• MICOLOGIA?
• FUNGO?
é o ramo da Biologia que estuda os fungos, ela engloba o estudo de um
grande número de seres pluricelulares e unicelulares ou microscópicos.
organismos sem clorofila, nucleados, produtores de esporos, que se
reproduzem sexuada ou assexuadamente e cujas estruturas
somáticas filamentosas e ramificadas são envolvidas por
paredes celulares contendo celulose ou quitina ou ambas.
No sistema de cinco reinos, proposta por Wittaker (1969) para a
classificação dos seres vivos, o grupo adquiriu identidade própria:
Reino FUNGI (grego: sphongos = esponja; latin = fungus).
Alexopoulos & Mimus (1979) adotaram a posição do reino para o
grupo, mas com outra terminologia: Reino MYCETAE (grego: mykes =
cogumelo).
DIFERENÇA PARA PLANTAS:
não sintetizam clorofila
não armazenam amido
SEMELHANÇA COM AS CÉLULAS ANIMAIS:
presença de quitina na parede celular
armazenam glicogénio
FUNGOS
seres eucarióticos: com vários organitos
heterotróficos: saprófitas, parasitas
Ubiquitários: solo, água, vegetais,
animais, homem e detritos
têm importância na biotecnologia e
medicina
Existem cerca de 100 000 a 200 000
espécies (dependendo da forma como
são classificados). Cerca de 300 são
consideradas patogénicas para oHomem.
SAPRÓFITAS - obtêm energia, carbono (C) e azoto (N) diretamente da
matéria orgânica morta , bioconversores por “excelência”
PARASITAS - colonizam hospedeiros vivos, animais ou vegetais, dos
quais obtêm “alimento” com prejuízo para o hospedeiro. Quando
causam doença nesse hospedeiro designam-se patogénicos.
SIMBIONTES - obtêm energia, C
e N de hospedeiros aos quais
proporcionam benefícios. Ex.
de fungos mutualistas: líquenes
(com algas ou cianobactérias)
e micorrizas (em associação
com as raízes das plantas).
ESTRUTURAS
paredes rígidas
crescimento micelial
núcleo diferenciado: 4 a 6 cromossomas
multiplicação assexuada: gemulação,
endo e exo esporulação
multiplicação sexuada: cariogamia e
plasmogamia
leveduriformes:
colónias pastosas ou cremosas
fomadas por organismos unicelulares
cumprem funções vegetativas e reprodutivas
colónias semelhantes às formadas por bactérias,
com várias pigmentações ou também
despigmentadas
filamentosas:
colónias algodonosas, pulverulentas ou
aveludadas
formadas por elementos multicelulares em
forma de tubos (hifas)
conjunto de hifas = micélio
podem apresentar
várias colorações,
sendo estas distintas
nos dois versos da
placa de Petri
macroscópico:
velocidade de crescimento (rápido, moderado e lento)
aspeto da colónia: textura e brilho
presença de pigmentos: cor da colónia
morfologia da colónia
CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS
CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS
microscópico:
micélio vegetativo: desenvolve-se no interior do substrato-
elemento de sustentação e de absorção de nutrientes
micélio reprodutivo: diferencia-se para sustentar os corpos
de frutificação ou propágulos
micélio vegetativo:
nutrição e fixação
não possuem tecidos
nutrição por absorçãodigestão extra corpórea e extra celular
hifas podem ser continuas, simples ou ramificadas, sendo
também não septadas (cenocíticas) ou septadas
(apocíticas)
Leveduras
• A maior parte das leveduras reproduzem-se
assexuadamente por gemulação e por divisão
binária.
• No processo de gemulação, a célula-mãe
origina uma gema, o blastoconídio que
cresce, recebe um núcleo após a divisão do
núcleo da célula-mãe.
• Na divisão binária, a célula-mãe divide-se em
duas células de tamanhos iguais, de forma
semelhante ao que ocorre com as bactérias.
Formação de
esporosCaracterísticas Tipo de esporos Tipo de fungos
Endosporos/
esporangios
poros
Formação dentro das
estruturas
unicelulares (esporângio)
Aplanosporos
(imóveis)
Zoósporos
(móveis)
Fungos
filamentosos
asseptados
Zigomicota
Exosporos/
conídios
São
produzidos por
células conidiogénias
que podem
estar assentes
em estruturas
diferenciadasconidióforos.
