselhamento pastoral acontece em lugares informais, como numa fila, na

escada, no mercado, num carro, numa caminhada... a qualquer momento o

pastor pode ter uma conversa sobre a saúde espiritual de alguém. Uma

pergunta sobre a nossa saúde espiritual, partindo de um pastor, é tão

apropriada quanto uma pergunta sobre a nossa saúde física, feita pelo médico

da família.19

O aconselhamento pastoral leva apoio emocional e inspiração à pessoa

em crise. O conselheiro pastoral confronta, mas também conforta! Ele desafia,

mas também se importa.20 É preciso erguer um clamor para que a igreja

recupere sua herança de cura e dê atenção para a criação de trabalhos com

métodos do movimento holístico.21 Os líderes religiosos, como pastores e

padres, não precisam (e não devem) exercer essa tarefa sozinhos. A igreja

pode atentar-se para treinamento de visitação e aconselhamento, afim de

capacitar membros leigos ao cuidado e ao aconselhamento.

A poimênica tem por função na crise, ajudar a pessoa atingida pelo

infortúnio da vida, a ver dentro de si e da sua espiritualidade aquilo que

19 CLINEBELL, Howard. Aconselhamento Pastoral. 4ª Ed. São Leopoldo: EST/Sinodal, 2007, p. 188. 20

Clinebell, 2007, p.194. 21

Clinebell, 2007, p.205.

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permaneceu intacto em seu ser, trazer a memória o que pode lhe dá

esperança.22 Isso é como “juntar os cacos”, ou seja, fazer com que a pessoa se

reorganize dentro da sua nova realidade.

“(...) Como pessoas que ajudam nossos semelhantes em crise,

devemos usar diligentemente as ferramentas e habilidades de

intervenção. Como cristãos que conhecem o poder de Deus, podemos

aguardar com expectativa as maravilhas que somente Deus pode

fazer.”23

22

Lamentações 3.21 23

Maldonado, 2008, p. 180.

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3 “PSICOLOGIZANDO” A IGREJA.

O aconselhamento é uma prática da Igreja desde os tempos apostólicos e

parte natural da vida espiritual do corpo. A própria Bíblia dá testemunho dessa

prática na Igreja primitiva quando diz: “Admoestem uns aos outros”24, “exortai-

vos mutuamente”25, “consolai-vos uns aos outros com estas palavras”26,

“confessai, pois, os vossos pecados uns aos outros, e orai uns pelos outros,

para serdes curados”27, entre diversas outras recomendações ao longo do

Novo Testamento.

Esses preceitos se aplicam ao povo da Igreja, não somente a estirpe

sacerdotal. O aconselhamento – e particularmente o aconselhamento que

habilidosamente emprega a Palavra de Deus – é um dever necessário na vida

cristã e da comunhão.28

No entanto, aconselhamento, no seu amplo sentido, não é o mesmo que

aconselhamento bíblico. O que se aplica a um não se aplica necessariamente

ao outro.29 Em tempos recentes, a psicologia tem ganhado espaço dentro da

igreja e conforme ganha espaço também coleciona afetos e desafetos. É

possível dar conselhos sem que estes sejam fundamentos Bíblia. As técnicas e

sabedoria adquirida a partir de terapias seculares (como a psicologia) podem

ser aplicadas em benefício e crescimento da poimênica, o que não pode

acontecer é a psicologia substituir a Escritura, isso tem causado alguns riscos

para a vida do Corpo da Igreja.

“Esse movimento em si, não está conduzindo a Igreja a uma

direção bíblica. (...) Na verdade, tem deixado muitos com o

24

Romanos 15.14 25

Hebreus 3.13 26

1 Tessalonicenses 4.18 27

Tiago 5.16 28

MAC ARTHUR JR., John F.; MACK, Wayne A. Introdução ao Aconselhamento Bíblico: Um guia básico de princípios e práticas de aconselhamento. São Paulo: Hagnos, 2004, pág. 21. 29 WELCH, Edward. What is Biblical Counseling, anyway. Publicado em The Journal of Biblical

Counseling. v. 16, n.1, Fall 1997, pág. 2. Edward Welch é deão acadêmico da Christian Counseling and Educational Foundation em Glenside, Pennsylvania.

