+ All Categories
Home > Education > Arte literária 2012 nota de aula 1 mast

Arte literária 2012 nota de aula 1 mast

Date post: 01-Jul-2015
Category:
Upload: pericles-penuel
View: 6,471 times
Download: 2 times
Share this document with a friend
28
ARTE LITERÁRIA Arte (Latim Ars, significa técnica e/ou habilidade) geralmente é entendida como a atividade humana ligada a manifestações de ordem estética , feita por artistas a partir de percepção, emoções e ideias, com o objetivo de estimular essas instâncias de consciência em um ou mais espectadores, dando um significado único e diferente para cada obra de arte. Toda arte é uma representação/ imitação da realidade (Mimese da realidade). 1 Arte é um fenômeno cultural . Regras absolutas sobre arte não sobrevivem ao tempo, mas em cada época, diferentes grupos (ou cada indivíduo) escolhem como devem compreender esse fenômeno. REALIDADE X FICÇÃO (construção de uma realidade/ p. 04). DEFINIÇÕES DE ARTE (P. 05). A definição de arte varia de acordo com a época e a cultura. Pode ser separada ou não em arte rupestre, como é entendida hoje na civilização ocidental , do artesanato , da ciência , da religião e da técnica no sentido tecnológico . Assim, entre os povos ditos primitivos, a arte, a religião e a ciência estavam juntas na figura do xamã , que era artista (músico, ator, poeta, etc.), sacerdote e médico. Originalmente, a arte poderia ser entendida como o produto ou processo em que o conhecimento é usado para realizar determinadas habilidades, em determinada cultura. A produção literária de um povo, seja em uma ou em várias de suas manifestações como a dança, a pintura, a escultura, a música, o desenho, a arquitetura, a fotografia, o cinema, a literatura oral e escrita, faz parte do conjunto de atividades a que damos o nome de cultura. (p. 05) Os gregos, na época clássica (século V a.C.) , entendiam que não existia a palavra arte no sentido que empregamos hoje, e sim " tekné ", da qual originou-se a palavra "técnica" nas línguas neolatinas. Para eles, havia a arte, ou técnica, de se fazer esculturas, pinturas, sapatos ou navios. Neste sentido, é a acepção ainda hoje usada no termo artes marciais . 1 Mimesis ou mimese, simplificando, significa imitação ou representação em grego. Tanto Platão quanto Aristóteles viam, na mimesis, a representação da natureza. Contudo, para Platão toda a criação era uma imitação, até mesmo a criação do mundo era uma imitação da natureza verdadeira (o mundo das ideias). Sendo assim, a representação artística do mundo físico seria uma imitação de segunda mão. Já Aristóteles via o drama como sendo a “imitação de uma ação”, que na tragédia teria o efeito catártico. Como rejeita o mundo das ideias, ele valoriza a arte como representação do mundo. Esses conceitos estão no seu mais conhecido trabalho, a Poética. Catarse significa "purificação", "evacuação" ou "purgação". Segundo Aristóteles, a catarse refere-se à purificação das almas por meio de uma descarga emocional provocada por um drama.
Transcript
Page 1: Arte literária 2012 nota de aula 1 mast

ARTE LITERÁRIA

● Arte (Latim Ars, significa técnica e/ou habilidade) geralmente é entendida

como a atividade humana ligada a manifestações de ordem estética , feita por artistas a partir

de percepção, emoções e ideias, com o objetivo de estimular essas instâncias de consciência

em um ou mais espectadores, dando um significado único e diferente para cada obra de arte.

Toda arte é uma representação/ imitação da realidade (Mimese da realidade).1 Arte é um

fenômeno cultural . Regras absolutas sobre arte não sobrevivem ao tempo, mas em cada

época, diferentes grupos (ou cada indivíduo) escolhem como devem compreender esse

fenômeno.

● REALIDADE X FICÇÃO (construção de uma realidade/ p. 04).

● DEFINIÇÕES DE ARTE (P. 05).

● A definição de arte varia de acordo com a época e a cultura. Pode ser separada ou não

em arte rupestre, como é entendida hoje na civilização ocidental, do artesanato, da

ciência, da religião e da técnica no sentido tecnológico.

● Assim, entre os povos ditos primitivos, a arte, a religião e a ciência estavam juntas na

figura do xamã, que era artista (músico, ator, poeta, etc.), sacerdote e médico.

Originalmente, a arte poderia ser entendida como o produto ou processo em que o

conhecimento é usado para realizar determinadas habilidades, em determinada

cultura. A produção literária de um povo, seja em uma ou em várias de suas

manifestações como a dança, a pintura, a escultura, a música, o desenho, a

arquitetura, a fotografia, o cinema, a literatura oral e escrita, faz parte do conjunto de

atividades a que damos o nome de cultura. (p. 05)

● Os gregos, na época clássica (século V a.C.) , entendiam que não existia a palavra arte

no sentido que empregamos hoje, e sim " tekné ", da qual originou-se a palavra "técnica"

nas línguas neolatinas. Para eles, havia a arte, ou técnica, de se fazer esculturas,

pinturas, sapatos ou navios. Neste sentido, é a acepção ainda hoje usada no termo

artes marciais.

1 Mimesis ou mimese, simplificando, significa imitação ou representação em grego. Tanto Platão quanto

Aristóteles viam, na mimesis, a representação da natureza. Contudo, para Platão toda a criação era uma imitação,

até mesmo a criação do mundo era uma imitação da natureza verdadeira (o mundo das ideias). Sendo assim, a

representação artística do mundo físico seria uma imitação de segunda mão. Já Aristóteles via o drama como sendo a

“imitação de uma ação”, que na tragédia teria o efeito catártico. Como rejeita o mundo das ideias, ele valoriza a arte

como representação do mundo. Esses conceitos estão no seu mais conhecido trabalho, a Poética. Catarse significa

"purificação", "evacuação" ou "purgação". Segundo Aristóteles, a catarse refere-se à purificação das almas por meio

de uma descarga emocional provocada por um drama.

Page 2: Arte literária 2012 nota de aula 1 mast

● No sentido moderno , também podemos incluir o termo arte como a atividade

artística ou o produto da atividade artística. Tradicionalmente, o termo arte foi utilizado para se

referir a qualquer perícia ou maestria, um conceito que terminou durante o período romântico,

quando arte passou a ser visto como "uma faculdade especial da mente humana para ser

classificada no meio da religião e da ciência".

● A arte existe desde que há indícios do ser humano na Terra. Ao longo do tempo, a

função da arte tem sido vista como um meio de espelhar nosso mundo (naturalismo), para

decorar o dia a dia e para explicar e descrever a história e os diversos eus que existem dentro

de um só ser (como pode ser visto na literatura) e para ajudar a explorar o mundo e o próprio

homem. Estilo é a forma como a obra artística se mostra, enquanto que Estética é o ramo da

Filosofia que explora a arte como fundamento.