Conidiogénese
tálica
Conidiogénese
blástica
Ascomicota
Basidiomicota
Deuteromicetes
(classe)
reprodução sexuada
A reprodução sexuada tem lugar quando ocorre fusão
entre hifas de tipos sexuais (mating types) compatíveis
ou entre células móveis. Os esporos sexuais são
produzidos após fusão nuclear e meiose.
reprodução sexuada
Além das fases haplóide (n) e diplóide (2n), muitos fungos
exibem outra condição nuclear: a fase dicariótica (n+n):
hifas com dois núcleos haplóides, geneticamente diferentes.
É em consequência da reprodução sexuada que muitos
fungos produzem estruturas macroscópicas espetaculares -
os cogumelos - de vida efémera e destinados à produção
de esporos. À exceção dessa fase, o micélio vegetativo dos
fungos passa frequentemente despercebido.
reprodução sexuadaPlasmogamia (união dos protoplasmas de duas células sexualmente
compatíveis)
célula dicariótica (célula com dois núcleos)
cariogamia(fusão dos dois núcleos)
zigoto diplóide
Fungos homotálicos: hifas capazes de se diferenciarem em
órgãos sexuais masculino e feminino, e de se reproduzirem
sexualmente sem ajuda de outro talo.
Fungos heterotálicos: auto-estéreis, necessitando de um
outro fungo sexualmente compatível para se reproduzirem
sexualmente.
A forma sexuada ou perfeita de um fungo é, também,
denominada forma teleomorfa.
Os fungos que se reproduzem sexuadamente são
classificados nas divisões Zigomicetes, Ascomicetes e
Basidiomicetes, consoante as estruturas reprodutoras a
que dão origem. Os de que se conhece apenas a
reprodução assexuada, pertencem à Classe
Deuteromicetes
ecologia dos fungos
factores abióticos
temperatura
pH
humidade (aW)
eh
pressão osmótica
radiações
nutrientes
Metabolismo• Os fungos são microrganismos heterotróficos e, na sua maioria,
aeróbios obrigatórios. No entanto, certas leveduras
fermentadoras, aeróbias facultativas, desenvolvem-se em
ambientes com pouco oxigénio ou mesmo na sua ausência
• Os fungos podem germinar, ainda que lentamente, em
atmosfera de reduzida quantidade de oxigénio.
• O crescimento vegetativo e a reprodução assexuada ocorrem
nessas condições, enquanto a reprodução sexuada ocorre
apenas em atmosfera rica em oxigénio.
• Em condições aeróbias, a via da hexose monofosfato é
a responsável por 30% da glicólise.
• Sob condições anaeróbicas, a via clássica, usada pela
maioria das leveduras, é a de Embden-Meyerhof, que
resulta na formação de piruvato.
• Algumas leveduras, como o Saccharomyces cerevisiae,
fazem o processo de fermentação alcoólica de grande
importância a nível industrial, na fabricação de
bebidas.
Via
s me
tab
ólic
as
• Os fungos produzem enzimas como lipases, invertases,
lactases, proteinases, amilases, que hidrolisam o substrato
tornando-o assimilável através de mecanismos de transporte
ativo e passivo. Alguns substratos podem induzir à formação
de enzimas degradativas; há fungos que hidrolisam
substâncias orgânicas, como quitina, osso ou couro.
• Muitas espécies fúngicas podem desenvolver-se em meios
mínimos, contendo amónia ou nitritos como fontes de azoto.
As substâncias orgânicas são carbohidratos simples como D-
glucose e sais minerais como sulfatos e fosfatos.
Nu
triçã
o
Oligoelementos como ferro, zinco, manganês, cobre,
molibdénio e cálcio são exigidos em pequenas
quantidades. No entanto, alguns fungos requerem
fatores de crescimento, que não conseguem sintetizar,
em especial, vitaminas, como tiamina, biotina,
riboflavina, ácido pantoténico, etc.
Os fungos, como todos os seres vivos, necessitam de
água para o seu desenvolvimento. Alguns são
halofílicos, crescendo em ambientes com elevada
concentração de sal.
Nu
triçã
o
A temperatura de crescimento abrange uma larga
faixa, havendo espécies psicrófilas, mesófilas e
termófilas. Os fungos de importância clínica, em
geral apresentam temperatura óptima entre 20° e
30°C.