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entendimento de que a Palavra de Deus é incompleta, insuficiente,

obsoleta e incapaz de oferecer ajuda aos mais profundos problemas

emocionais e espirituais das pessoas.”30

Se as pressuposições que norteiam a substituição da Bíblia pela

psicologia fosses sadias, poderia se esperar que os cristãos de hoje seriam a

geração mais bem ajustada e mentalmente equilibrada que já viveu sobre a

face da terra. Afinal, eles desfrutam várias gerações de perícia psicológica,

aplicada por filósofos que alegam ser capazes de amalgamar esse

conhecimento com a igreja, sem utilizar das Escrituras e torna-los “Cristão”.

Note, no entanto, que essa não é uma prática rara. Você consegue dar

bases bíblicas para os seus conselhos? Se não, provavelmente eles estão

fundamentados no conhecimento secular ou experiências pessoais adquiridas

ao longo da vida. As Escrituras dão um conselho sobre esta postura no livro de

Provérbios (atribuída sua autoria ao Rei Salomão, a própria Bíblia dá

testemunho de que trata-se do homem mais inteligente que habitou a terra):

“Confia no Senhor de todo o teu coração, e não te estribes no teu próprio entendimento.” Provérbios 3:5

Paul Tripp, membro do corpo docente da Christian Counseling and

Educational Foundation e professor de Aconselhamento no Westminster

Theological Seminary, Glenside, PA, fala sobre a diferença desses dois tipos

de aconselhamento, o que se utiliza somente da psicologia e do

aconselhamento dito bíblico:

“O fato é que você não pode ter um relacionamento sem ser

uma pessoa que influencia e é influenciado. Você dá e recebe

conselhos todos os dias. Não é uma tarefa limitada aos profissionais

pagos – ela está entretecida nos relacionamentos humanos. O

30

MacArthur, 2004, p.22.

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problema é que com frequência não reconhecemos o poderoso

impacto desses encontros cotidianos.”31

Para Tripp, o livro de Provérbios capta bem essa dinâmica. Segundo ele,

Provérbios é como um fórum de discussões onde se encontram dois tipos de

conselhos: o conselho do sábio e o conselho do tolo. Esses conselhos

influenciam os pensamentos, os desejos, as escolhas e as ações; e podem vir

das palavras de um amigo, de um programa de televisão ou mesmo através do

sermão de domingo. Pessoas aconselham e isso é inevitável!

“Deveríamos estar preocupados com as muitas horas de

aconselhamento formal não fundamento na Palavra de Deus. (...) A

questão não é quem está aconselhando. Todos nós estamos. A

questão central é se esse aconselhamento está enraizado na revelação

do Criador.”

3.2 O QUE HÁ DE ERRADO COM A PSICOLOGIA?

A Palavra Psicologia literalmente significa “o estudo da alma”. Para

alguns, a disciplina secular da psicologia se baseia em pressupostos ateístas e

fundamentos evolucionistas e está apta a lidar com a humanidade em um nível

superficial e temporal. Segundo Mac Arthur para estudar a alma se estuda as

Escrituras.32 A posição de Mac Arthur não leva em consideração que a

psicologia pode contribuir com meios poderosos para lidarmos,

compreendermos e entendermos os dilemas humanos, pois, uma vez que se

entende a crise e os dilemas que um indivíduo passa, mais eficaz e certeiro

será o aconselhamento bíblico. Talvez a veemente afirmação de Mac Arthur

seja uma defesa não contra as ferramentas da psicologia, mas sim contra a

psicologia moderna de Sigmund Freud, um humanista que divisou a psicologia

como substituta para a religião.

31

TRIPP, Paul David. Instrumentos nas Mãos do Redentor: Pessoas que precisam ser transformadas ajudando pessoas que precisam de transformação. São Paulo: NUTRA Publicações, 2009. Pág. 77. 32

MacArthur, 2004, p. 26.

