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Participación, representación y actores sociales Nuevas...

Date post: 19-Aug-2021
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Sociedade Civil e participação cidadã em São Paulo Sociedad Civil y participación ciudadana en São Paulo Marcelo Burgos Pimentel dos Santos (UFPB) e-mail: [email protected] Cláudio Luis Camargo Penteado (UFABC) e-mail: [email protected] Rafael de Paula Aguiar Araújo (PUC-SP/FESPSP) e-mail: [email protected] Participación, representación y actores sociales Nuevas formas de participación política Acción colectiva y participación ciudadana en América Latina Trabajo preparado para su presentación en el VII Congreso Latinoamericano de Ciencia Política, organizado por la Asociación Latinoamericana de Ciencia Política (ALACIP). Bogotá, 25 al 27 de septiembre de 2013."
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Sociedade Civil e participação cidadã em São Paulo

Sociedad Civil y participación ciudadana en São Paulo

Marcelo Burgos Pimentel dos Santos (UFPB) e-mail: [email protected]

Cláudio Luis Camargo Penteado (UFABC)

e-mail: [email protected]

Rafael de Paula Aguiar Araújo (PUC-SP/FESPSP) e-mail: [email protected]

Participación, representación y actores sociales

Nuevas formas de participación política

Acción colectiva y participación ciudadana en América

Latina

Trabajo preparado para su presentación en el VII Congreso Latinoamericano de Ciencia Política, organizado por la Asociación Latinoamericana de Ciencia Política

(ALACIP). Bogotá, 25 al 27 de septiembre de 2013."

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Resúmen: La transformación de las sociedades contemporáneas, en aquello que se denomina Sociedad en Redes, ha producido nuevas formas de actuación y de representación política en diversos países beneficiados por las Tecnologías de Información y Comunicación (TICs). Estas se destacan en la sociedad actual por contribuir significativamente en diversos cambios ya sea en las relaciones sociales, sistemas políticos y representación política, creando una agenda de acciones políticas, que pueden colaborar en el desarrollo de los procesos democráticos, abriendo una nueva perspectiva en la relación entre Estado y Sociedad Civil. Este trabajo analiza los nuevos usos que la sociedad civil hace de las TICs participando activamente de la vida pública, ampliando el alcance y la capacidad de movilización y articulación de los ciudadanos, posibilitando mayor participación de los actores sociales en los procesos políticos. Es el caso de la Rede Nossa São Paulo (RNSP), movimiento de la sociedad civil que reúne cerca de 700 instituciones con el objetivo común de ampliar y fortalecer la participación democrática y el empoderamiento ciudadano en la ciudad más grande de Brasil, actuando bajo el objetivo de desarrollar diversas acciones políticas en la promoción y práctica de la ciudadanía. Esta organización procura garantizar una fuerza política capaz de actuar en la agenda de la administración de la ciudad, mejorando la vida de sus habitantes. La iniciativa actúa sobre la propuesta de una agenda de discusiones sobre la ciudad, además de pensar en su propia planeación, así como el establecimiento de metas que serán, posteriormente, exigidas a la Cámara Municipal (Legislativo) y así mismo a la Alcaldía (Poder Ejecutivo). Esta investigación presenta los primeros resultados de un trabajo que analizó 13 organizaciones virtuales que actúan especialmente dentro del ciberespacio en diferentes esferas (movilidad urbana, participación política virtual, medio ambiente, educación, etc) y como se organizan para la acción y participación política.

Resumo: As transformações da sociedades contemporâneas, naquilo que se denomina Sociedade em Redes, tem produzidos novas formas de atuação e da representação políticas em diversos países auxiliados pelas Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs). Estas se destacam na sociedade atual por contribuírem significativamente em diversas mudanças seja nas relações sociais, sistemas políticos, representação política, criando uma agenda de ações políticas, que podem auxiliar no desenvolvimento dos processos democráticos, abrindo uma nova perspectiva na relação entre Estado e Sociedade Civil. Este trabalho analisa os novos usos que a sociedade civil faz das TICs participando ativamente da vida pública, ampliando o alcance e a capacidade de mobilização e articulação dos cidadãos, possibilitando maior participação dos atores sociais nos processos políticos. É o caso da Rede Nossa São Paulo (RNSP), movimento da sociedade civil que reúne cerca de 700 instituições com o objetivo comum de ampliar e fortalecer a participação democrática e o empoderamento cidadão na maior cidade do Brasil, atuando com objetivo de desenvolver diversas ações políticas na promoção e prática da cidadania. Esta organização procura garantir uma força política capaz de atuar na agenda de administração da cidade, melhorando a vida de seus habitantes. A iniciativa atua na proposição da agenda de discussões sobre a cidade além de pensar o seu próprio planejamento, assim como o estabelecimento de metas que serão, posteriormente, cobradas tanto da Câmara Municipal (Legislativo) como também da Prefeitura (Poder Executivo). Essa pesquisa apresenta os primeiros resultados de um trabalho que analisou 13 organizações virtuais que atuam especialmente dentro do ciberespaço em diferentes áreas de atuação (mobilidade urbana, participação política virtual, meio ambiente, educação, etc) e como se organizam para a ação e participação política.

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1) Introdução – Tics e Participação Política

Os atuais processos de tecnicização, informatização e globalização da

sociedade provocam profundas alterações em diversas áreas da organização social, no

modo de produção econômico e na dinâmica política. Todas essas mudanças apontam

para uma valorização do conhecimento e da informação como fontes de poder. Nesse

sentido, as Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) têm se destacado na

sociedade contemporânea por contribuírem de modo significativo para mudanças nas

relações sociais, nos sistemas políticos ou mesmo na produção de novos valores,

sejam estes econômicos, culturais, sociais ou políticos. Trata-se não apenas de uma

transformação das políticas institucionais, mas também da ocupação de outras arenas

públicas.

Esse movimento começa a se desenvolver a partir de fins da década de 90, as

TICs abrindo novas possibilidades para que a sociedade civil possa participar

ativamente da vida pública, ampliando a capacidade de mobilização e a articulação

dos cidadãos, e possibilitando uma maior participação de atores sociais. Exemplos

dessas possibilidades foram as ações e protestos anti-globalização que se espalharam

pelo mundo a partir de Seattle (EUA) e Gênova (Itália). A arquitetura em rede da

Internet, somada às ferramentas de interação, possibilitou novas formas de

organizações sociais e uma criativa agenda de ações políticas, que podem significar

um avanço no desenvolvimento dos processos democráticos. Essas tecnologias

possibilitam novos mecanismos de comunicação com o Estado e viabilizam diferentes

articulações da sociedade civil. As TICs, nesse sentido, têm sido usadas tanto por

órgãos e instituições estatais como por indivíduos e grupos sociais organizados.

Nessa perspectiva, tanto o Estado como a sociedade civil se articulam com o

uso dessas ferramentas para fazer valer seus pontos de vista e articulações políticas.

Quando as ações partem do Estado para a sociedade civil ficam conhecidas como

modelos top-down, ou seja, de cima para baixo. Quando, ao contrário, partem da

sociedade civil para o Estado, o modelo é denominado de botton-up, de baixo para

cima. Ambos são muito utilizados para pensar o fazer político e a participação

democrática. Atualmente, na literatura da Ciência Política, têm sido encarados como

modelos de discussão e implementação das políticas públicas. Assim, quanto maior o

diálogo ou contatos porosos entre Estado e sociedade civil mais se definem como

democráticas as políticas realizadas.

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O próprio Estado ao perceber as possibilidades de uso dessas ferramentas

como instrumento político tem procurado criar e ampliar espaços para a participação.