● Uma obra artística só se torna conhecida quando algo a faz ficar diante de um dos

sentidos do ser humano. Os avanços tecnológicos contribuem de uma forma colossal para criar

acessibilidade entre a pessoa que deseja desfrutar da arte e a própria arte. A pessoa e a obra

se unem então, por diversos meios, como os rádios (para a música), os museus (para pinturas,

esculturas e manuscritos), e a televisão, que talvez seja, entre esses itens citados, o que mais

capacidade tem para levar a obra artística a um número grande de interessados, por utilizar

diversos sentidos (visão, audição) e por utilizar também satélite. A própria Internet é fonte de

transmissão entre a obra e o interessado, com sites que distribuem E-books e por softwares

especializados em conectar o computador do usuário a uma rede com diversos outros

computadores.

● Entretanto, exploradores, comerciantes, vendedores e artistas de público

(palhaços, malabaristas, ator, etc.) também costumam apresentar ao público as obras, nos

mais diversos lugares, de acordo com suas funções. A arqueologia transmite ideias de outras

culturas; a fotografia é uma forma de arte e está acessível por todos os cantos do mundo; e

também por almanaques, enciclopédias e volumes em geral é possível conhecer a arte e sua

história. A arte não se restringe apenas a uma escultura ou pintura, mas também à música, ao

cinema, à dança, etc.

● O ser que faz arte é definido como o artista. O artista faz arte segundo seus

sentimentos, suas vontades, seu conhecimento, suas ideias, sua criatividade e sua

imaginação, o que deixa claro que cada obra de arte é uma forma de interpretação da vida,

um conhecimento de mundo.

● A inspiração seria o estado de consciência que o artista atinge. A percepção, a

razão e a emoção encontram-se combinados de forma a realizar as melhores obras. Seria o

insight de algumas teorias da psicologia.

Alguns sentidos da Arte.

● Arte: representação do Belo (p. 05)

Page 3: Arte literária 2012 nota de aula 1 mast

● Na Antiguidade : harmonia e proporção entre as formas (modelo de

perfeição);

● No século XIX : O Romantismo adota o sentimento, a imaginação e a emoção

como fórmula da criação artística;

● No século XX em diante: deixa de ser apenas representação do Belo e passa a

expressar também o movimento, a luz, o cromatismo ou a interpretação geométrica das

formas existentes. Na Psicologia, pôde até representar o inconsciente humano. Assim, a arte

pode ser entendida como permanente recriação de uma linguagem. Pode ser uma

provocação, espaço de reflexão e de interrogação (relação entre o observador e o objeto

observado).

● Arte: reflexo do artista (ideologia/ idiossincrasia – ideais, modo de ver e

compreender o mundo); (p. 06)

● Obra: expressão da época, da cultura (processo histórico/diacrônico)

OS AGENTES DA PRODUÇÃO ARTÍSTICA (P. 07)

● Contexto de produção (Condições de Produção)– pistas sobre seu significado e

intenções de seu produtor/enunciador, intencionalidade literária/artística/discursiva;

● Escolhas que realiza : indícios reveladores do contexto de uma dada “realidade”;

● O artista promove um diálogo com seus contemporâneos e lhes propõe uma

reflexão sobre o contexto em que estão inseridos;

● Toda obra de arte interage com um público, o interlocutor. Este “participa” da

construção dos sentidos expressos na obra.

● Toda obra se manifesta em determinada linguagem com estrutura própria.

● Agentes de criação: o artista (tem função social/representa o social), o contexto

social, o público-alvo, a linguagem, a estrutura e o contexto de circulação revelam muito de

uma obra de arte.

O QUE É LITERATURA?

● A palavra Literatura vem do latim "litteris" que significa "Letras", e

possivelmente uma tradução do grego "grammatikee". Em latim, literatura significa uma

instrução ou um conjunto de saberes ou habilidades de escrever e ler bem, e se

relaciona com as artes da gramática, da retórica e da poética. Por extensão, se refere

especificamente à arte ou ofício de escrever de forma artística. O termo Literatura também é

usado como referência a um corpo ou um conjunto escolhido de textos como, por exemplo, a

literatura médica, a literatura inglesa, literatura portuguesa, literatura japonesa etc.

Page 4: Arte literária 2012 nota de aula 1 mast

● A arte que utiliza a palavra como matéria-prima de suas criações é

chamada de literatura. Ela existe há milênios. Entretanto, sua natureza e suas funções (papel

que a literatura desempenha nas sociedades) continuam objeto de discussão principalmente

para os artistas, seus criadores. (p. 09)

● O homem, como ser histórico, tem anseios, necessidades e valores que se

modificam constantemente. Suas criações ‒ entre elas a literatura ‒ refletem seu modo de ver

e de estar no mundo. Assim, ao longo da história, a literatura foi concebida de

diferentes maneiras. Mesmo os limites entre o que é e o que não é literatura variaram com

o tempo. Vejamos algumas funções do texto literário: (p. 9-10)

● A literatura nos faz sonhar (descanso para os problemas cotidianos, espaço de

sonho e fantasia);

● A literatura provoca reflexões (responde a perguntas que inquietam o Homem);

● A literatura diverte (crônicas, por exemplo);

● A literatura e a construção de nossa identidade (história coletiva/social/nacional);

● A literatura nos “ensina a viver” (humanização do homem);

● A literatura denuncia a realidade (valorização dos direitos humanos).

● Literatura e engajamento político (consciência política).

LITERATURA E REALIDADE

As obras literárias ao utilizar a palavra, recria a realidade, a vida. Essa definição focaliza

dois aspectos opostos, mas complementares, da arte literária: criação e representação .

Por um lado ela é invenção. O autor/artista/enunciador cria uma realidade imaginária,

fictícia, verossímil2. Mas o universo da ficção mantém relações vivas com o mundo real. Nesse

sentido, a literatura é imitação da realidade. (p. 11)

Frequentemente os autores utilizam fatos de suas vidas como matéria de literatura. São

as chamadas confessionais. Mesmo nesses casos, não devemos entender os texto como

simples biografias. Os fatos pessoais são apenas parte da matéria literária, o ponto de partida.

Entre o que o autor viveu ou sentiu e a obra existem todas as mediações da invenção, da

2 Atributo daquilo que parece intuitivamente verdadeiro, isto é, o que é atribuído a uma realidade portadora de uma aparência ou de uma probabilidade de verdade, na relação ambígua que se estabelece entre imagem e ideia.