Tem
pe
ratu
ra
pH mais favorável : varia entre 5, 6 e 7 (maioria tolera
amplas variações). Os fungos filamentosos podem crescer
na faixa entre 1,5 e 11, mas as leveduras não toleram pH
alcalino. Muitas vezes, a pigmentação dos fungos está
relacionada com o pH do substrato. Os meios com pH
entre 5 e 6, com elevadas concentrações de açúcar e
alta pressão osmótica, tais como geleias, favorecem o
desenvolvimento dos fungos nas porções em contacto
com o ar.
pH
O crescimento dos fungos é mais lento que o das bactérias e
as suas culturas precisam, em média, de 7 a 15 dias ou mais,
de incubação. Com a finalidade de evitar o desenvolvimento
bacteriano, que pode inibir ou se sobrepor ao do fungo, é
necessário incorporar aos meios de cultura, antibacterianos
de largo espetro, como o cloranfenicol. Também se pode
acrescentar cicloheximida para diminuir o crescimento de
fungos saprófitas contaminantes, de cultivos de fungos
patogénicos.
Cre
scim
en
to
• Muitas espécies fúngicas exigem luz para o
seu desenvolvimento; outras são por ela
inibidos e outras ainda são indiferentes a
este fator. Em geral, a luz solar direta,
devido à radiação ultravioleta, é elemento
fungicida.
• Por diferentes processos, os fungos podem
elaborar vários metabolitos, como
antibióticos, dos quais a penicilina é o mais
conhecido e micotoxinas, como
aflatoxinas, que lhes conferem vantagens
seletivas.
METABOLISMO E NECESSIDADES
NUTRICIONAIS DOS FUNGOS
Todos os fungos são HETEROTRÓFICOS;
Todos os fungos têm mitocôndrias e são capazes de realizar
RESPIRAÇÃO AERÓBIA;
TODOS OS BOLORES E ALGUMAS LEVEDURAS são AERÓBIOS
ESTRITOS => crescem principalmente na superfície dos alimentos,
onde o oxigénio está disponível.
GRANDE PARTE DAS LEVEDURAS são AERÓBIAS-
ANAERÓBIAS FACULTATIVAS, sendo capazes de oxidar os seus
nutrientes energéticos por respiração ou por fermentação, conforme
as condições ambientais.
METABOLISMO E NECESSIDADES
NUTRICIONAIS DOS FUNGOS
Os fungos são habitualmente POUCO EXIGENTES DO PONTO DE
VISTA NUTRITIVO:
• Podem crescer num meio com o mínimo de nutrientes (açúcar, sais
minerais e água);
• Têm uma conjunto de enzimas muito variado => podem usar um
grande conjunto de nutrientes.
CONDIÇÕES DE CRESCIMENTO DOS FUNGOS
De um modo geral, os fungos:
• Têm MENORES NECESSIDADES EM ÁGUA DO QUE AS
BACTÉRIAS;
• Podem suportar uma MAIOR PRESSÃO OSMÓTICA (alimentos
muito salgados ou muito açucarados);
• Toleram uma GAMA AMPLA DE pH;
• Podem germinar, ainda que lentamente, em atmosfera de reduzida
quantidade de oxigénio (OBS: O crescimento vegetativo e a
reprodução assexuada ocorrem nessas condições, enquanto a
reprodução sexuada ocorre apenas em atmosfera rica em oxigénio).
CONDIÇÕES DE CRESCIMENTO DOS FUNGOS
De um modo geral, os fungos:
• A maioria dos fungos têm uma TEMPERATURA ÓPTIMA DE
CRESCIMENTO LIGEIRAMENTE INFERIOR À DAS BACTÉRIAS
MESÓFILAS (20 A 30OC).
OBS: existem espécies psicrófilas (desenvolvimento a temperaturas de
refrigeração e mesmo de congelação). Também existem espécies termófilas
(preferem uma temperatura próxima dos 40oC);
CONDIÇÕES DE CRESCIMENTO DOS FUNGOS
De um modo geral, os fungos:
O CRESCIMENTO DOS FUNGOS É MAIS LENTO DO QUE O DAS
BACTÉRIAS => dificilmente competem quando as condições do meio são
óptimas para as bactérias (alimentos ricos em água, pH próximo da
neutralidade)
DIFERENÇAS ENTRE FUNGOS E BACTÉRIAS
CARACTERÍSTICAS FUNGOS BACTÉRIAS
ORGANIZAÇÃOCELULAREucariotaunicelular(leveduras)oumulticelular(bolores)
Procariotaunicelular
COMPOSTOCARACTERÍSTICODAPAREDECELULAR
Quitina Peptidoglicano
NECESSIDADESDEÁGUAElevadas(leveduras)Moderadas(bolores)
Elevadas
RESISTÊNCIAAFORTESPRESSÕESOSMÓTICAS
Elevada Fracaamoderada
pHTolerânciaaumaamplitudeampladepH,especialmenteaosácidos
Maisrestrita
TEMPERATURAÓPTIMADASESPÉCIESMESÓFILAS
20a30oC 30a40
ºC
TIPOSRESPIRATÓRIOS
Aeróbiosestritos(boloresealgumasleveduras)ouAnaeróbiosfacultativos(outras
leveduras)
Variáveisconformeasespécies:Aeróbias,anaeróbiasestritas,anaeróbiasfacultativas.