No Brasil, um exemplo disso é a criação do projeto E-Democracia pela Câmara dos

Deputados, pelo qual qualquer cidadão encontra espaço para sugestão, debates e

encaminhamento de propostas que podem ser discutidas no Congresso Nacional,

ampliado a possibilidade do exercício democrático.

Podem ser observadas nos últimos anos diversas mudanças nas relações entre

Estado e sociedade civil. Novos arranjos societais implicam em um novo modus

operandi a partir de algumas características da sociedade civil contemporânea como

sua fragmentação, complexidade e pluralidade (em diversas áreas, tais como

ambientalismo; direitos humanos; saúde; educação; cultura etc.). Por outro lado, o

Estado também passa por mudanças significativas em sua organização e

funcionamento, principalmente após anos de governos neoliberais no Ocidente. O

enfraquecimento do Estado também auxilia no crescimento e desenvolvimento da

organização da sociedade civil. Assim, esses novos arranjos institucionais e sociais

aumentam significativamente os espaços de participação cidadã.

Pode-se afirmar que a democracia representativa tem passado por dificuldades

de legitimação e funcionamento que acabam produzindo e gerando um incremento da

democracia participativa, que amplia as possibilidades de participação cidadã. Como

consequência, a política, para os cidadãos, aos poucos, deixa de ser uma prerrogativa

do Estado e passa a incorporar novos atores e práticas, que geram novas formas de

intervenção no processo político. Em outras palavras, há um processo de

redistribuição e reorganização dos poderes políticos. Ademais, o fortalecimento

desses movimentos de cidadania passam a legitimar o próprio fazer democrático.

Jorge Alberto Machado (2007) lembra que a institucionalização dos

movimentos sociais é algo presente no mundo todo. De acordo com o autor:

Com sua “institucionalização” como ator social necessário para o aperfeiçoamento da democracia, vimos que os movimentos sociais passaram a ser provavelmente, os mais dinâmicos catalizadores das tensões e conflitos sociais. Portanto, na travessia dos anos noventa e no início do século XXI, os movimentos sociais adquiriram um papel-chave como ator político em um Estado democrático, pela importância reconhecida como portador legítimo e representante dinâmico de reivindicações de diferentes setores da sociedade civil (Machado: 2007, 259).

No Brasil, a Constituição Federal de 1988 (CF88) incentivou a organização da

sociedade civil para lutar e reivindicar direitos e participação política nas decisões do

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Estado, depois de mais de 20 anos de ditadura militar, quando a participação popular

e da sociedade civil foram sufocadas. Inclusive a Carta Magna defendia a soberania

popular a partir do:

sufrágio universal e pelo voto direto e secreto mediante os instrumentos do plebiscito, do referendo e da iniciativa popular. No caso da iniciativa popular legislativa, trata-se de um mecanismo de participação direta da população no exercício do poder de elaboração de uma lei que será submetida à aprovação no Congresso Nacional (Fleury: 2013, 252-3).

Assim, a partir da CF88, começam a ser estimuladas a participação popular da

sociedade civil. Diversos Conselhos passam a existir com a intenção de subsidiar

reuniões, encontros, debates e discussões sobre as políticas públicas que devem e

deveriam ser adotadas pelo Estado em todas as suas esferas: municipal, estadual e

federal. Exemplo muito conhecido e estudado dessa iniciativa é a experiência do

Orçamento Participativo (OP) em Porto Alegre (RS) no início dos anos 90.

Atualmente, algumas cidades brasileiras como Recife e Belo Horizonte, têm

radicalizado as experiências de OPs, ao adotarem o chamado Orçamento Participativo

Digital (OPD) feito com base na participação online.

Como consequência desse “apoio” constitucional, a partir da década de 90

começaram a surgir leis a partir da iniciativa popular, possibilidade também

contemplada na CF 88. Um exemplo mais recentemente da lei de iniciativa popular é

a “Lei da Ficha Limpa” (2010) 1.

Dessa maneira, sobretudo depois do advento da Web 2.0, os usos da Internet

pela sociedade civil têm possibilitado novas formas de participação política. Isso

deriva das facilidades com que as informações circulam e atuam na formação da

opinião pública e, mais importante ainda, pela possibilidade de se exercer pressão nos

gestores públicos para que as demandas da sociedade civil sejam contempladas no

campo político e, nos casos analisados aqui, nas definições e implementações de

políticas públicas.

Nesse contexto surgiu um novo termo para esta nova prática política:

democracia digital. José Eisenberg (2013) define democracia digital como “um

ímpeto por democratização da sociedade utilizando-se a internet” (Eisenberg: 2013,

1 Apesar do inegável avanço que esta lei propõe, ela ainda não pôde ser aplicada pois graças aos desenhos institucionais precisou ser regulamentada pelo Congresso Nacional e interpretada pelo STF (Supremo Tribunal Federal) em Brasília.

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254). Neste ponto de vista não seria uma nova forma de democracia, mas o uso de

ferramentas da Web para sua consolidação. Para este autor

a democracia digital pode ser compreendida de três perspectivas distintas: a universalização da participação política (democracia participativa), a redemocratização da representação (democracia representativa) e a democratização da informação (democracia deliberativa). (Eisenberg: 2013, 254).

Ainda de acordo com Eisenberg (2013) a internet vem auxiliando na

transformação da democracia participativa através (1) da redução do custo da ação

coletiva ao dispor informações e materiais de divulgação de ideias; (2) da redução do

custo de participação dos agentes individuais; (3) formação de novas identidades

coletivas através de espaços temáticos; (4) horizontalidade da comunicação2 e; (5)

possibilidade dos movimentos sociais avaliarem a repercussão das atividades

políticas.

Assim, mesmo que a democracia participativa não esteja plenamente

incorporada à sociedade, ela passa a ter presença cada vez mais importante dentro do

funcionamento da democracia representativa atual. As redes sociais são convertidas

em um novo espaço público que encoraja a participação dos mais variados atores

sociais nas suas lutas e reivindicações políticas.

A sociedade civil atual tem na participação cidadã uma importante ferramenta

de ação política. A participação cidadã aparece quando as pessoas assumem

protagonismos de um processo político (ou social e também cultural) através de ações

coletivas organizadas e expressas em arenas públicas. Existem várias dimensões de

participação que podem ser sublinhadas pela gestão nos processos de políticas

decisórias, seus aspectos educativos e o controle dos cidadãos sobre as políticas

públicas, também conhecido como accountability vertical (GOHN, 2010). Essa

participação tornaria o cidadão mais ativo, permitindo um maior engajamento político

e uma maior percepção da coletividade, fomentando e consolidando a democracia

(MEIJER et al, 2009).

A participação cidadã possibilita aos sujeitos dizer diretamente o que desejam.

Com isso os indivíduos e minorias, normalmente alheios aos processos políticos,

ganham voz. Esse processo, além de encorajar habilidades e virtudes cívicas,

potencializa a possibilidade de deliberação pública, o que pode gerar decisões 2 A horizontalidade da comunicação é uma das principais características das Internet e sua organização em rede. Sendo esta uma das propriedades que mais a distinguem da mídia tradicional.

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fundamentadas e racionalizadas. A racionalização do bem comum, segundo Michels

(2011) potencializa os resultados de processos democráticos.

Assim, a participação dos cidadãos pode ser considerada uma característica

importante da democracia contemporânea, contribuindo para uma maior eficiência e

eficácia na implementação das políticas públicas, sobretudo porque os interessados

também cooperam para a solução dos problemas (PAPADOULOS & WARIN, 2007).