Page 5: Arte literária 2012 nota de aula 1 mast

imaginação. Há, sobretudo, o trabalho criativo com a palavra, que pode ser em versos ou em

prosa3.

PARA QUE SERVE A ARTE? PARA QUE SERVE A LITERATURA?

Variam com o tempo e com as pessoas para se responder a essas perguntas.

Evidentemente, a função de uma obra literária depende dos objetivos e das intenções do

autor. Mas os leitores também têm maneiras diferentes de ler e são levados a abrir um livro

por motivos diferentes. Alguns buscam na literatura apenas um divertimento sem grandes

consequências para a vida; outros, um instrumento de transformação e de aperfeiçoamento. Já

outros esperam que seja um veículo de análise e de crítica em relação à sociedade e à vida.

A literatura é uma arte verbal, isto é, seu meio de expressão é a palavra, mas esta

não é privilégio do escritor, pois ela serve como forma de expressão para todas as

pessoas. No entanto, há uma diferença entre a linguagem literária e a linguagem usada na

comunicação diária. Essa diferença reside no trabalho criativo do escritor durante a

elaboração de seus textos, na sua capacidade de criar mensagens que podem ser lidas ou

interpretadas de diferentes modos, conforme o nível de leitura do leitor, não podendo

esquecer que a leitura é um processo ativo de atribuição de sentido a um texto.

Conotação (sentido conotativo ou figurado): É quando as palavras não são empregadas

no sentido costumeiro, mas, ao contrário, fazem o leitor parar e refletir, despertando nele

outras ideias. O uso literário das palavras promove a multiplicação dos sentidos e, assim,

permite que o texto sofra diferentes leituras e interpretações. O uso conotativo da linguagem

faz com que as palavras ganhem novos/diferentes significados (Plurissignificação) e

produzam interessantes efeitos de sentido.

Denotação (sentido denotativo ou literal): É quando queremos deixar bem claro a

mensagem, tal como vem registrado nos dicionários.

● Texto literário: predomina a função poética, pois apresenta a linguagem

centrada nas emoções do observador e a preocupação intencional com o modo de expressá-

3 As características mais evidentes de um texto escrito em prosa são a organização linear e

a sua divisão em parágrafos ‒ enunciados de sentido completo compostos de frases, orações e‒

períodos. Já o poema é a forma de linguagem organizada em versos ‒ cada uma das linhas do poema e‒

em estrofes um conjunto de versos. ‒ Poesia, além de se referir à arte poética, é o nome que se dá ao

conjunto da produção em versos de um poeta. Mais do que forma, poesia significa um contexto rico de

encanto, de emotividade.

Page 6: Arte literária 2012 nota de aula 1 mast

las. A esse tipo de linguagem chamamos de literária. O enunciador retrata a realidade de

forma subjetiva, o que importa é o modo como o autor explora a sonoridade e a

expressividade das palavras. Não há preocupação de caracterizar cientificamente, nem de

oferecer dados objetivos sobre a realidade.

● Texto não literário: Há o predomínio da função informativa e/ou científica e,

como tal, pretende apenas informar, explicar, documentar. A linguagem empregada é

predominantemente objetiva, o mais importante é a transmissão precisa de informações;

fundamenta-se em fatos históricos, concretos, dados estatísticos, científico. Trata-se de uma

linguagem não literária.

O TEXTO LITERÁRIO APRESENTA:

-Ficcionalidade: os textos não fazem, necessariamente, parte da realidade.

- Função estética: o artista procura representar a realidade a partir da sua visão

(subjetiva).

- Plurissignificação: nos textos literários as palavras assumem diferentes significados.

- Intertextualidade: um autor faz referência a outro (a outros) texto (s), com o

objetivo de apoiar o que já foi dito ou de dizer algo totalmente diferente, de criticar um ponto

de vista, uma visão de mundo. Inclui os textos verbais e não verbais e pode ser explícita ou

implícita.

- Polifonia: os textos são essencialmente polifônicos, isto é, são atravessados por uma

multiplicidade de vozes: uma voz privilegiada, a do locutor principal, que vai incorporando

outras, quando temos citações diretas e indiretas, individuais e coletivas.

- Subjetividade: expressão pessoal de experiências, emoções e sentimentos.

As obras literárias são divididas em escolas literárias, pois cada obra apresenta um

estilo de época (p.60), ou seja, um conjunto de características formais e de seleção de

conteúdo evidente na obra de escritores e poetas que viveram em um mesmo momento. Já o

uso particular que um escritor ou poeta faz dos elementos que distinguem uma estética define

o estilo individual de um autor, sempre marcado pelo olhar específico que dirige aos temas

característicos de um período e pelo uso singular que faz dos recursos de linguagem

associados a uma determinada estética literária. As escolas literárias são: Trovadorismo;

Classicismo; Barroco; Arcadismo; Romantismo; Realismo/Naturalismo; Simbolismo;

Modernismo.

Há um momento de transição entre o Trovadorismo e o Classicismo conhecido como

Humanismo, e muitos críticos literários afirmam que ainda exista um estilo de época

denominado Pós-Modernismo.

Page 7: Arte literária 2012 nota de aula 1 mast

FUNÇÕES DA LINGUAGEM

Toda linguagem tem um objetivo. A linguagem verbal, por sua vez, tem alguns objetivos

muito claros e por isso devem ser estudados para que possamos melhor entendê-la e utilizá-la.

Vejamos primeiramente como funciona o sistema de comunicação , utilizando a

linguagem verbal.

- Aquele que emite a mensagem, codificando-a em palavras chama-se

EMISSOR.

- Quem recebe a mensagem e a decodifica, ou seja, apreende a ideia, é chamado

de RECEPTOR.

- Aquilo que é comunicado, o conteúdo da comunicação é chamado de

MENSAGEM.

- CÓDIGO é o sistema linguístico escolhido para a transmissão e recepção da

mensagem.

- REFERENTE, por sua vez, é o contexto em que se encontram o emissor e o

receptor.

- O meio pelo qual esta mensagem é transmitida é nomeado CANAL.

SÃO SEIS AS FUNÇÕES BÁSICAS DA LINGUAGEM VERBAL:

• Referencial = (ênfase no referente / contexto)

• Emotiva ou expressiva (ênfase no emissor)

• Apelativa ou Conativa = (ênfase no receptor)

• Fática = (ênfase no canal)

• Metalinguística = (ênfase no código)

• Poética = (ênfase na mensagem)•

1) Função Emotiva/Expressiva

• É centralizada no emissor . Como o próprio nome já diz, tem o papel de exprimir

emoções, impressões pessoais a respeito de determinado assunto . Por esse motivo ela

normalmente vem escrita em primeira pessoa e de forma bem subjetiva/ pessoal. Em textos

que utilizam a função emotiva há uma presença marcante de figuras de linguagem,

mensagens subentendidas, elementos nas entrelinhas, etc.