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“Antes de Freud, o estudo da alma era tido como disciplina

espiritual. Em outros palavras, estava inerentemente ligado à religião. A

principal contribuição de Freud foi definir a alma humana e o estudo do

comportamento humano em termos absolutamente seculares. Ele

separou completamente a antropologia (o estudo dos seres humanos)

da esfera espiritual e por conseguinte abriu espaço para teorias

ateístas, humanistas e racionalistas acerca do comportamento

humano.”33

A resistência dos cristãos à psicologia também deve-se ao fato de que

pregar a Palavra está fora de moda, e cada vez mais as igrejas tem

incorporado em suas pregações a psicologia popular. A consequência disso é

que os conceitos do Evangelho estão se redefinindo. O pecado habitual recebe

o nome de vício ou de comportamento compulsivo e muitos pressupõe que a

solução está no cuidado médico.34 Quanto mais a Igreja se afasta dos

conceitos Bíblicos vitais, tanto mais o povo se afasta de uma perspectiva

bíblica com relação a problemas e soluções.

Deus mesmo não estima os conselheiros que reivindicam representa-Lo,

mas que, na realidade, tem como suficiente a sabedoria humana. Veja o texto

de Jó 12.17-20:

“Aos conselheiros leva despojados, e aos juízes faz desvairar.

Solta a autoridade dos reis, e ata o cinto aos seus lombos. Aos

sacerdotes leva despojados, aos poderosos transtorna. Aos

acreditados tira a fala, e tira o entendimento aos anciãos.”

A sabedoria de Deus é tão vastamente superior à dos homens que os

maiores conselheiros humanos tornam-se ridículos ante a ela. Os versos 24 e

25 acrescentam mais:

“Tira o entendimento aos chefes dos povos da terra, e os faz

vaguear pelos desertos, sem caminho. Nas trevas andam às

apalpadelas, sem terem luz, e os faz desatinar como ébrios.”

33

MacArthur, 2004, p. 26. 34

MOWER. O. Hobart, The Crisis in Psychiatry and Religion. Nova York: Van Nostrand, 1961.

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Se houve alguém que teve de aguentar a insensatez de conselheiros

humanos bem-intencionados, essa pessoa foi Jó. Os conselhos irrelevantes e

inúteis, ouvidos por Jó, foram tão pesarosos quanto as aflições satânicas pelas

quais ele passou, pois estavam exclusivamente baseadas no conhecimento

humano.35

Bem sabe-se que a geração do século XXI corre a passos largos em

direção a uma vida de autossuficiência, onde não há espaço para Deus e Sua

Palavra. É possível dizer que é preocupante ver que a igreja de Cristo, que

deveria manter os olhos do mundo em direção a Deus, de maneira sutil, mas

certamente devastadora, coopera para que a Palavra perca a sua importância

e o mundo continue escravo do seu hedonismo sem encontrar a verdade que

liberta.

Veja que a psicologia sem estar baseada na Bíblia pode ajudar a

dominar a dor, mas não curá-la. A Bíblia não precisa da psicologia para ir a

fundo nos conselhos para a alma, mas os conselheiros podem sim, encontrar

na psicologia métodos riquíssimos para aprimorar seus conhecimentos. Esta

obra não é contra a psicologia, mas sim a favor de uma psicologia cristã usada

de modo correto.

3.3 ACONSELHAMENTO BÍBLICO.

Em contraste a tendência do “aconselhamento cristão” alienado a Bíblia,

surge um movimento que vem ganhando força. Um grupo que se articula e que

conclama a Igreja de volta às Escrituras como recurso suficiente para a solução

dos problemas da alma. O principal objetivo do movimento visa o retorno do

aconselhamento bíblico na igreja.

“Eles estão percebendo aquilo que, na verdade, sempre

creram: que as Escrituras são superiores à sabedoria humana (cf.

35

MacArthur, 2004, p. 39.

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1Coríntios 3.19); que a Palavra de Deus é um árbitro mais eficaz do

coração do que qualquer meio terreno (cf. Hebreus 4.12); que o

Espírito de Deus é o único agente eficaz de recuperação e

regeneração (cf. Efésios 5.18-19); e que todos os tesouros da

sabedoria e do conhecimento encontram-se no próprio Cristo (cf.