RESISTÊNCIATÉRMICADOSESPOROS
Moderada Elevada
VALOCIDADEDECRESCIMENTORápida(leveduras)Lenta(bolores)
Muitorápida
RESISTÊNCIAAOSANTIBIÓTICOS
Resistentesaosantibióticoscomuns,sensíveisaosantifúngicos
Sensíveisadiferentesantibióticoscomuns,resistentesaosantifúngicos
LEVEDURASORGANIZAÇÃO CELULAR
CRESCIMENTO E REPRODUÇÃO
CONDIÇÕES DE CRESCIMENTO: AW, TEMPERATURA, PH, O2
NECESSIDADES NUTRICIONAIS
PAPEL DAS LEVEDURAS NA ALIMENTAÇÃO
CRITÉRIOS DE CLASSIFICAÇÃO
PRINCIPAIS GÉNEROS DE LEVEDURAS ENCONTRADOS NOS ALIMENTOS
ORGANIZAÇÃO CELULAR DAS LEVEDURAS
As leveduras são fungos cuja forma predominante é UNICELULAR
ESTRUTURA:
REPRODUÇÃO:
Reprodução assexuada por GEMULAÇÃO ou por FISSÃO BINÁRIA
ORGANIZAÇÃO CELULAR DAS LEVEDURAS
• Forma ovoide ou alongada.
• Tamanho é variável (5 a 8 μm de diâmetro em média), sempre
maior do que o das bactérias.
• Núcleo individualizado e envolvido por membrana nuclear e
diferentes organelos característicos das células eucariotas. O
núcleo, além de conter ADN dos cromossomas, pode conter
também vários plasmídeos (DNA circular).
FORMA e CARACTERÍSTICAS DAS CÉLULAS DAS LEVEDURAS:
ORGANIZAÇÃO CELULAR DAS LEVEDURAS
• As leveduras podem acumular reservas alimentares, sob a forma
glucídica (glicogénio) ou lipídica, conforme as espécies.
• Algumas leveduras podem fabricar uma cápsula glucídica viscosa.
FORMA e CARACTERÍSTICAS DAS CÉLULAS DAS LEVEDURAS:
CRESCIMENTO E REPRODUÇÃO DAS
LEVEDURAS
FORMAS DE REPRODUÇÃO
DAS LEVEDURAS
GEMULAÇÃO
FISSÃO BINÁRIA
ESPOROS
GEMULAÇÃO
É o modo de reprodução mais frequente, nas leveduras;
=> formação de uma excrescência (gemula) à superfície da célula, que
cresce progressivamente enquanto ocorre a mitose => quando o
núcleo se divide, um dos núcleos filhos vai para a gémula => esta
destaca-se então da célula mãe para levar uma vida independente.
LOCALIZAÇÃO DAS GEMULAS
É um critério de classificação:
• GEMULAÇÃO MULTILATERAL: se se formarem em diferentes
pontos da célula (ex. Saccharomyces, Pichia, Candida ...);
• GEMULAÇÃO POLAR: caracteriza-se pelo aparecimento de
gémulas nos dois polos da célula => o que produz células em forma
de limão (ex. Kloeckera)
Candida
• Género muito vasto de leveduras heterogéneas.
• Formas esféricas ou cilíndricas.
• Gemulação multilateral. Formam pseudomicélio.
• Algumas espécies são aeróbias estritas, outras são anaeróbias
facultativas.
• Muito disseminadas no meio ambiente: água, ar, plantas, animais,
esgotos, equipamentos e produtos alimentares.
• Alteram carnes frescas, salsichas, frutas frescas, legumes, produtos
láteos, bebidas alcoólicas e os marinados. As espécies psicrotróficas
encontram-se frequentemente em sumos refrigerados.
Saccharomyces
• Esféricas ou alongadas;
• Gemulação multilateral;
• Formam ascósporos esféricos (esporos sexuais);
• Por vezes formam pseudomicélio;
• Anaeróbias facultativas => fermentação dos açucares.