Page 8: Arte literária 2012 nota de aula 1 mast

• Os textos que mais comumente se utilizam desse tipo de linguagem são as

cartas, as poesias líricas, as memórias, as biografias, entre outros.

2) Função Referencial/Denotativa

• Contrariamente à emotiva, esse tipo de linguagem é centralizado no receptor.

Como seu foco seja transmitir a mensagem da melhor maneira possível, a linguagem utilizada

é objetiva, recorrendo a conceitos gerais, vocabulário simples e claro, ou, dependendo do

público alvo, vocabulário que melhor se ajuste a ele. É chamada de denotativa devido à

objetividade das informações, à clareza das ideias. Há uma prevalência do uso da terceira

pessoa, o que torna o texto ainda mais impessoal. Centra-se na informação e transmite dados

da realidade ao interlocutor de forma direta, objetiva, sem ambiguidade.

• Os textos que normalmente fazem uso dessa função são os textos jornalísticos,

dissertativos, técnicos, instrucionais e os científicos.

3) Função Apelativa/Conativa•• Como sugere a nomenclatura, essa função serve para fazer apelos, pedidos,

súplicas para comover, persuadir ou convencer alguém a respeito do que se diz .

Centralizada no receptor, procura influenciá-lo em seus pensamentos ou ações. É bastante

frequente o uso da segunda pessoa, dos vocativos e dos imperativos.

• Para tentar persuadir o destinatário, é preciso, antes de mais nada, falar a língua

dele, apelar para exemplos e argumentos significativos em relação a sua classe social, a sua

formação cultural, a seus sonhos e desejos.

• Essa função é aplicada particularmente nas propagandas ou outros textos

publicitários, e também em campanhas sociais, com o objetivo de comover o leitor.

•4) Função fática

•• Centraliza-se no canal . Tem o objetivo de estabelecer um contato ou

comunicação com o destinatário, prolongando uma comunicação ou então testando o canal

com frases do tipo “Veja bem”ou “Olha...” ou “Compreende?”, não necessariamente com uma

carga semântica aparente. O mesmo acontece com o famoso “Plim! Plim!” da Rede Globo. Na

verdade, o “Plim! Plim!” tem a função específica de chamar a atenção do telespectador (que

se distraiu durante o intervalo comercial) para o canal, no caso, a televisão.

• É utilizada em saudações, cumprimentos do dia a dia, expressões idiomáticas,

marcas orais, etc.

5) Função poética

Page 9: Arte literária 2012 nota de aula 1 mast

• Caracteriza-se basicamente pelo uso de linguagem figurada, metáforas e demais

figuras de linguagem, rima, métrica, etc. É semelhante à linguagem emotiva, sendo que não

necessariamente revela sentimentos ou impressões a respeito do mundo.

• A intenção do produtor do texto está voltada para a própria mensagem, para uma

especial arrumação das palavras, quer na escolha, quer na combinação delas, quer na

organização sintática da frase. Num texto poético, você pode encontrar também as demais

funções da linguagem, mas o valor da poesia reside exatamente no trabalho realizado com a

própria mensagem.

• Importante é perceber que a função poética não é exclusiva da poesia: você

poderá encontrá-la em textos escritos e em prosa, em anúncios publicitários e mesmo na

linguagem cotidiana. Nesses casos, ela não será a função dominante.

• Como se pode constatar, essa função é aplicada em poesias, músicas e algumas

obras literárias.

6) Função metalinguística

• Esta última função está presente principalmente em dicionários. Caracteriza-se

por trazer consigo uma explicação da própria língua. Nos textos verbais, o código é a língua.

Quando usamos a língua para explicar a própria língua, ocorre metalinguagem. Pode ocorrer

esta função da linguagem também em poesias, obras literárias, etc.

• A preocupação do emissor está voltada para o próprio código utilizado, ou seja, o

código é o tema da mensagem ou é utilizado para explicar o próprio código. Ocorre quando o

código é posto em destaque, ou seja, usa-se o código linguístico para transmitir aos receptores

reflexões sobre o próprio código linguístico. Bons exemplos da função metalinguística são as

aulas de línguas, gramáticas, o dicionário, um livro convertido em filme, uma pintura que

mostra o próprio artista executando a tela, um poema que fala do ato de escrever, ao longo de

um texto, expressões como «isto é», «ou seja», «quer dizer» são exemplos desta função.

o Qual objetivo do seu texto?

• Por meio da linguagem, também realizamos diferentes ações: transmitimos

informações, tentamos convencer o outro a fazer (ou dizer) algo, assumimos compromissos,

ordenamos, pedimos, demonstramos sentimentos, construímos representações mentais sobre

nosso mundo, enfim, pela linguagem organizamos nossa vida do dia a dia, em diferentes

aspectos.

• Diferenciar que objetivo predomina em cada situação de comunicação auxilia a

compreender melhor o que foi dito.

Page 10: Arte literária 2012 nota de aula 1 mast

• As funções da linguagem estão centradas nos elementos da

comunicação. Toda comunicação apresenta uma variedade de funções, mas elas se

apresentam hierarquizadas, sendo uma dominante, de acordo com o enfoque que o

destinador/emissor quer dar ou do efeito que quer causar no recebedor/receptor.

• Exemplos/Explicações:

• Compare os dois textos a seguir:

• “Não só baseado na avaliação do Guia da Folha, mas também por

iniciativa própria, assisti cinco vezes a “Um filme falado”. Temia que a crítica brasileira

condenasse o filme por não se convencional, mas tive uma satisfação imensa quando li

críticas unânimes na imprensa. Isso mostra que, apesar de tantos enlatados, a nossa

crítica é antenada com o passado e o presente da humanidade e com as coisas que

acontecem no mundo. Fantástico! Parabéns, Sérgio Rizzo, seus textos nunca me

decepcionam.”

• Luciano Duarte. Guia da Folha, 10 a 16 de junho 2005.

• ****UM FILME FALADO - Idem. França/Itália/Portugal, 2003. Direção:

Manoel de Oliveira. Com: Leonor Silveira, John Malkovich, Catherine Deneuve, Stefania

Sandrelli e Irene Papas. Jovem professora de história embarca com a filha em um cruzeiro

que vai de Lisboa a Bombaim. 96 min. 12 anos. Cinearte 1, desde 14. Frei Caneca

Unibanco Arteplex7, 13h, 15h10, 17h20, 19h30 e 21h50.•

Função emotiva

• No primeiro texto, o destinador usa alguns procedimentos que não aparecem no

texto B, tais como, emprego de 1ª pessoa: assisti, temia, tive, li (eu), destaque para

qualidades subjetivas por meio de adjetivos (satisfação imensa, críticas unânimes, fantástico),

advérbios (nunca me decepcionam), uso de recursos gráficos que indicam ênfase, como o

ponto de exclamação (fantástico!).