A Internet oferta novos meios para os cidadãos participarem da vida política,

ao criar mecanismos para o desenvolvimento da participação online e disponibilizar

ferramentas que permitem aos indivíduos buscarem soluções coletivas para os

problemas da sociedade. As possibilidades abertas pelas TICs introduzem

transformações que modificam e diversificam as formas de participação civil,

estimulando a intervenção popular na formulação e no processo decisório das

políticas públicas, e também nos processos de implementação e avaliação das mesmas

(Penteado et al, 2012b).

O presente artigo analisa os usos políticos que uma associação da sociedade

civil brasileira (Rede Nossa São Paulo) faz das TICs na tentativa de organizar

reivindicações e demandas da sociedade, tentando pautar a prática política na cidade

de São Paulo. Mais ainda, atuando como organização que fomenta a participação

cidadã na prática política brasileira.

2) Rede Nossa São Paulo (RNSP)

Criada em maio de 2007 com o nome Movimento Nossa São Paulo, passou a

sua denominação atual em outubro de 2010. O projeto nasceu a partir da organização

da sociedade civil com a intenção de ser um movimento político que procura pautar

suas ações para “recuperar para a sociedade os valores de desenvolvimento

sustentável, da ética e da democracia participativa”3. A iniciativa procura garantir

uma força política para atuar na proposição da agenda de discussões sobre a cidade

além de pensar o próprio planejamento da mesma, assim como o estabelecimento de

metas que serão, posteriormente, cobradas tanto da Câmara Municipal como também

do Poder Executivo. Em sua carta de princípios, a RNSP se apresenta como

movimento da sociedade civil, pautado por três pilares democráticos: equidade,

participação e transparência. 3 Disponível em www.nossasaopaulo.org.br. Acesso em 07/08/13.

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A RNSP atua na zona metropolitana de São Paulo, principalmente na cidade

de São Paulo. Contudo, por meio de suas conexões (princípio de rede), também

desenvolve ações em outras localidades, atuando em parceria com outras redes ou

movimentos sociais, situados fora da região metropolitana e até mesmo do Estado ou

ligadas a redes cívicas internacionais. Essa desterritorialização é possibilitada pelas

TICs e contribui para o processo de circulação de ideias, tornando a ação política mais

porosa pela presença e participação de outros atores da sociedade civil.

A iniciativa da sociedade civil teve como principais articuladores o empresário

Oded Grajew, um dos criadores do Instituto Ethos e Fundação Abrinq. Os

empresários Ricardo Young e Guilherme Leal, ligados ao grupo Natura, também

lideraram a iniciativa. A idéia surge de movimentos semelhantes que ocorreram em

Bogotá (Colômbia) e Barcelona (Espanha). Estes pioneiros já tinham uma trajetória

de ações políticas. Oded Grajew foi assessor especial do presidente Lula e Guilherme

Leal foi candidato à vice-presidência da República nas últimas eleições brasileiras

(2010), na chapa encabeçada por Marina Silva (PV). Além destes, a RNSP conta com

apoio de diversas outras lideranças comunitárias, empresariais e apoios institucionais,

contando, no momento de finalização deste artigo, com 698 instituições, dentre

empresas, fundações, associações, ONGs, movimentos sociais e sindicatos.

(ARAÚJO et al, 2012)

De acordo com Fiabane (2011), o movimento Rede Nossa São Paulo procura

desenvolver suas ações em quatro perspectivas diferentes, a saber: a) programa de

indicadores e metas; b) acompanhamento cidadão; c) educação cidadã e; d)

mobilização cidadã. Percebe-se aqui, uma tentativa por parte do movimento de

colaborar com a administração da cidade e a governança, estreitando a relação entre

poder público e cidadãos em geral. Cabe ressaltar ainda que o Programa de

Indicadores e Metas se constitui em um banco de dados virtual com os indicadores

sociais da Prefeitura e sub-prefeituras elaborados através de dados oficiais e,

posteriormente, publicados e disponibilizados, podendo ser acessíveis via Internet

para qualquer cidadão.

A RNSP já articulou uma votação pela internet na qual os cidadãos deveriam

priorizar, a partir de uma lista, as suas preferências sobre assuntos relativos à cidade,

tais como: educação, saúde segurança, habitação, lazer, transporte e mobilidade,

cultura, meio ambiente, entre outros temas. As preferências da sociedade civil foram

elencadas e levadas ao Executivo e Legislativo como reivindicações que deveriam ser

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atendidas. Além disso, estabelece um plano de metas que deve ser cumprido a cada

ano. A RNSP conta também com apoio da mídia tradicional como, por exemplo, o

jornal Folha de S.Paulo que divulga as pesquisas realizadas pela Rede. Assim,

também é possível notar que a RNSP consegue, por vezes, pautar a agenda da mídia

tradicional4 (ARAÚJO et al, 2012).

Para compreender as estratégias de ação e organização interna, foi realizada

uma análise da dinâmica interna da RNSP, por meio de uma dupla abordagem:

primeiro, o estudo dos projetos desenvolvidos e do uso da internet e, segundo, a

avaliação dos bastidores da Rede. Essas duas abordagens permitem uma identificação

das estratégias de ação e uma leitura crítica do impacto dessas ações nos processos

políticos.

Nesse sentido, a RNSP opera por meio da formação de uma agenda social

construída coletivamente por seus membros e parceiros, articula a promove ações

sociais em prol de políticas públicas para a cidade, organiza protestos sociais,

desenvolve projetos e programas, em articulação com seus membros e parceiros, e

exerce pressão políticas sobre os representantes políticos (Penteado et al: 2012b).

2.1. Avaliação dos bastidores da RNSP

2.1.1 Organização interna

Com o intuito de conhecer as estratégias de articulação da Rede Nossa São

Paulo e compreender sua organização interna, Maurício Broinizi, coordenador da

secretaria executiva da Rede Nossa São Paulo, foi entrevistado 5 . A secretaria

executiva é formalizada na figura jurídica do Instituto São Paulo Sustentável (ISPS).

O instituto é composto por 16 profissionais que são responsáveis pela logística da

Rede; pelo abastecimento do Observatório Cidadão (portal eletrônico que divulga os

índices da cidade desenvolvidos pelos membros da RNSP); pelo oferecimento de

suporte aos grupos de trabalho temáticos e para a realização dos eventos; pela

manutenção dos fluxos de comunicação e pelo gerenciamento dos recursos.

4 Por exemplo, no dia 5 de fevereiro, a FSP publicou reportagem sobre a desigualdade paulistana com base em pesquisa feita pela RNSP. Além disso, uma semana antes, havia publicado artigo de Oded Grajew, sobre a mesma temática. Mais detalhes: <http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidiano/24153-estudo-escancara-desigualdade-paulistana.shtml>. Ver também: <http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/22778-cidade-desigual.shtml>.

5 A entrevista ocorreu no dia 8 de agosto de 2012, no escritório da secretaria executiva da Rede Nossa São Paulo.

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A secretaria, formada por um corpo profissional e operacional, recolhe e

articula dados para desenvolver indicadores, faz georeferenciamento e produz o mapa

da desigualdade, por exemplo. Para tanto, há um coordenador de área e uma pessoa

responsável pelo tratamento estatístico dos dados. A Rede também conta com dois

jornalistas que alimentam e fazem a manutenção do website e cuidam do fluxo de

informação da Rede como um todo. Através dos jornalistas a RNSP dá voz às pessoas

envolvidas com as ações propostas e os temas que estão sendo discutidos, além de

realizar a assessoria de imprensa. O contato com a mídia tradicional é um dos

elementos centrais para o sucesso das ações promovidas pela Rede.