• Alimentos: vinho, molhos de tomate, maionese, bebidas não
alcoólicas e sumos de fruta.
• Usadas na indústria: padaria, cerveja e vinhos (Saccharomyces
cerevisiae)
Kloechera / Hanseniaspora
• Alongadas com gemulação bipolar (forma de limão);
• Produtoras de ascósporos (as formas imperfeitas denominam-se
Kloeckera).
• Anaeróbias facultativas.
• Podem ser encontradas em várias frutas (uvas, figos, tomate,
morangos, citrinos), que podem contribuir para alterar.
• São indesejáveis na produção de vinho, porque produzem pouco
álcool e desenvolvem aromas desagradáveis.
FISSÃO BINÁRIA
Em muitas espécies, entre as quais Schizosaccharomyces, o
crescimento não se realiza por gemulação, mas por fissão binária.
Com este modo de reprodução, a formação de um septo transversal
central após a divisão do núcleo, dá às duas células filhas o mesmo
volume.
Schizosaccharomyces
• Ascomicetas de forma alongada que se dividem por fissão.
• Produzem micélio.
• São anaeróbias facultativas (glucose -> álcool).
• Osmófilas => alteram sobretudo o mel e as frutas secas.
PSEUDOMICÉLIO
Em várias espécies, as novas células formadas não se libertam
facilmente => desenvolvem-se cadeias de células que formam um
PSEUDOMICÉLIO (géneros Pichia e Candida, por exemplo): este
pseudomicélio assemelha-se a filamentos, principalmente se as células
são muito alongadas.
Pichia
• Ascomicetas esféricas ou cilíndricas com gemulação multilateral.
• Várias espécies produzem pseudomicélio.
• Colónias frequentemente pigmentadas.
• Contaminam o vinho, a cerveja, as salmouras de azeitonas e de
chucrute (película seca à superfície).
• Também encontradas em camarões e peixe fresco.
ESPOROS
As leveduras podem ainda produzir esporos.
Os esporos assexuados aparecem geralmente por espessamento da
parede de algumas gémulas ou de uma porção do filamento ->
BLASTÓSPOROS, ARTRÓSPOROS e CLAMIDIÓSPOROS.
As formas perfeitas de leveduras produzem esporos sexuados ->
tratam-se sobretudo de ASCÓSPOROS (geralmente em nº de 1 ou 2
por asco), nas espécies encontradas nos alimentos. A forma dos
ascósporos (esférica, ovoide, em forma de chapéu ...) é outro critério
de identificação para as leveduras.
CONDIÇÕES DE CRESCIMENTO DAS
LEVEDURAS
MULTIPLICAÇÃO: as leveduras proliferam rapidamente quando postas
em boas condições. O seu tempo de geração é intermédio entre o das
bactérias e o dos fungos: 90 a 120 minutos em condições óptimas.
O crescimento é favorecido pela presença de oxigénio, mesmo para
as espécies anaeróbias facultativas.
CONDIÇÕES DE CRESCIMENTO DAS
LEVEDURAS
COLÓNIAS: quando as leveduras são propagadas num meio de cultura
sólido, o seu crescimento dá origem a colónias semelhantes a
bactérias (colónias lisas e brilhantes). Geralmente libertam um odor
agradável (“de levedura”). As colónias podem ser esbranquiçadas,
acinzentadas ou pigmentadas de amarelo, alaranjado ou vermelho (Ex.
Pichia)
NECESSIDADE DE ÁGUA
A maioria das leveduras cresce melhor num meio rico em água. No
entanto, como a sua TOLERÂNCIA À PRESSÃO OSMÓTICA É
GERALMENTE MAIOR DO QUE A DA MAIORIA DAS BACTÉRIAS,
considera-se que as suas necessidades em água são menores.
LEVEDURAS HALÓFILAS: crescem em meios com forte teor de sal (até 24%
para Debaryomyces) => formam um véu à superfície das salmouras de pepinos
ou de azeitonas, na crosta salgada dos queijos, no chucrute, no peixe salgado, no
salsichão.
LEVEDURAS OSMÓFILAS: toleram concentrações elevadas de açúcar (até 64%
-> Schizosaccharomyces, Zigosaccharomyces ...) => encontram-se
frequentemente nos xaropes, mel, melaço, frutas secas, etc.
Schizosaccharomyces
• Ascomicetas de forma alongada que se dividem por fissão.
• Produzem micélio.