• O efeito que resulta é o destaque para a subjetividade do emissor, sua adesão

ao conteúdo que informa. Não é o fato, mas o ponto de vista do emissor que está em

destaque, sua percepção dos acontecimentos. Nesse exemplo, temos o enfoque no emissor e

a função predominante nesse texto é a função emotiva ou expressiva.

Função referencial

Page 11: Arte literária 2012 nota de aula 1 mast

• No segundo texto, outros procedimentos são colocados em destaque: uso da 3ª

pessoa, explicitado no trecho: jovem professora de história (ela), ausência de adjetivos (a

indicação de que o filme é bom aparece na quantidade de estrelinhas, quatro indica muito

bom), ausência de expressões que indicam a opinião do emissor, como eu acho, eu desejo,

emprego de um conjunto de informações que diz respeito a coisas do mundo real, tais como a

exatidão dos horários, o endereço, os nomes próprios.

• Esse conjunto de informações dá ao destinador a impressão de

objetividade, como se a informação traduzisse verdadeiramente o que acontece no mundo

real. Nesse caso, a função predominante é a função referencial ou informativa .

Função conativa

• RESERVA CULTURAL

• ocê nunca viu cinema assim. Não perca a retrospectiva especial de

inauguração, com 50% de desconto, apresentando cinco filmes que foram sucesso de

público. E, claro, de crítica também.•

• Nesse texto, o destaque está no destinatário. Para isso o emissor se valeu de

procedimentos como o uso da 2ª pessoa (tu, ou, no caso do português brasileiro, você), o uso

do imperativo (Não perca). O resultado é a interação com o destinatário procurando convencê-

lo a realizar uma ação: ir ao espaço cultural. Espera-se como resposta que o destinatário

realiza a ação.

• Os textos publicitários em geral procuram convencer ou persuadir o destinatário a

dar uma resposta, que pode ser a mudança de comportamento, de hábitos, como abrir conta

em banco, frequentar determinados tipos de lugares ou consumir determinado produto. Nesse

tipo de texto, o foco está no destinatário e o predomínio é da função conativa ou apelativa .

Função fática

• Em um outro tipo de situação muito comum na conversação cotidiana, o

emissor usa procedimentos para manter o contato físico ou psicológico com o interlocutor,

como em alô!, ao iniciar uma conversa telefônica, ou fórmulas prontas para dar continuidade à

conversa como em ahan, uh, bem, como?, pois é ou em está me ouvindo?, para retomar o

contato telefônico. Esse tipo de mensagem que serve para manter o contato, para sustentar

ou "encompridar" ou interromper a conversa põe em destaque o canal de comunicação tem

como função predominante a função fática .

Função metalinguística

Page 12: Arte literária 2012 nota de aula 1 mast

• Já outros textos que têm como objetivo falar da própria linguagem, como em o

que você está querendo dizer?... ou em que o emissor quer precisar, esclarecer, o que está

dizendo, como em eu quis dizer... bem... quero dizer que essa palavra poderia ser substituída

por outra mais precisa, que desse a entender que...".

• Nesse exemplo, o predomínio da mensagem é da função metalinguística. Fazemos

uso de metalinguagem, ao preencher um exercício de palavras cruzadas ou consultar um

dicionário. Nessas situações, estamos nos atendo ao próprio código, isto é, estamos usando a

linguagem (o código) para falar, explicar, descrever o próprio código linguístico.

Função poética

• Tecendo a manhã

João Cabral de Melo Neto

• Um galo sozinho não tece uma manhã:

ele precisará sempre se outros galos.

De um que apanhe esse grito que ele

e o lance a outro; de um outro galo

que apanhe o grito que um galo antes

e o lance a outro; e de outros galos

que com muitos outros galos se cruzem

os fios de sol de seus gritos de galo,

para que a manhã, desde uma tela tênue,

se vá tecendo, entre todos os galos.•

• Aqui, temos um texto em que a função se centra na própria mensagem, como

se o conteúdo fosse transparente, a mensagem chama a atenção para o lado material do

signo, como a sonoridade (veja a repetição da vogal a e dos sons nasais), a estrutura, o

ritmo. Observe que há rupturas no modo como a frase normal se organizaria (3º verso: esse

grito que ele/ 4º verso: e o lance a outro). Experimente fazer a seguinte leitura: 2º verso

termina com galos, 4º verso começa com e o lance a outro, 4º verso termina com galo, 6º

verso começa com e o lance a outro, 7º verso termina com cruzem, 9º verso começa com para

que a manhã. É possível perceber a teia se tecendo, nas próprias palavras?

• O efeito é de estranhamento, de novidade, pela exploração dos vários elementos

do signo. É importante lembrar que, embora a função poética esteja mais presente na poesia,

não é exclusividade da literatura. A linguagem da publicidade explora os recursos dos signos,

construindo novos sentidos ao romper com o modo tradicional como vemos as palavras.

Page 13: Arte literária 2012 nota de aula 1 mast

• FIGURAS DE LINGUAGEM

• As figuras de linguagem ou de estilo são empregadas para valorizar o texto,

tornando a linguagem mais expressiva. São um recurso linguístico para expressar de formas

diferentes experiências comuns, conferindo originalidade, emotividade ao discurso, ou

tornando-o poético.

• As figuras revelam muito da sensibilidade de quem as produz, traduzindo

particularidades estilísticas do autor. A palavra empregada em sentido figurado passa a

pertencer a outro campo de significação, mais amplo e criativo.

• As figuras de linguagem classificam-se em: figuras de palavra; figuras de

pensamento; figuras de harmonia ou sonoras e figuras de construção ou sintaxe.

• FIGURAS DE PALAVRAS OU TROPOS

• Consistem no emprego de um termo com sentido diferente daquele

convencionalmente empregado, a fim de se conseguir um efeito mais expressivo na

comunicação.

• Metáfora – É uma comparação abreviada, que dispensa o uso dos conectivos (=

conjunções) comparativos. É uma comparação mental/subjetiva. Normalmente vem com o

verbo de ligação claro ou subentendido na frase.

• Exemplos:

• ...a vida é cigana

• É caravana

• É pedra de gelo ao sol (Geraldo Azevedo e Alceu Valença)

• Comparação/Símile – Consiste em aproximar dois elementos que se identificam,

Page 14: Arte literária 2012 nota de aula 1 mast

ligados por conectivos comparativos explícitos: como, tal qual, tal como, que, que nem.