2.1.2. Grupos de trabalho

A secretaria executiva operacionaliza 16 grupos de trabalho (GTs) divididos

por temas: assistência social; cultura; educação; meio ambiente; orçamento; trabalho e

renda; acompanhamento da Câmara Municipal; criança e adolescente; comunicação;

democracia participativa; esporte e lazer; indicadores; jurídico; juventude; mobilidade

urbana e saúde. O trabalho da secretaria executiva alimenta e articula o trabalho dos

GTs, que se valem dos indicadores para fazer o monitoramento do desenvolvimento

das políticas públicas em suas respectivas áreas. Os grupos de trabalho possuem

dinâmicas próprias, acordadas entre os membros. A participação é voluntária e aberta

a qualquer um. Os grupos frequentam as comissões de trabalho na Câmara Municipal

e participam de audiências públicas, além de reunirem-se presencialmente para a

elaboração de propostas e a articulação de ações pontuais. Os GTs também mantém

uma comunicação virtual e alguns possuem site próprio hospedado no portal da

RNSP.

Esses grupos também contam com a participação de outras organizações não-

governamentais, que oferecem sua estrutura para o desenvolvimento das ações.

Assim, o GT de educação, por exemplo, conta com a participação e colaboração do

Instituto Paulo Freire6, o Cenpec7 e a Ação Educativa8, outras organizações da

sociedade civil que são referências na área e somam forças à RNSP no

desenvolvimento de ações estratégicas e no monitoramento das políticas.

6 http://www.paulofreire.org/ 7 http://www.cenpec.org.br/ 8 http://www.acaoeducativa.org.br/

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O trabalho dos GTs materializa o espírito de atuação da RNSP. Sua idéia é que

haja um trabalho colaborativo entre os participantes, buscando sinergias entre

associações que têm objetivos comuns. Dessa forma é possível somar esforços e

acelerar os processos. Às vezes os grupos de trabalho se reúnem no próprio escritório

da RNSP, às vezes, quando os participantes são muito numerosos, é preciso buscar

um outro lugar para a reunião, em geral em ONGs participantes. Outras vezes não

acontecem encontros presenciais e os grupos articulam fóruns virtuais através de e-

mails. No caso específico do GT de orçamento, a composição é mais técnica e o

número de participantes é menor. O grupo de trabalho de acompanhamento da

Câmara Municipal, por sua vez, soma esforços com outras entidades, como o Instituto

Agora9, para que as atividades parlamentares sejam monitoradas e haja participação

nas comissões. Segundo Maurício Broinizi, há uma transversalidade muito grande na

RNSP, o que funciona como estratégia de fortalecimento dos vínculos e amplia a

responsabilidade dos participantes.

Ocorrem também reuniões periódicas entre os diversos grupos de trabalho,

além de reuniões com o colegiado do movimento, uma espécie de conselho formado

pelos primeiros membros que fundaram a RNSP. Esse colegiado reúne-se uma vez

por mês para pensar questões mais delicadas, tais como declarações oficiais que

levarão o nome da Rede. Foi o colegiado que decidiu por mudar o nome de

“movimento” para “rede”. Esse conselho ajuda os GTs a pensarem suas estratégias e

contribui para o desenvolvimento das ações, no entanto, não se trata de uma

organização vertical. Os GTs têm autonomia para estabelecerem uma agenda de ações

e o colegiado assume um caráter consultivo.

2.1.3. Mobilização política, influência e estratégias de ação

Segundo Mauricio Broinizi, a RNSP tem capacidade de exercer pressão

política junto ao governo, especialmente por sua capilaridade e capacidade de

mobilização. A RNSP possui credibilidade pelo significativo conjunto de instituições

que a apoiam e integram a Rede, além de haver um policiamento para que discursos

ideológicos não sejam feitos, preferindo trabalhar com dados e experiências

concretos, nesse sentido é que produz os indicadores que abastecem as ações e

intervenções pontuais junto aos órgãos públicos.

9 http://www.institutoagora.org.br/

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A “boa relação” com a Câmara Municipal é fruto dessa credibilidade e

também da articulação que a RNSP possui com os meios de comunicação

tradicionais. É frequente que seus representantes publiquem artigos, sejam

entrevistados ou mesmo que a Rede seja citada na Folha de S. Paulo, Estado de S.

Paulo, ou em rádios como a CBN (ligado às Organizações Globo). No entanto essa

boa relação não é homogênea. Alguns vereadores compreendem as propostas da rede,

outros não. Como exemplo do bom relacionamento da RNSP com a comissão de

transportes da Câmara, a Rede apresentou uma proposta de emenda de 15 milhões de

reais para um plano de mobilidade urbana que foi aprovada.

As propostas são apresentadas a partir de estudos técnicos realizados pela

secretaria executiva e por colaboradores, às vezes as propostas também são seguidas

de mobilizações organizadas pela Rede, o que amplia a pressão junto aos órgãos

públicos.

No caso específico do plano de mobilidade a RNSP construiu diretrizes a

partir de seis seminários organizados em conjunto com a comissão de transportes,

buscando inspirações em casos como o da cidade de Bogotá, que enviou representante

para contribuir com os debates. O plano de mobilidade era uma exigência prevista no

Plano Diretor de 2002 na cidade de São Paulo, mas que nunca foi realizado, então a

RNSP se articulou para fazê-lo, a Câmara o aprovou em 2010, mas nunca foi

implementado pela secretaria de transportes.

Recentemente a RNSP elaborou um plano municipal de educação com o

intuito de melhorar a qualidade da educação na cidade de São Paulo, mas ainda não

foi enviado para a Câmara Municipal. Segundo Maurício Broinizi existe uma

resistência do Estado aos projetos que vem da Rede e da sociedade civil como um

todo. Muitos dos parlamentares e funcionários do governo sentem-se confrontados,

entendendo que a RNSP está fazendo o seu trabalho. Trata-se de uma visão muito

limitada de democracia, muito afeita à democracia representativa liberal e distante dos

mecanismos da democracia participativa. A prova está no fato de que muitos dos

Conselhos Municipais, previstos na CF 88, jamais terem sido criados, ou, quando

existem, possuírem um funcionamento precário, muitas vezes boicotados pelos

representantes do governo. Falta uma cultura de participação na população, mas

também nos partidos políticos. Isso é sentido pela RNSP e serve de pano de fundo

para o estabelecimento das estratégias de ação.

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Com essa percepção, a RNSP tenta lidar com essa resistência mantendo

relações cordiais com o maior número possível de representantes do Estado, mas

também entende a necessidade de exercer pressão para que as propostas sejam

recebidas. Assim, convoca personalidades com prestígio em diferentes meios para

participarem e agregar valor simbólico às propostas, procura manter-se nos meios de

comunicação de massa, muitas vezes pautando a agenda ao apresentar resultados de

pesquisas ou pressionar candidatos a aderirem a planos de metas e outros

compromissos. Então faz parte da estratégia política envolver lideranças comunitárias

e dar voz a outras instituições ampliando a sinergia e o peso simbólico das ações; mas

também é estratégico manter um programa de rádio na programação da CBN e

oferecer indicadores aos jornalistas sempre que precisam. Isso significa que toda a

semana a RNSP é citada nos meios de comunicação de massa e cada vez mais sua

atuação passa a ser vista como referência.