• São anaeróbias facultativas (glucose -> álcool).
• Osmófilas => alteram sobretudo o mel e as frutas secas.
LEVEDURAS OSMÓFILAS
Zigosaccharomyces
• Ascomicetas. Gemulação multilateral.
• Anaeróbias facultativas. Fermentam os açúcares.
• Z. rouxii é a espécie mais importante (usado na produção de molho
de soja).
• Osmófilos e suportam bem a acidez.
Debaryomyces
• Ascomicetas esféricas com gemulação multilateral.
• Leveduras dominantes nos produtos lácteos.
• Algumas espécies são anaeróbias facultativas.
• Grande tolerância ao sal (crescimento em alimentos salgados).
• Podem formar um véu sobre salmouras e uma película mucosa sobre
salsichas e queijos.
• Podem alterar sumos de fruta concentrados e iogurtes.
LEVEDURAS HALÓFILASDebaryomyces
TEMPERATURA
• TEMPERATURA ÓTIMA: 20 a 30oC,
• TEMPERATURA MÁXIMA: 35 a 40oC (excepto algumas espécies
termófilas que podem crescer até 47oC).
• TEMPERATURA MÍNIMA: o crescimento geralmente para por volta
dos 5oC. OBS: várias espécies psicrófilas ainda se podem
desenvolver abaixo de 0oC, embora a um ritmo muito fraco.
A resistência térmica das células vegetativas de leveduras é fraca =>
são rapidamente destruídas pelo calor.
Os esporos, especialmente os ascósporos são um pouco mais
resistentes.
pH
pH: em geral, as leveduras saprófitas preferem um meio ácido => pH
óptimo entre 4,5 e 5,5.
OBS: Podem no entanto adaptar-se a meios mais alcalinos (até 8) ou
mais ácidos (à volta de 3 para a maioria).
OXIGÉNIO
As leveduras são:
• AERÓBIAS ESTRITAS
Ex. Pichia, Candida
ou
• AERÓBIAS-ANAERÓBIAS FACULTATIVAS
Ex. Saccharomyces, Schizosaccharomyces, Zigosaccharomyces.
OXIGÉNIO
AERÓBIAS ESTRITAS:
Desenvolvem-se formando um véu ou uma película que flutua sobre os
líquidos ou na superfície dos alimentos sólidos. Ex. Pichia, Candida,
Hansenula.
Além dos açúcares podem utilizar lípidos ou ácidos orgânicos, como
fontes de carbono.
OXIGÉNIO
AERÓBIAS-ANAERÓBIAS FACULTATIVAS:
A fermentação pode substituir a respiração aeróbia, quando as
condições do meio se tornam menos favoráveis (fracos teores de
oxigénio e concentração elevada em açúcares) => é nesta categoria de
leveduras que estão as usadas pela indústria alimentar -> multiplicam-se
rapidamente produzindo CO2 e diversos compostos orgânicos, dos quais
o álcool (o etanol) é o mais importante. Ex. Saccharomyces,
Schizosaccharomyces, Zigosaccharomyces.
FONTES DE CARBONO
GLÍCIDOS -> a maioria é capaz de utilizar açúcares simples (glicose,
frutose, manose) e algumas podem usar polissacarídeos (como o
amido) graças à secreção de enzimas glucolíticas;
ÁCIDOS ORGÂNICOS (lático, cítrico, acético, propiónico ...) -> estes
ácidos são inibidores do crescimento microbiano e, o facto das
leveduras os utilizarem abre a porta aos germes de alteração.
LÍPIDOS: algumas leveduras conseguem usar os lípidos como fonte de
carbono (ex. Saccharomyces lipolytica) => deterioração da manteiga e
da margarina.
FONTES DE AZOTO
COMPOSTOS MINERAIS AZOTADOS: amoníaco, nitratos
AZOTO ORGÂNICO: ureia, aminoácidos
PROTEÍNAS -> algumas leveduras podem segregar exoenzimas
proteolíticas dando-lhes a possibilidade de usar as proteínas presentes
no meio
PAPEL DAS LEVEDURAS NA ALIMENTAÇÃO
As leveduras estão AMPLAMENTE DIFUNDIDAS NA NATUREZA:
• Mais abundantes na VEGETAÇÃO, LEGUMES, FRUTAS e
CEREAIS.
• Também encontradas no LEITE.
USADAS NA INDÚSTRIA ALIMENTAR:
fabrico de pão
bebidas alcoólicas
fabrico de leites fermentados,
alguns queijos, etc.