Também alguns verbos estabelecem a comparação: parecer, assemelhar-se e outros.

• Exemplos:

• Estava mais angustiado que um goleiro na hora do gol, quando você entrou em

mim como um sol no quintal (Belchior)

• Catacrese – É o emprego de um termo em lugar de outro para o qual não existe uma

designação apropriada.

• Exemplos:

• Folha de papel

• Braço de poltrona

• Céu da boca

• Pé da montanha

• Boca da noite

• O barco descia tranquilamente o leito do rio ao pé da montanha.

• Sinestesia – Consiste na fusão harmônica de, no mínimo, dois dos cinco sentidos

físicos.

• Exemplo: Vem da sala de linotipos a doce (paladar) música (audição) mecânica.

(Carlos Drummond de Andrade)

• A fusão de sensações físicas e psicológicas também é sinestesia: “ódio amargo”, “

alegria ruidosa”, “paixão luminosa”, “indiferença gelada”.

• Exemplo: Tocava uma valsa que era boa, deixando aquele gosto de tristeza no

ar. (Mário de Andrade).

Page 15: Arte literária 2012 nota de aula 1 mast

• Antonomásia – Consiste em substituir um nome próprio por uma qualidade, atributo ou

circunstância que individualiza o ser e notabiliza-o.

• Exemplos: O herói manchego (= Dom Quixote de La Mancha, da Espanha); O

filósofo de Genebra (= Calvino); O águia de Haia (= Rui Barbosa)

• Em pedra-sabão, o Aleijadinho esculpiu a história de uma época. (Aleijadinho=

Antônio Francisco Lisboa)

• Metonímia – Consiste na troca de uma palavra por outra, de tal forma que a palavra

empregada lembra, sugere e retoma a que foi omitida.

• Exemplos: O fazendeiro se esquece dos suores (fadigas, cansaços) quando vê as

tulhas a transbordar e a fazenda prosperar.

• Leio Graciliano Ramos (livros, obras). Bebi um Martini

(vermute)

• Comprei um panamá (chapéu do Panamá)

• Alguns autores, em vez de metonímia, classificam como sinédoque quando se têm a

parte pelo todo e o singular pelo plural.

• Exemplos:

• A cidade inteira viu assombrada, de queixo caído, o pistoleiro sumir de

ladrão, fugindo nos cascos de seu cavalo. (singular pelo plural). (José Cândido de

Oliveira).

• Corra, não pare, não pense demais, repare essas velas no cais. (a parte

pelo todo). (Geraldo Azevedo/ Alceu Valença).

• FIGURAS DE HARMONIA/SONORAS

• Chama-se figuras de som ou de harmonia os efeitos produzidos na linguagem

Page 16: Arte literária 2012 nota de aula 1 mast

quando há repetição de sons ou, ainda, quando se procura imitar sons produzidos por coisas

ou seres. As figuras de harmonia ou de som são: aliteração, assonância, paranomásia,

onomatopeia.

• Aliteração - Consiste na repetição do mesmo fonema consonantal, geralmente em

posição inicial da palavra. Exemplo: Vozes veladas veludosas vozes volúpias dos violões, vozes

veladas. (Cruz e Sousa)

• Assonância – Consiste na repetição do mesmo fonema vocálico ao longo de um verso

ou poesia.

• Exemplo:

• Sou Ana, da cama,

• Da cana, fulana, bacana

• Sou Ana de Amsterdam (Chico Buarque)

• Paronomásia – o emprego de palavras parônimas (sons parecidos).

• Ex: "Com tais premissas ele sem dúvida leva-nos às primícias" (Padre Antônio

Vieira)

• Onomatopeia – Consiste na imitação aproximada de um ruído ou som produzido por

seres animados e inanimados. Os verbos que exprimem os sons são considerados

onomatopaicos, como cacarejar, tiquetaquear, miar, etc.

• FIGURAS DE PENSAMENTO

• As figuras de pensamento são recursos de linguagem que se referem ao

significado das palavras, ao seu aspecto semântico.

• Antítese – Consiste na aproximação de palavras de sentido oposto, isto é, no

Page 17: Arte literária 2012 nota de aula 1 mast

emprego de termos com significados antagônicos.

• Exemplo:

• Quando um muro separa

• Uma ponte une

• Se a vingança encana

• O remorso pune

• Você vem me agarra, alguém

• Vem me solta

• Você vai na marra, ela

• Um dia volta. (Paulo César Pinheiro)

Page 18: Arte literária 2012 nota de aula 1 mast

• Paradoxo - Consiste na aproximação não apenas de palavras de sentido

oposto, mas de ideias que se contradizem . É o dizer e o desdizer. O paradoxo leva-nos

a enunciar uma verdade com aparência de mentira. Exemplos

• Amor é fogo que arde sem se ver É um contentamento

descontente

• É ferida que dói e não se sente É dor que desatina sem doer.

(Camões)

• Eufemismo – Consiste em um recurso de expressão pelo qual se atenua, suaviza

uma verdade tida como penosa ou desagradável.

• Exemplo:

• Ele enriqueceu por meios ilícitos. (roubou), Você não foi feliz nos exames.

(foi reprovado)

• Gradação – Consiste na enumeração de ideias em ordem gradativa, visando a

um efeito de intensificação. Exemplo:

”Dissecou-a, a tal arte, que ela, rota, baça, nojenta, vil sucumbi...”

(Raimundo Correia)

A sequência "rota, baça, nojenta, vil" é que vai expressar o nível de

degradação a que " ela" chegou. Não se trata simplesmente de qualificar o processo.

"O trigo... nasceu, cresceu, espinhou, amadureceu, colheu-se, mediu-se."

(Vieira)

• A expressão desdobra-se em vários termos, procurando intensificar a ideia

de processo e criar uma sensação/emoção especial no leitor. O discurso dos políticos,

tentando atingir (convencer) a totalidade dos ouvintes, frequentemente lança mão do

recurso da gradação.

Page 19: Arte literária 2012 nota de aula 1 mast

• Hipérbole – Consiste no exagero de uma ideia, a fim de proporcionar uma

imagem emocionante ou chocante. Quando dizemos:

• Fazia quase um século que a gente não se encontrava.

• →"um século" não pode ser compreendido como "período de cem anos".

Queremos, de fato, dizer que fazia muito tempo que não nos encontrávamos.

• Se e pudesse contar as lágrimas que chorei na véspera e na manhã

somaria mais que todas as verdades desde Adão e Eva. (Machado de Assis)

• Ironia – Ironia é a figura de pensamento que consiste em sugerir, pelo contexto,

pela entonação, pela contradição de termos, o contrário do que as palavras ou orações

parecem exprimir, com intenção depreciativa e sarcástica. Exemplo:

• Você foi sutil como a um elefante.