Por outro lado, sabendo que a dinâmica interna do Estado não é totalmente

condicionada pelas pressões da sociedade civil organizada, a RNSP procura ocupar os

espaços de participação institucionais. Assim, está presente nas audiências públicas

com técnicos e informações recentes sobre a cidade, extraindo dos representantes do

governo justificativas mais qualificadas, que não seriam dadas à população leiga. Essa

presença tem sido vista como uma forma de elevar o debate político e exercer pressão

sobre o desenvolvimento das políticas públicas. Existe uma clara percepção de que

nos principais atores envolvidos com as ações da RNSP a participação política deve

ser estimulada, isso significa valorizar os espaços já existentes de atuação, bem como

firmar parcerias com outras instituições que tem propósitos semelhantes. Mas o

estímulo à participação implica também o envolvimento do Estado e a criação de uma

nova visão sobre cidadania. Então a RNSP toma o cuidado do apartidarismo e de dar

ênfase a argumentos técnicos em suas propostas, para diminuir as resistências

encontradas no poder público. Mantém também seus projetos em funcionamento, sem

deixar que esmoreçam, procurando envolver o maior número de pessoas.

Com a mudança na administração da cidade, o atual prefeito Fernando Haddad

(2013-2016), tem aumentado o diálogo com a RNSP e adotado um programa de

governo mais participativo, com a adoção de um planejamento participativo dentro

das subprefeituras e outras práticas de democracia participativa que encontra espaço

para divulgação e publicidade dentro dos fóruns da Rede na internet, tanto em sua

webpage, como em sua página no Facebook.

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14

2.2 Avaliação do uso da internet

A internet é considerada pelo coordenador da RNSP o elemento central de

articulação das ações. É usada para a comunicação entre os membros, mas também

com a sociedade de forma geral. Quase tudo na RNSP ocorre através da comunicação

virtual, desde a circulação de atas e comunicados, até a convocação de reuniões e

debates. Há também um boletim semanal que é enviado por correio eletrônico, que

conta com cerca de 35.000 pessoas cadastradas, que informa as principais ações da

RNSP em São Paulo e nos outros estados brasileiros e faz uma seleção das principais

matérias veiculadas pela mídia em que a Rede foi citada. Através da internet a RNSP

também amplia a participação da população em suas ações.

Como exemplo, para a realização do IRBEM (Indicadores de Referência de

Bem- estar do Município) foi feita uma consulta pública que teve a participação de

cerca de 37.000 pessoas que apontaram os itens mais importantes para a qualidade de

vida na cidade, que foram agrupados em 25 temas. Posteriormente o IBOPE, parceiro

da RNSP, foi às ruas para a qualificação da pesquisa, avaliando como as pessoas de

diferentes regiões da cidade viam os temas levantados através da consulta pública.

Outro exemplo que contou com o uso da internet como fonte de ampliação da

participação foi a campanha “Você no parlamento”, formalizada através de um termo

de cooperação com a Câmara Municipal de São Paulo, que obteve apoio da mídia

tradicional como, por exemplo, O Estado de S.Paulo, ESPN e Rede Globo. A

campanha viabilizou uma consulta pública que obteve a participação de cerca de

34.000 cidadãos, que escolheram prioridades em diversas áreas, com o intuito de

orientar o trabalho dos vereadores. Outra ação que contou com a internet de forma

direta foi o Fórum Nossa São Paulo, por onde a população encaminhou 1500

propostas para a cidade, com as quais a RNSP construiu um banco de propostas

encaminhado aos candidatos à prefeitura de 2008. Alguns dos candidatos chegaram a

incorporar parte das propostas em seus planos de governo, o que é indicador da

influência exercida pela Rede.

O Programa Cidades Sustentáveis, que é uma das principais ações presentes na

RNSP, também tem na internet um elemento estratégico. O programa tem por

finalidade sensibilizar, mobilizar e oferecer ferramentas para que as cidades

brasileiras se desenvolvam de forma sustentável. Para tanto oferece uma plataforma

que contem uma agenda de sustentabilidade para diferentes áreas da gestão pública,

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além de um banco contendo casos exemplares de soluções para diferentes problemas

urbanos. O programa também inclui indicadores que são apresentados como parte dos

compromissos de candidatos às prefeituras. Em anos eleitorais, há espaço para

partidos e candidatos do Brasil inteiro aderirem à carta de compromisso e terem seus

divulgados nomes na lista de signatários. A internet é usada para ampliar a

participação e compromisso dos candidatos e para a realização de campanhas de

valorização de uma agenda sustentável.

Por exemplo, a realização de um Twitaço (#EuVotoSustentável) no dia 24 de

agosto de 2012, que utilizou, além das redes sociais, a imagem de pessoas estratégicas

para convocar a participação. Uma semana antes do dia marcado para o twitaço, a

Rede iniciou campanha no Facebook e enviou e-mail a todos os seus assinantes

convocando à participação. O e- mail foi assinado pelos atletas Raí, Lars Grael e Ana

Moser, além de Frei Betto e Maria Alice Setúbal (ligados, respectivamente ao

movimento pastoral religioso e aos empresários da educação). Soma-se aos recursos

da internet a credibilidade de lideranças como estratégia de mobilização.

2.2.1 Uso das Redes Sociais (Facebook)

A RNSP tem perfil nas redes sociais do Twitter e Facebook. Para esse artigo, a

análise será centrada no uso do segundo devido sua maior penetração na população de

internautas. A rede social preferida pelos internautas é o Facebook, que em outubro de

2012 chegou a marca de um bilhão de usuários em todo o mundo. O Brasil é o

segundo em número de usuários, com mais de 70 milhões de perfis ativos na rede,

segundo dados do site Social Bakers10, atingindo 88% da população online brasileira.

Segundo os dados disponibilizados em sua Fan Page11, em 04/06/13, a RNSP

contava com 434 “pessoas falando sobre isso” e 3.560 de “total de opções de curtir”.

Sendo que a semana de 13/01/2013 foi a semana mais popular da página, além disso,

a cidade de São Paulo é a mais popular (como esperado) e seus usuários principais é

constituído por jovens de 25 a 34 anos.

O uso do Facebook pela RNSP é marcado pela disponibilização de

informações sobre as diversas ações desenvolvidas pela Rede, como o Cidade

10 Informações disponíveis em: http://www.socialbakers.com/facebook-statistics/brazil. Data de acesso: 15/04/13. 11 Fan Page é uma página específica dentro do Facebook direcionada para empresas, marcas ou produtos, associações, sindicatos ou organizações como o caso da Rede Nossa São Paulo. A página disponibiliza para os proprietários estatísticas das pessoas que acessam e permitem que se desenvolvam aplicativos que permitem qualquer tipo de interação dando mais força para campanhas e mobilizações dentro da rede social. Disponível em: http://www.facebook.com/nossasaopaulo. Acesso em: 04/06/2013.

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Sustentáveis (já citado acima), Combate a desigualdade e o novo Plano Diretor de São

Paulo13, Conferência Municipal de Debates para Desenvolvimento Urbano (debate

que faz parte do Plano Diretor Participativo do atual prefeito Fernando Haddad),

Mostra de Cinema Ambiental, entre as diversas ações promovidas pela entidade. São

publicadas em média de 3 a 5 notícias/informações por dia, garantindo uma alta

frequência de informações e uma constante atualização, indicando o uso efetivo da

rede social como ferramenta de comunicação.

Uma análise qualitativa permite observar que esse espaço de comunicação

interativo tem a função de aumentar a visibilidade dos programas e ações da RNSP,

assim como divulgar práticas sustentáveis e participativas dentro da cidade de São

Paulo. Também é importante ressaltar que o espaço é empregado para a promoção das

campanhas e ações cívicas.