PAPEL DAS LEVEDURAS NA ALIMENTAÇÃO
AGENTES DE ALTERAÇÃO DE VÁRIOS PRODUTOS
ALIMENTARES:
(contaminam praticamente todos os tipos de alimentos, mas a sua competição
com outros microrganismos limita a sua dominância a certos produtos)
PRODUTOS AÇUCARADOS ou ÁCIDOS: sumos de frutas, mel,
vinho, cerveja, chucrute, etc. => provocam modificações indesejáveis
que diminuem o valor comercial destes produtos.
PAPEL DAS LEVEDURAS NA ALIMENTAÇÃO
ALTERAÇÕES NOS PRODUTOS:
• turbidez visível nos líquidos,
• véu ou película viscosa à superfície dos alimentos,
• aumento do pH,
• odores desagradáveis,
• inchamento ou ruptura de embalagens devido à libertação de CO2.
NUNCA CAUSAM INTOXICAÇÕES ALIMENTARES
PRINCIPAIS GENEROS DE LEVEDURAS
ENCONTRADAS NOS ALIMENTOS
TIPODEALIMENTOS ExplosLEVEDURASDEALTERAÇÃOProdutosmuitoaçucarados(40a70%):mel,
xaropes,doces,compotas.
Saccharomyces,Zygosaccharomyces,
Schizosaccharomyces
Sumosebebidasaçucaradas(15%açúcar) Saccharomyces,Torulopsis,Pichia
Vinho Pichia
Cerveja Torulopsis,Pichia
Produtoslácteos Debaryomyces,Torulopsis,CandidaProdutossalgados Debaryomyces
Marinadosaçucarados Saccharomyces
Marinadossalgados Pichia,Candida
CRITÉRIOS DE CLASSIFICAÇÃO DAS LEVEDURAS
• ASCÓSPOROS: presença ou ausência, aspeto e número;
• FORMA DAS CÉLULAS VEGETATIVAS
• MODO DE MULTIPLICAÇÃO (gemulação ou fissão);
• PSEUDOMICÉLIO;
• MODO RESPIRATÓRIO: aeróbio estrito ou anaeróbio facultativo;
• NUTRIENTES ORGÂNICOS UTILIZADOS;
• TOLERÂNCIA TÉRMICA e OSMÓTICA
• etc
BOLORESORGANIZAÇÃO E REPRODUÇÃO
CONDIÇÕES DE CRESCIMENTO: AW, TEMPERATURA, PH, O2
NECESSIDADES NUTRICIONAIS
PAPEL DOS BOLORES NA ALIMENTAÇÃO
CRITÉRIOS DE CLASSIFICAÇÃO
ORGANIZAÇÃO DOS BOLORES
• Os bolores, tal como as leveduras, constituem um grupo muito
heterogéneo.
• A olho nu, um bolor reconhece-se pelo seu aspeto aveludado,
algodonoso ou pulverulento.
• Ao microscópio, nota-se principalmente a sua organização
filamentosa (micélio verdadeiro) e a presença de órgão de
frutificação que produzem esporos assexuados.
REPRODUÇÃO ASSEXUADA
ESPORANGIÓSPOROS, CONIDIÓSPOROS -> corpo de frutificação
ARTRÓSPOROS, CLAMIDIÓSPOROS -> hifas vegetativas
ESPORANGIÓSPOROS: esporos produzidos em grande número numa
espécie de sacos (ESPORÂNGIOS) => quando o esporângio rebenta
liberta milhares de esporos no ar.
Principais géneros que produzem esporangiósporos encontrados nos
alimentos: Mucor e Rhizopus.
Mucor
• Hifas não septadas;
• Reprodução por esporangiósporos;
• Colónias com aspeto de algodão;
• Contaminam todos os tipos de alimentos;
Rhizopus
• Hifas não septadas;
• Reprodução por esporangiósporos;
• Frequente no pão e pastelaria;
• Também altera frutas, legumes, carne, etc.
REPRODUÇÃO ASSEXUADA
CONIDIÓSPOROS: “rosários” de esporos que aparecem nas
extremidades de hifas especializadas chamadas CONIDIÓFOROS.
Principais géneros de bolores que produzem conidiósporos encontrados
nos alimentos: Penicillium e Aspergillus.
Penicillium
• Muito comuns;
• Esverdeados;
• Conídios em rosário;
• Existem formas perfeitas que produzem ascósporos;
• Alimentos: frutas, cereais;
• Algumas espécies produzem micotoxinas;
• Deram o nome à penicilina, produzida por algumas espécies;
• Utilizados em queijarias
queijos e pasta mole e marmoreados;
• Produzem enzimas e proteínas.