Colossenses 2.3).”36

O aconselhamento bíblico não tem nenhum sentido se não for centrado

em Deus e saturado de Bíblia. John Piper conta que não muito depois da morte

de Jaime Boice, R.C. Sproul contou-lhe que numa das últimas conversas que

teve com Jaime Boice, o Dr. Boice disse-lhe: “Estamos rodeados de pastores

que dizem que as pessoas não precisam de ensinamento nem conhecimento,

mas precisam ser abraçadas, precisam ser ouvidas em silêncio, precisam ouvir

histórias e compartilhar experiências.”37 James Boice está absolutamente

correto acerca do menosprezo da ênfase no ensino. As pessoas precisam

desesperadamente de ensino acerca da natureza de Deus, mas seria arcaico

dizer que elas não precisam de um abraço, serem ouvidas em silêncio, ouvirem

histórias (o próprio Jesus as contava em forma de parábolas). É um equívoco

preocupante achar que o secular não tem nada a contribuir para aqueles que

servem em nome de Cristo.

Ryle, em um de seus pensamentos expositivos acerca do livro de João,

esclarece que o objetivo do aconselhamento, deve ser tirar o foco do indivíduo

dele mesmo e leva-lo a Deus. Pode parecer bobagem para qualquer um tirar o

foco do aconselhado de si mesmo (já que é ele que está com o problema a ser

resolvido) e lavá-lo para o confronto ou o conforto com Cristo.

“O caminho para a autocrucificação e santificação pode parecer

tolice e perda para o mundo, assim como soterrar boas sementes de

milho parece desperdício para a criança e para o tolo. Mas jamais

36

MacArthur, 2004, p. 22. 37

PIPER, John Stephen. God’s Glory is the goal of Biblical Counseling. Publicado em The Journal of Biblical Counseling, v.20, n. 2, Winter 2002. John Stephen Piper é um dos mais influentes pregadores batistas calvinistas e autores do século XXI, que serviu como pastor sênior na Igreja Batista Bethlehem em Minneapolis, Minnesota por 33 anos.

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houve alguém que não descobriu que, ao semear para o espírito,

colheu a vida eterna.” 38

Talvez seja possível dizer que o argumento dos teólogos do

aconselhamento bíblico esteja infundado, uma vez que a psicologia cristã não

elimina Deus do cálculo. Por outra lado é possível entender a preocupação do

movimento, quase que massorético, para manter a igreja baseada nos

fundamentos bíblicos.

38

RYLE, John Charles. Expository Thoughts on the Gospels: John. Greenwood, S.C.: Attic Press, 1965. Ryle foi o primeiro bispo da igreja de Liverpool na Inglaterra.

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CONCLUSÃO

Como conselheiros espirituais, precisamos estar sempre prontos para

dar uma palavra de conforto, alento à fé, direção aos perdidos e oração para os

que precisam de graça e auxílio do Eterno.

Os métodos terapêuticos e pastorais podem ajudar na tarefa de

resiliência e superação; são ferramentas a disposição dos que prestam estes

cuidados, dos que aconselham.

É correto dizer que não há problemas em o “cristianismo saquear o

Egito”, do cristianismo tomar para si aquilo que o secular tem de valioso para

oferecer ao serviço cristão. Mas sempre é conveniente que se tenham

movimentos conservadores que não permitem que a igreja se “psicologize” de

vez, no sentido de perder aquilo que temos de mais poderoso, que são as

palavras do Deus de amor e as verdades do Cristo que liberta.

Superar uma crise pode se tornar uma experiência pessoal e espiritual

propícias para transcender a fé e o ser, basta que a pessoa seja bem

direcionada e que se use os recursos disponíveis com diligência.

Ao final do último capítulo de Mateus, Jesus promete aos seus que

estaria com eles, até o final dos tempos, devemos nos lembrar do Cristo que

restaura vidas e opera milagres, do Deus e do Santo Espírito Consoladores e,

termos a certeza de que não se está sozinho na tarefa de confortar quem quer

que seja em tempos difíceis, no dia sem cor.

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REFERÊNCIAS BIBLÍOGRAFICAS

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MAC ARTHUR JR., John F.; MACK, Wayne A. Introdução ao Aconselhamento Bíblico: Um guia básico de princípios e práticas de aconselhamento. São Paulo: Hagnos, 2004.

MALDONADO, Jorge E. Intervenção em crises. In: SANTOS, Hugo N. (Org.). Dimensões do Cuidado e do Aconselhamento Pastoral. CETELA/ASTE : São Leopoldo/São Paulo, 2008.

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