Em relação a interatividade, percebe-se uma baixa participação dos leitores,

identificados pelo baixo número de “curtir”, “comentários” e “compartilhamento”

(ferramentas interativas que a rede social disponibiliza para seus usuários),

principalmente em relação aos comentários das publicações que são bem abaixo das

outras duas formas. Esses dados sinalizam que a RNSP tem ainda baixo retorno dos

internautas por seus conteúdos.

3) Rede Nossa São Paulo (RNSP) e o Mapa da Participação Cidadã

Em seu portal, dentre muitas outras ações, a RNSP disponibiliza o Mapa da

Participação Cidadã12. Trata-se de uma plataforma que permite localizar distintas

instituições que atuam na cidade de diferentes formas (associações de bairros,

conselhos municipais, organizações não governamentais, sindicatos etc.), dentre as

quais se destacam 13 organizações virtuais13 que atuam especialmente dentro do

ciberespaço em diferentes áreas de atuação (mobilidade urbana, participação política

virtual, meio ambiente, educação etc), são elas: Cidades Democráticas14; Vote na

Web 15 ; Urbanias 16 ; SACSP - Sistema de estatísticas e acompanhamento das

reclamações dos munícipes da cidade de São Paulo17; Observatório da Educação18;

12 Disponível em: http://www.mapadaparticipacao.org.br/. Acesso em 22/03/13 13 A denominação “organizações virtuais” foi usada pelos desenvolvedores do Mapa da participação como uma categoria classificatória. 14 Disponível em: http://www.cidadedemocratica.org.br/. 15 Disponível em: http://www.votenaweb.com.br/. 16 Disponível em: http://www.urbanias.com.br/ 17 Site fora do ar. 18 Disponível em: http://www.observatoriodaeducacao.org.br/.

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Movimento Respira São Paulo19; Ciclocidade - Associação dos Ciclistas Urbanos de

São Paulo20; Associação Bike Brasil21; Transporte Ativo22; CicloBr23; Good News

Brasil24; Arqueiros do Apocalipse ZenSurreal - Espaço de Criação da Arte Viva

Quotidiana25; e Hortelões Urbanos26. Para a realização dessa pesquisa selecionamos

essas organizações, com o objetivo de desenvolver um índice de participação política

online capaz de hierarquizar experiências de acordo com sua capacidade de

interferência no processo decisório das políticas públicas.

Do total das 13 organizações virtuais cadastradas, duas se encontravam fora

do ar (SACSP - Sistema de estatísticas e acompanhamento das reclamações dos

munícipes da cidade de São Paulo e Arqueiros do Apocalipse ZenSurreal - Espaço de

Criação da Arte Viva Quotidiana – AAZS-ECAVQ) isto é, seus endereços eletrônicos

informavam que estavam em manutenção (SACSP) ou conteúdo indisponível

(Arqueiros), durante o período de análise (fevereiro a março 2013). Essas duas

entidades não foram estudadas. Segue abaixo o perfil das outras onze organizações

virtuais estudadas:

3.1. Associação Bike Brasil

A Associação Bike Brasil é uma associação virtual que reúne ciclistas de todo

o Brasil e tem por objetivos propagar informações sobre encontros, movimentos

ativistas e informações relacionadas ao ciclismo, além de incentivar o uso da bicicleta

em suas mais diversas modalidades.

Associação Bike Brasil Descrição

Perfil Associação Virtual da Sociedade Civil

Atores e parceiros Federações Estaduais de Ciclismo

Origem Internet

Área de influência Todo o Brasil

Tipo de webativismo E-Informação

19 Disponível em: http://www.respirasaopaulo.com.br/. 20 Disponível em: http://www.ciclocidade.org.br/. 21 Disponível em: http://www.bikebrasil.com.br/. 22 Disponível em: http://www.transporteativo.org.br/. 23 Disponível em: http://www.ciclobr.com.br/. 24 Disponível em: http://www.facebook.com/goodnewsbrasil. 25 Site fora do ar. 26 Disponível em: http://www.facebook.com/groups/170958626306460/.

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Áreas de atuação Esporte, Meio ambiente, Transporte/Mobilidade

Existem instituições dando legitimidade e

força para a ação?

Federações estaduais de ciclismo

Uso das TICs Website; blog e Facebook

Direcionamento das ações Grupos específicos (ciclistas)

3.2. Ciclo Br:

O Ciclo Br nasceu de uma iniciativa de dois amigos que criaram um site para a

divulgação de viagens ciclísticas, que posteriormente se transformou em um canal de

informações para ciclistas, divulgando informações sobre cicloviagens e ciclismo

urbano, que se associou às organizações virtuais da Rede Nossa São Paulo.

Ciclo Br Descrição

Perfil Organização da Sociedade Civil

Atores e parceiros Anderson Bicicletas e Durban

Origem Internet

Área de influência São Paulo - ciclistas

Tipo de webativismo E-Informação

Áreas de atuação Esporte, Meio Ambiente e Transporte/ Mobilidade

Existem instituições dando legitimidade e

força para a ação?

Não

Uso das TICs Website; Facebook, Twitter, e-mail para contato,

YouTube e Vimeo para vídeos, e Fickr para imagens

Direcionamento das ações Grupos específicos (ciclistas)

3.3. Ciclocidade – Associação dos Ciclistas Urbanos de São Paulo:

A Ciclocidade é uma organização da sociedade civil que atua com o objetivo

de construir uma cidade mais sustentável, baseada na igualdade de acesso a direitos

para os ciclistas, promovendo a mobilidade e o uso da bicicleta como instrumento de

transformação.

Ciclocidade Descrição

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Perfil ONG

Atores e parceiros Instituto CicloBr de Fomento à Mobilidade Sustentável

Origem Movimento social que se apropriou das TICs

Área de influência São Paulo

Tipo de webativismo E-Mobilização; E-Engajamento; E-Informação

Áreas de atuação Meio Ambiente; Transporte/ Mobilidade; Cidadania

Existem instituições dando legitimidade e

força para a ação?

Instituto CicloBr de Fomento à Mobilidade Sustentável

(parceiro)

Uso das TICs Website; Facebook; Twitter, Flickr, Vimeo, Google+;

email, além de reuniões presenciais (associação).

Direcionamento das ações Ações universalistas

3.4. Cidades Democráticas:

O Cidades Democráticas é um projeto para fomentar iniciativas de

participação política dentro do ambiente da rede mundial de computadores, que se

apropria das características da Internet para criar uma plataforma de participação

colaborativa e formação de comunidades virtuais voltadas para a discussão e apoio de

iniciativas de cidadãos para a construção de cidades melhores. O website oferece uma

ferramenta de comunicação e mobilização, aberta para a livre participação, pela qual

os usuários podem debater temas relacionados a políticas públicas.

Cidades Democráticas Descrição

Perfil Comunidade Virtual

Atores e parceiros Instituto Seva (administrador)

Origem Internet

Área de influência Todo o Brasil: maior participação dos cidadãos de Jundiaí

e São Paulo

Tipo de webativismo E-Mobilização; E-Informação; E-Engajamento

Áreas de atuação Cultura; educação; esporte; meio ambiente; saúde;

habitação; transporte/mobilidade; direitos sociais;

cidadania; transparência

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Existem instituições dando legitimidade e

força para a ação?

AVINA; IBM; OMYDIAR NETWORK

Uso das TICs A plataforma é um website, que é baseado em fóruns de

discussão e comunidades interna voltado para a

interatividade entre os usuários que podem propor temas

para discussões, soluções para os problemas urbanos,

apoiar iniciativas de outros usuários, etc.