• Embora esta expressão contenha a ideia de que o sujeito foi sutil, a ideia de

sutileza é desmentida pela comparação que se estabelece entre a sutileza do sujeito e a

do elefante: a intenção do falante é oposta àquilo que está expresso na frase.

• Observe

• Ouça as buzinas, os xingos, os palavrões! Não é encantador o trânsito de

São Paulo?

• Veja, agora, este caso

• Você realmente é muito esperto.

• Esta frase, aparentemente, não contém nenhuma ironia. Mas, dependendo

da situação em que ela é utilizada, da entonação que se der às palavras, ela pode ser.

• Moça linda, bem tratada, três séculos de família, burra como uma

porta: um amor (Mário de Andrade).

Page 20: Arte literária 2012 nota de aula 1 mast

• Prosopopeia/Personificação/Animismo – Prosopopeia é a figura que consiste

em pensar seres inanimados ou irracionais como se eles fossem humanos, atribuindo-

lhes linguagem, senti mentos e ações típicos dos seres humanos.

• Exemplo

• O vento beija meus cabelos

• As ondas lambem minhas pernas

• O sol abraça o meu corpo (Lulu Santos- Nélson Mota)

• Apóstrofe – É uma interpelação, um chamado direto a pessoas (presentes ou

ausentes, vivas ou mortas) e até mesmo a seres inanimados ou imaginários.

• Exemplos

• Ó mar, porque não apagas

• Côa espuma de tuas vagas

• De teu manto este borrão? (Castro Alves)

• Tu não verás, Marília, cem cativos. ( Tomás Antônio Gonzaga)

• "O mar salgado, quanto do teu sal são lágrimas de Portugal." (Fernando Pessoa)

• Nesse exemplo, o eu lírico, para dar mais emotividade à sua fala, dirige-se

ao mar que, obviamente, não vai compreender as palavras que lhe são dirigidas.

• Perífrase – Também chamada circunlóquio, a perífrase consiste na

substituição de uma palavra por uma série de outras, de modo que estas se refiram

àquela indiferentemente.

Page 21: Arte literária 2012 nota de aula 1 mast

• Ex.: Última flor do Lácio, inculta e bela, és a um tempo esplendor e

sepultura. (Olavo Bilac)

• Em lugar de nos referirmos diretamente a Deus, criamos a perífrase

"aquele que tudo pode". Em vez de aludirmos diretamente à morte, criamos a

perífrase "a sombra negra que a todos envolve."

• Outros exemplos:

• flor do Lácio= Língua Portuguesa rei da selva= leão

• astro-rei= Sol abóbada celeste= céu

• Cidade luz= Paris Livro Sagrado= Bíblia

• FIGURAS DE SINTAXE/CONSTRUÇÃO

• As figuras de sintaxe ou de construção dizem respeito a desvios em

relação à concordância entre os termos da oração, sua ordem, possíveis repetições ou

omissões. Elas podem ser construídas por :

• • omissão : assíndeto , elipse e zeugma;

• • repetição: anáfora, pleonasmo e polissíndeto ;

• • inversão : anástrofe, hipérbato, sínquise e hipálage;

• • ruptura: anacoluto;

• • concordância ideológica: silepse. (gênero, número e pessoa)

• Portanto, são figuras de construção ou sintaxe: assíndeto,elipse, zeugma,

anáfora, pleonasmo, polissíndeto, anástrofe, hipérbato, sínquise, hipálage, anacoluto,

silepse.

• Anáfora – Consiste na repetição da mesma palavra no início de um

período, frase ou verso.

Page 22: Arte literária 2012 nota de aula 1 mast

• Exemplo

• Dentro do tempo o universo na imensidão.

• Dentro do sol o calor peculiar do verão .

• Dentro da vida uma vida me conta uma estória que fala de mim

• Dentro de nós os mistérios do espaço sem fim! (Toquinho- Mutinho)

• Assíndeto – Ocorre quando as orações ou palavras que deveriam ser

ligadas por conjunções coordenativas aparecem separadas por vírgulas.

• Exemplo: Não nos movemos, as mãos é que se estenderam pouco a

pouco, pegando-se, apertando-se, fundindo-se. (Machado de Assis)

• Polissíndeto – Consiste na repetição intencional de uma conjunção

coordenativa mais vezes do que exige a norma gramatical.

• Ex.: Há dois dias meu telefone não fala, nem ouve, nem toca, nem tuge, nem

muge. (Rubem Braga)

• Pleonasmo – Consiste na repetição de uma ideia já sugerida ou de um

termo já expresso.

• Pleonasmo Literário – É um recurso estilístico que enriquece a

expressão, dando ênfase à mensagem. Exemplo:

• Não os venci. Venceram-me eles a mim. (Rui Barbosa)

• Morrerás morte vil na mão de um forte (Gonçalves Dias)

• Pleonasmo vicioso – Frequente na linguagem informal, cotidiana.

Considerado vício de linguagem, deve ser evitado.

Page 23: Arte literária 2012 nota de aula 1 mast

• Exemplo:

• Ouvir com os ouvidos Rolar escadas abaixo

• Colaborar juntos Hemorragia de sangue

• Repetir de novo

• Elipse - Consiste na supressão de uma ou mais palavras facilmente

subentendidas nas frases. Geralmente essas palavras são pronomes, conjunções,

preposições e verbos.

• Exemplos:

• Compareci ao Congresso. (eu)

• Espero venhas logo. (eu, que, tu)

• Ele dormiu duas horas. (durante)

• No mar, tanta tormenta e tanto dano... (verbo Haver) (Camões)

• Zeugma – Consiste na omissão de um termo que já apareceu antes.

• Ex.: Ele prefere cinema; eu, teatro. (omissão de prefiro)

• Exemplos: Foi saqueada a vila, e assassinados os partidários dos Filipes.

(Camilo Castelo Branco)

• Rubião fez um gesto, Palha outro: mas quão diferentes. (Machado de Assis)

• Hipérbato ou Inversão – Consiste na mudança da ordem natural dos

termos na frase.

• Ex.: “De tudo ficou um pouco. Do meu medo. Do teu asco.”

Morreu o presidente, por: O presidente morreu.

Page 24: Arte literária 2012 nota de aula 1 mast

• Exemplos: Passeiam, à tarde, as belas na avenida. (Carlos Drummond de

Andrade)

• Paciência tenho eu tido... ( Antônio Nobre)

• Anacoluto – termo solto na frase, quebrando a estruturação lógica.

Normalmente, inicia-se uma determinada construção sintática e depois se opta por

outra.