Aspergillus
• Conídios pretos, verdes ou castanhos, produzidos em cadeias;
• Algumas espécies produzem ascósporos (reprodução sexuada);
• Alimentos: frutas, legumes, cereais, carnes salgadas e secas,
óleos;
• Algumas espécies xerófilas => desenvolvem-se nos grãos de
leguminosas e em alimentos com concentrações significativas de
sal ou de açúcar -> presunto, doces;
• A. flavus => micotoxinas
REPRODUÇÃO ASSEXUADA
A forma dos conídeos varia conforme as espécies.
Os conídeos multicelulares são chamados MACROCONÍDEOS.
REPRODUÇÃO ASSEXUADA
Outros tipos de esporos assexuados podem ser produzidos diretamente
sobre o MICÉLIO VEGETATIVO. Conforme os grupos, encontramos
principalmente:
ARTRÓSPOROS
CLAMIDIÓSPOROS
REPRODUÇÃO SEXUADA
Muito rara nos bolores.
Nas formas perfeitas de bolores que existem nos alimentos, são
essencialmente produzidos os ZIGÓSPOROS e os ASCÓSPOROS.
CONDIÇÕES DE CRESCIMENTO
Proliferam na superfície dos alimentos cuja disponibilidade de água,
pressão osmótica e pH são menos favoráveis às bactérias.
CONDIÇÕES DE CRESCIMENTO
NECESSIDADE DE ÁGUA:
• Inferior ao das bactérias e da maioria das leveduras.
• Algumas espécies podem mesmo atacar alimentos secos (leite em pó,
grão de cereais) se humidade do ar elevada => controlo da humidade
do ar é importante.
• A maioria dos bolores suporta bem teores elevados de sal e
principalmente de açúcar => charcutarias muito salgadas, doces, frutas
secas, chocolate, etc. não estão ao abrigo de espécies especialmente
tolerantes – XERÓFILAS (ex. Xeromyces e algumas espécies de
Aspergillus).
CONDIÇÕES DE CRESCIMENTO
TEMPERATURA:
• A maioria desenvolve-se bem entre 15 e 30oC, com uma temperatura
óptima entre 20 e 25oC.
• Crescimento geralmente inibido pela refrigeração, excepto para as
espécies psicrófilas => presença nos armazéns frigoríficos.
• Espécies termófilas => capazes de crescer até 57oC.
CONDIÇÕES DE CRESCIMENTO
pH:
• Toleram uma ampla gama de pH (2 a 8,5).
• pH ótimo situa-se geralmente entre 4 e 6.
OXIGÉNIO:
AERÓBIOS ESTRITOS.
NECESSIDADES NUTRICIONAIS
• Rico arsenal enzimático => atacam uma grande variedade de
alimentos.
• Exoenzimas => permitem-lhes assimilar os nutrientes complexos
(amido, pectina, proteínas, lípidos ...).
PAPEL DOS BOLORES NA ALIMENTAÇÃO
VERSÁTEIS => invadem quase todos os tipos de alimentos =>
depreciação do aspeto e das qualidades organoleticas.
MICOTOXINAS: algumas espécies de fungos podem produzir
micotoxinas.
BENÉFICOS NA INDÚSTRIA ALIMENTAR:
Penicillium -> cura de numerosos queijos (camambert, brie, roquefort,
...).
Rhizopus e Aspergillus -> produção de alimentos orientais (ex. molho de
soja)
TIPODEALIMENTOS ExplosBOLORES
Manteiga Aspergillus
Queijos Mucor,PenicilliumLegumesfrescos Aspergillus
Frutasfrescas Aspergillus,Penicillium,
Pãoepastelaria Mucor,PenicilliumGrãodeoleaginosas Aspergillus
Frutassecas Aspergillus,Xeromyces
Alimentossalgados Aspergillus,Xeromyces
EXEMPLO DE BOLORES NOS ALIMENTOS
CRITÉRIOS DE CLASSIFICAÇÃO
ASPETO E COLORAÇÃO DAS COLÓNIAS:
• algodonosas, aveludadas, pulverulentas ou gelatinosas;
• coloração variável.
OBSERVAÇÃO MICROSCÓPICA:
• aspeto das hifas (septadas ou não; coloração);
• características do aparelho frutífero;
• tipo e aspeto dos esporos.