Direcionamento das ações Ações universalistas e ações voltadas para grupos

específicos

3.5. Good News Brasil:

O Good News Brasil é uma comunidade virtual que atua dentro do Facebook.

A página da comunidade é voltada para o compartilhamento e divulgação de

informações, notícias, boas iniciativas, boas práticas, leis, etc., sobre diferentes

assuntos ligados a esfera pública, que os membros julgam importantes para o público

em geral e, especialmente, para o meio ambiente.

Good News Brasil Descrição

Perfil Comunidade Virtual (dentro do Facebook)

Atores e parceiros Nenhum

Origem Iniciativa da sociedade civil que surge na Internet

Área de influência Todo o Brasil

Tipo de webativismo E-Informação; E-Mobilização (não foi possível verificar

se houve alguma organização a partir das publicações do

grupo)

Áreas de atuação Educação; Meio Ambiente; Saúde; Cultura; 3º Setor;

Empreendimentos Sociais; Alimentação; Gestão Pública;

Cidadania; Espiritualidade.

Existem instituições dando legitimidade e

força para a ação?

Não

Uso das TICs Página no Facebook

Direcionamento das ações Ações universalistas e ações para grupos específicos

3.6. Hortelões urbanos:

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É uma comunidade virtual dentro do Facebook que tem por finalidade a “troca

de experiências e informações sobre o cultivo doméstico de alimentos”. É um

movimento virtual da sociedade civil que tem por objetivos incentivar a agricultura

urbana, plantio de alimentos em casa e fomentar a produção de hortas orgânicas em

espaços públicos da cidade de São Paulo. Atualmente, a comunidade na rede social

conta com 2.714 membros e possui publicação diária de conteúdos. Dentro desse

espaço virtual, o grupo disponibiliza documentos sobre o tema e divulga eventos de

atividades correlacionadas.

Hortelões Urbanos Descrição

Perfil Comunidade Virtual (dentro do Facebook)

Atores e parceiros Cidadãos interessados pela agricultura urbana e orgânica;

Comunidades relacionadas a plantações e artigos sobre

plantações de hortas orgânicas.

Origem Movimento da sociedade civil que surge na Internet

Área de influência Principalmente São Paulo, mas pessoas de outras cidades

também podem participar

Tipo de webativismo E-participação, E-deliberação e E-mobilização

Áreas de atuação Meio Ambiente; Educação; Saúde

Existem instituições dando legitimidade e

força para a ação?

Indefinido

Uso das TICs Facebook; Blog (pouco ativo); Tumblr (pouco ativo)

Direcionamento das ações Ações direcionadas para público específico

(ambientalistas e simpatizantes)

3.7. Movimento Respira São Paulo:

O Movimento Respira São Paulo tem como objetivo incentivar e estimular a

tração elétrica no transporte urbano, pelo aumento da frota de veículos híbridos e

elétricos na região metropolitana de São Paulo, visando a redução da emissão de

poluentes e melhorar a qualidade de vida do cidadão paulistano. Seu website

disponibiliza dados sobre poluição, transporte elétrico e exemplos mundiais de uso

dessas tecnologias nas cidades.

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Movimento Respira São Paulo Descrição

Perfil Movimento da sociedade civil

Atores e parceiros Indefinido

Origem Movimento social que se apropriou da Internet

Área de influência São Paulo

Tipo de webativismo E-Informação

Áreas de atuação Meio ambiente; Transporte/Mobilidade

Existem instituições dando legitimidade e

força para a ação?

Memorial do Imigrante; Rede Nossa São Paulo

Uso das TICs Website (com baixa qualidade e poucos serviços); blog

(desatualizado); Facebook (com pouca postagem); Twitter

(não possui nenhum tweet)

Direcionamento das ações Ações universalistas – transporte urbano

3.8. Observatório da Educação:

O Observatório da Educação é um projeto da ONG Ação Educativa, que tem

por objetivo produzir e disseminar informações, promover o debate público sobre

educação e subsidiar os meios de comunicação, agentes educacionais e movimentos

sociais na promoção da educação como direito humano. O Observatório produz um

boletim com a análise da cobertura jornalística sobre a educação. Também difunde

temas que não tem visibilidade na mídia em geral, ampliando o debate público sobre a

educação, por meio do ciberespaço. O cidadão também pode acompanhar, por meio

do site, as sessões dos conselhos estadual e municipal de educação de São Paulo. O

observatório também desenvolve outros projetos de participação online.

Observatório da Educação Descrição

Perfil Organização da sociedade civil (ligada a uma ONG)

Atores e parceiros Ação Educativa

Origem Movimento social que se apropriou da Internet

Área de influência São Paulo

Tipo de webativismo E-Informação; E-Mobilização; E-consulta; E-

engajamento; E-deliberação (debate entre profissionais da

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educação)

Áreas de atuação Educação; Cidadania

Existem instituições dando legitimidade e

força para a ação?

Fundação AVINA; Evangelischer Entwicklungsdienst

(EED) – Serviço das Igrejas Evangélicas na Alemanha

para o Desenvolvimento

Uso das TICs Website (com boa navegabilidade e muitas seções,

informações e serviços online); Canal do Youtube;

Facebook; Twitter; Blogs

Direcionamento das ações Ações universalistas e para grupos específicos

(professores e educadores)

3.9. Transporte Ativo:

A associação Transporte Ativo é uma organização da sociedade civil que atua

na área de mobilidade urbana, incentivando o uso da bicicleta como transporte.

Fundada em 2003, a associação busca abrir canais de diálogo com o governo e a

sociedade, tentando criar alternativas para o desenvolvimento de políticas públicas

para o uso de bicicletas. A Transporte Ativo é formada por entusiastas, especialistas,

consultores e autoridades da causa da propulsão humana, da mobilidade sustentável e

da qualidade de vida.

Transporte Ativo Descrição

Perfil Organização da sociedade civil

Atores e parceiros Prefeitura do Rio de Janeiro

Origem Movimento social que se apropriou da Internet

Área de influência Rio de Janeiro; São Paulo

Tipo de webativismo E-Informação; E-Mobilização; E-engajamento;

Áreas de atuação Meio ambiente; transporte/ mobilidade

Existem instituições dando legitimidade e

força para a ação?

Prefeitura do Rio de Janeiro; Banco Itaú; GigaBike;

Durban; All Track Bicycles; CopenHagenIzeEu; ITDP;

Bicycle Partnership Program; UCB

Uso das TICs Website; Facebook; Twitter; Instagram

Direcionamento das ações Ações para grupos específicos (ciclistas)

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3.10. Urbanias:

O Urbanias é uma organização da sociedade que desenvolveu um aplicativo27

dentro do Facebook (o usuário também pode baixar o aplicativo no celular) pelo qual

qualquer usuário pode localizar e identificar, inclusive com fotos digitais, problemas

na cidade de São Paulo. As reclamações feitas são encaminhadas para o orgão público

responsável e o Urbanias fica aguardando um retorno. No blog o usuário também

pode acompanhar os principais problemas da cidade e emitir opiniões sobre os

diferentes assuntos abordados.

Urbanias Descrição

Perfil Comunidade Virtual

Atores e parceiros Catraca Livre

Origem Iniciativa da sociedade civil que começou na Internet

Área de influência São Paulo

Tipo de webativismo E-Informação; E-Mobilização; E-engajamento;

Áreas de atuação Cidadania; Infra-estrutura; serviços públicos

Existem instituições dando legitimidade e

força para a ação?