Eu, parece-me que vou desmaiar. / Minha vida, tudo não passa de alguns

anos sem importância (sujeito sem predicado)

Quem ama o feio, bonito lhe parece (alteraram-se as relações entre termos

da oração). Exemplos:

E o desgraçado, tremiam-lhe as pernas. (Manuel Bandeira)

Aquela mina de ouro, ela não ia deixar que outras espertas botassem as

mãos (José Lins Do Rego)

• Hipálage – Ocorre Hipálage quando há inversão da posição do adjetivo

(uma qualidade que pertence a um objeto é atribuída a outro, na mesma frase).

• Exemplos

• ... em cada olho um grito castanho de ódio. (Dalton Trevisan)

• (.....em cada olho castanho um grito de ódio)

• .......As lojas loquazes dos barbeiros ( Eça de Queirós)

• (...... as lojas dos barbeiros loquazes)

• Silepse

• Silepse de Gênero – Não há concordância de gênero do adjetivo ou

Page 25: Arte literária 2012 nota de aula 1 mast

pronome com a pessoa a que se refere

• Exemplos: Pois aquela criancinha, longe de ser um estranho... (Rachel de

Queiroz)

• V.Ex a parece magoado... (Carlos Drummond de Andrade)

• Silepse de Pessoa - Não há concordância da pessoa verbal com o sujeito

da oração.

• Exemplos Os dois ora estais reunidos... (Carlos Drummond de Andrade).

• Na noite do dia seguinte, estávamos reunidos algumas pessoas. (Machado

de Assis)

• Silepse de número – Não há concordância do número verbal com o

sujeito da oração.

• Exemplo Corria gente de todos os lados, e gritavam. (Mário Barreto).

Page 26: Arte literária 2012 nota de aula 1 mast

• QUADRO COMPARATIVO DOS GÊNEROS LITERÁRIOS

• Narrativo/ Épico

• Dramático • Lírico

• Tem narrador e em geral refere-se à 3ª

• pessoa.• ELE(A)

• O emissor (ator) apresenta a

• ação ao receptor (espectador).

• EU - TU•

• Há um sujeito poético, na 1ª• pessoa; com relevo do.

• EU•

• Acentuada objetividade com predomínio da linguagem denotativa.

• Acentuada objetividade com predomínio da linguagem denotativa.

• Acentuada subjetividade com predomínio da linguagem conotativa.

• Prevalece a função informativa mas pode aparecer a emotiva e a poética.

• Prevalecem as funções apelativas e informativa, pode aparecer a emotiva (tragédia, drama).

• Prevalecem as funções poética e emotiva.

• Há uma história que é narrada e refere-se em especial ao mundo exterior, do não-eu.

• A história é representada e

• refere-se em especial ao mundo

• exterior, do não-eu.

• O mundo é o do Eu – interior - com os sentimentos, pensamentos do sujeito poético.

• A descrição é frequente e minuciosa.

• As marcações do cenário e os adereços têm valor descritivo.

• Muito breves momentos descritivos.

• Situa-se numa época histórica, o tempo não é linear e é extenso.

• Situa-se numa época histórica, o tempo é o da representação - breve e linear.

• Em geral sem ligação com uma época (anti-histórico)

• Destina-se à leitura.

• Destina-se à representação

• Destina-se à declamação e leitura.

• Quase só com recursos de língua.

• Recurso ao som, à luz… e não apenas à língua.

• Só recorre à língua.

•• Predomínio da

narração.• Predomínio do

diálogo, com momentos de apartes e monólogo.

• Em geral anti-narrativa.

•• Conto, novela,

romance.• Tragédia,

comédia, drama, farsa, auto…• Ode, elegia,

soneto canção.

••

Gêneros literários

• Em linhas gerais, os gêneros literários são o gênero lírico, épico e dramático.

Page 27: Arte literária 2012 nota de aula 1 mast

• O gênero lírico é formado por poemas de pouca extensão em que uma voz

central (um Eu lírico ou Eu poético) se exprime (na lírica não há personagens nítidas).

Nesse gênero, o autor cria um Eu lírico e escreve em versos. Verso é aquela coisa que

muda linha antes que a página tenha terminado, segundo o escritor Umberto Eco.

• O poema "Autopsicografia", de Fernando Pessoa, pertence ao gênero lírico:

• O poeta é um

fingidor.

Finge tão completamente

Que chega a fingir que é dor

A dor que deveras sente. (...) •

• O gênero épico é formado por obras (em verso ou em prosa) de extensão

maior, em que um narrador apresenta personagens envolvidas em situações e eventos.

• As obras que pertencem ao gênero épico são as narrativas. Nos textos

narrativos o narrador apresenta ao leitor um universo ficcional. Entre os textos ficcionais,

os mais conhecidos são o conto, a novela e o romance. O conto seria o mais curto dos

três, o romance o mais longo e a novela teria uma extensão intermediária.

• O conto "Um apólogo", de Machado de Assis, pertence ao gênero épico. Veja

um trecho:

• Era uma vez uma agulha, que disse a um novelo

de linha:

- Por que você está com esse ar, toda cheia de si, toda enrolada,

para fingir que vale alguma cousa neste mundo?

- Deixe-me senhora.

- Que a deixe? Que a deixe por quê? Por que lhe digo que está

com um ar insuportável? Repito que sim, e o falarei sempre que

me der na cabeça.

- Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agulha.

Agulha não tem cabeça. Que lhe importa o meu ar? (...) •

• O gênero dramático é formado por obras dialogadas em que as próprias

personagens atuam, sem serem, em geral, apresentadas por um narrador. No teatro, o

autor desaparece de cena, deixando as personagens viverem a ação e se comunicarem

através do diálogo. Observe este diálogo entre Custódio e Ernesto, personagens da peça

"Verso e Reverso", de José de Alencar:

Page 28: Arte literária 2012 nota de aula 1 mast

• CUSTÓDIO :(Cumprimentando.) – Como

tem passado? Que há de novo?

• ERNESTO :(Ao ouvido.) – Que não estou

disposto a aturá-lo. (Sai.)

• ( Custódio fica pasmo no meio da cena;

cai o pano.)•

• As falas que estão entre parênteses e entre colchetes pertencem ao autor

do texto. Chamam-se rubricas. Rubricas são anotações que indicam como se desenvolve

a cena, para o diretor e os atores saberem como representá-la.

• Se deixarmos apenas as falas de Custódio e Ernesto, o diálogo ficaria assim:

• CUSTÓDIO : Como tem passado? Que há de novo?

• ERNESTO : Que não estou disposto a aturá-lo.

• O gênero dramático pertence à literatura e também ao teatro.

• XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX

XXX


Recommended