Catraca Livre

Uso das TICs Facebook; Twitter; Blog

Direcionamento das ações Ações universalistas

3.11. Vote na Web:

O Vote na Web é uma comunidade virtual que promove o debate público em

torno dos projetos de lei em votação no Congresso Nacional. O objetivo dessa ação é

politizar a sociedade, por meio dos canais de interação e participação da Internet. Pelo

site os usuários podem acompanhar, votar e debater o trabalho desenvolvido pelos

parlamentares, assim como criar um canal de comunicação e diálogo entre os políticos

e os cidadãos.

Vote na Web Descrição

27Disponível em: https://apps.facebook.com/urbanias. Acesso em 27/03/2013.

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Perfil Comunidade Virtual

Atores e parceiros Webcitizen – empresa que desenvolveu o aplicativo para a

participação cidadã

Origem Iniciativa da sociedade civil que começou na Internet

Área de influência Todo o Brasil

Tipo de webativismo E-Informação; E-Mobilização; E-engajamento; E-consulta;

E-deliberação

Áreas de atuação Cultura, educação, saúde, habitação, transparência, esporte,

meio ambiente, transporte/mobilidade, direitos sociais e

cidadania.

Existem instituições dando legitimidade

e força para a ação?

Nenhuma

Uso das TICs Website; Aplicativo dentro do website

Direcionamento das ações Ações universalistas

Das onze organizações e comunidades virtuais estudadas, pode-se notar a

heterogeneidade de sua composição e perfil de ação política. Existem casos de

movimentos sociais ou organizações sociais que se apropriaram das Tecnologias de

Informação e Comunicação para criar novas formas de comunicação e participação

(Ciclocidade, Movimenta Respira São Paulo, Observatório da Educação e Transporte

Ativo) bem como organizações que nasceram dentro da Web (Associação Bike Brasil,

Ciclo Br, Cidade Democrática, Good News Brasil, Hortelões Urbanos, Urbanias e

Vote na Web), com uma dinâmica mais interativa e com mais variadas ferramentas de

participação online.

4) Considerações finais.

Assim como colocam Fuster & Subirats (2012), a democracia não é só um

regime político ou forma de governo, existe a necessidade da formação de uma

atitude cívica de participação democrática. A atuação da RNSP tem contribuído para

o estímulo da participação política, envolvendo novos atores e fortalecendo os

espaços já existentes de atuação. As resistências sentidas no desenvolvimento dos

projetos indicam a necessidade de uma nova visão sobre a democracia por parte do

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Estado e dos partidos políticos, com o intuito de se estabelecer uma nova cultura

política.

A melhoria dos canais de comunicação, principalmente por meio da internet,

por sua estrutura não hierárquica e colaborativa, pode incorporar os cidadãos nos

processos de tomada de decisão e modificar os fluxos do poder simbólico

(THOMPSON, 1998). Os resultados da pesquisa apontam para uma avaliação crítica

de um caso significativo de articulação da sociedade civil, que se apropria das TICs

para ampliar a participação da população junto aos processos de desenvolvimento de

políticas públicas. Em um contexto de crescente descentralização das políticas por

parte do Estado e a forte presença da técnica e da velocidade no cotidiano dos

homens, o caso da RNSP aparece como uma importante oportunidade de se avaliar

novas perspectivas de ação política e de participação cidadã.

Considerando-se o estudo das ações e a dinâmica interna da Rede, pode-se

observar que apesar de existir um uso intensivo da internet nas atividades,

principalmente para o ativismo político, sua utilização obedece uma lógica

instrumental, ou seja, é empregada como um canal de comunicação interno e externo

que dinamiza o fluxo de informações, torna pública a produção dos dados da RNSP e

dos GTs, divulga e mobiliza a população para as ações e serve como mecanismo de

controle público das ações da gestão pública. Contudo, o espaço interativo e

colaborativo da internet, dentro do espírito da web 2.0, é pouco utilizado. Existem

poucas ações que são construídas coletivamente usando as ferramentas colaborativas,

também não são realizados fóruns virtuais abertos para a discussão os problemas da

cidade, dentro das diferentes perspectivas dos segmentos sociais.

Valoriza-se mais o aspecto pragmático da ação coletiva da sociedade civil,

organizada dentro de um paradigma de rede, concentrando a participação dentro dos

canais institucionais de representação política (Comissões da Câmara, Audiências

públicas, Conferências, Conselhos, etc) e desenvolvendo ações públicas de

mobilização e formação política, que pouco exploram as potencialidades de

interatividade das novas tecnologias.

No entanto, é preciso compreender a RNSP em um contexto mais amplo. O

atual estágio de desenvolvimento técnico, científico e informacional torna possível a

convivência de milhões de pessoas nas metrópoles, cujos tempos são tomados pelo

mundo do trabalho. A presença da técnica, que tornou possível a verticalização das

cidades e a concentração populacional, também tornou possível novos meios de

Nuno Mesquita
Nuno Mesquita
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transporte e de comunicação, estabelecendo uma nova relação espaço-temporal entre

os indivíduos. A população, nas sociedades democráticas ocidentais, é cada vez mais

afastada da política e a coisa pública parece não lhe dizer respeito. Dentro dessa

perspectiva de isolamento do indivíduo é que a internet surge como tecnologia de

informação e comunicação capaz de envolver as pessoas sem o prejuízo de outras

tarefas.

Parece haver um reconhecimento por parte da RNSP da dificuldade de

mobilizar a sociedade e, ao mesmo tempo, da permeabilidade que a internet tem no

cotidiano das cidades. As experiências de mobilização através da web tem mostrado

que são pouco profícuas se construídas isoladamente. Há, portanto, uma aposta na

necessidade de se fazer circular as informações, fortalecer a ação dos grupos já

envolvidos com as causas públicas e ocupar os espaços de participação já existentes.

A pesquisa indica que os mecanismos colaborativos propiciados pelas TICs

são pouco usados pela RNSP, ainda assim, na avaliação das ações desenvolvidas pela

Rede, existe um uso diversificado da internet em todos os projetos, com níveis

distintos de intensidade, o que sinaliza sua importância como ferramenta de

comunicação, mas não como espaço de atuação política. Contudo, as atuais ações em

operação pela RNSP, que não constam na pesquisa por estarem em execução, indicam

um maior emprego da internet como ferramenta de mobilização social, principalmente

por meio das redes sociais (facebook e Twitter).

A internet funciona como elemento chave, por sua velocidade e praticidade,

coincidindo com a realidade da cidade de São Paulo. A dinâmica da urbe inviabiliza

as mobilizações políticas tradicionais, pela forma como o trabalho ocupa o tempo das

pessoas exaurindo-as e diminuindo a possibilidade de participação. O tempo que

sobra é ocupado pela indústria do lazer e pela informação superficial dos telejornais,

diminuindo ainda mais o interesse pela política. No entanto, pela internet é possível

envolver as pessoas através das redes sociais, como ocorre nos twitaços, nas consultas

públicas ou ainda em outros mecanismos de participação. Além disso, a internet acaba

por permitir que as experiências ultrapassem os limites do município e cheguem a

outros estados brasileiros, ou mesmo buscando idéias em outras cidades do mundo.

Essa característica da velocidade parece estar de acordo com o conceito de idade

tecnológica de Milton Santos, que permite entender o problema da participação como

algo que ultrapassa a realidade material da cidade, e relaciona-se com o estágio de

desenvolvimento técnico que permeia as relações urbanas.

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Nesse sentido é importante mapear as propostas de ampliação da participação

política. Esse artigo procurou contribuir para a compreensão de algumas experiências

significativas propostas pela RNSP. É preciso avaliar essas e outras iniciativas com o

intuito de medir o grau de permeabilidade das ações de participação política no

processo de desenvolvimento das políticas públicas.

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