UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
FACULDADE DE AGRONOMIA, MEDICINA VETERINÁRIA E
ZOOTECNIA
Programa de Pós-graduação em Agricultura Tropical
Produção e nutrição do Panicum maximum BRS Zuri
submetido a tipos de ureia
FABIANA DA ROCHA
C U I A B Á - MT 2016
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
FACULDADE DE AGRONOMIA, MEDICINA VETERINÁRIA E
ZOOTECNIA
Programa de Pós-graduação em Agricultura Tropical
Produção e nutrição do Panicum maximum BRS Zuri
submetido a tipos de ureia
FABIANA DA ROCHA
Engenheira Agrônoma
Orientadora: Profª. Dra. WALCYLENE LACERDA MATOS PEREIRA SCARAMUZZA
Tese apresentada à Faculdade de Agronomia, Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal de Mato Grosso, para obtenção do título de Doutora em Agricultura Tropical.
C U I A B Á - MT 2016
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“Pelos prados e campinas verdejantes eu vou,
É o Senhor que me leva a descansar”
(Salmo 22)
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À minha família por me incentivar, acreditar no meu potencial e principalmente
por entender a minha ausência em todos esses anos,
DEDICO
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AGRADECIMENTOS
À Deus pela benção concedida a cada dia, por me iluminar e guiar a
caminhos que nem eu mesma acreditava conseguir trilhar.
Ao Programa de Pós-Graduação em Agricultura Tropical da Universidade
Ferderal de Mato Grosso pela oportunidade de realização do Doutorado.
À professora Dra. Walcylene Lacerda Matos Pereira Scaramuzza todo meu
respeito e gratidão, pela oportunidade, orientação, amizade, paciência,
compreensão, acolhimento, confiança, pelos ensinamentos transmitidos desde 2002,
na iniciação científica, no mestrado, no doutorado, na vida e, também por despertar
o meu interesse pela docência no ensino superior.
Aos professores Dr. Joadil Gonçalves de Abreu, Dr. José Fernando
Scaramuzza e Dra. Oscarlina Lúcia dos Santos Weber pelos ensinamentos
compartilhados e dúvidas esclarecidas ao longo dos anos e pelos merecidos
“puxões de orelha” que contribuíram significativamente para a minha formação.
Ao professor Dr. José Lavres Júnior pelo empréstimo do SPAD, pelos
ensinamentos e sugestões na realização desse trabalho.
Ao pesquisador Dr. João de Deus Gomes dos Santos Júnior pela atenção e
colaboração nas discussões desse trabalho.
Às empresas de Rondonópolis-MT: Boa Forma Sementes por fornecer as
sementes do Panicum maximum cv. BRS Zuri; às misturadoras de adubos, Adubos
Araguaia, Fertipar Fertilizantes, Yara Brasil e Fertilizantes Heringer pelo
fornecimento das ureias utilizadas no experimento.
Ao químico José Alcântara Filgueira e ao técnico Licínio José de Oliveira da
Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (EMPAER)
pelo apoio e parceria na realização das análises químicas da forrageira.
Às funcionárias do Laboratório de Nutrição Mineral de Plantas, Maria
Minervina de Souza e Berenice Pereira Rodrigues pelo apoio, incentivo e carinho.
Aos estagiários do Laboratório de Nutrição Mineral de Plantas, Carolina
Roberta da Silva Corrêa, Kamila Paula Macedo, Rhayssa Canavaros de França
Calegari e Vinicius Sarubbi pela ajuda na realização do experimento.
À Universidade de Cuiabá, nas pessoas de Ma. Alessandra Bittencourt
Crestani Rodrigues e Me. Clodoaldo Moreno da Paixão pela amizade, incentivo e
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flexibilidade no meu horário de trabalho para que eu conseguisse realizar meu
doutoramento.
Aos meus irmãos Leandro da Silva Rocha e Paula Rocha pelo convívio,
carinho e respeito, meu fraterno agradecimento e também por tornarem-se meus
estagiários no decorrer do experimento.
As minhas amigas Fabricia Nodari, Isabela Almeida, Ivanir Novais da Silva,
Lilian Renata de Oliveira, Lineuza Moreira, Patricia de Jesus Andrade e Samantha
Sousa Garcia que de perto ou de longe me acompanharam e torceram para que eu
cumprisse mais essa etapa de minha vida.
À todos que direta ou indiretamente vislumbraram comigo a realização desse
trabalho.
Muitíssimo obrigada!
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SUMÁRIO
Página
RESUMO............................................................................................................... 8
ABSTRACT........................................................................................................... 9
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................... 10
2 REVISÃO DE LITERATURA.............................................................................. 12
2.1 Panicum maximum cv. BRS Zuri.................................................................. 12
2.2 Nitrogênio (N) ................................................................................................ 13
2.3 Nitrogênio em gramíneas forrageiras.......................................................... 14
2.4 Ureia (CO(NH2)2) ............................................................................................ 16
2.5 Ureia com inibidores de urease.................................................................... 17
3 MATERIAL E MÉTODOS................................................................................... 22
3.1 Local do experimento e espécie................................................................... 22
3.2 Delineamento experimental.......................................................................... 22
3.3 Instalação e monitoramento do experimento............................................. 23
3.4 Altura, contagem de folhas e perfilhos....................................................... 24
3.5 Leitura SPAD ................................................................................................ 25
3.6 Colheita e separação das partes da planta................................................ 25
3.7 Secagem, pesagem e moagem do material................................................ 25
3.8 Produção de massa seca............................................................................. 25
3.9 Análises químicas ........................................................................................ 26
3.10 Análises estatísticas................................................................................... 26
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO......................................................................... 27
4.1 Produção de massa seca da parte aérea e das raízes............................... 27
4.2 Número de Folhas......................................................................................... 30
4.3 Perfilhos......................................................................................................... 31
4.4 Altura.............................................................................................................. 32
4.5 Concentração de nitrogênio na parte aérea e nas raízes.......................... 35
4.6 Teor de Proteína Bruta (PB).......................................................................... 38
4.7 Concentração de nitrato e amônio............................................................... 41
4.8 Estimativa do teor de clorofila em valor SPAD........................................... 41
4.9 Testemunha adicional................................................................................... 41
5 CONCLUSÕES................................................................................................... 43
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................. 45
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Produção e nutrição do Panicum maximum BRS Zuri submetido à ureia com
inibidores
RESUMO - Objetivou-se avaliar as características nutritivas e produtivas do Panicum
maximum cv. BRS Zuri, mediante a adubação nitrogenada com fontes e doses de
ureias com inibidores de urease e ureia convencional quanto à produção de massa
seca na parte aérea e sistema radicular, número de folhas e perfilhos, valor SPAD,
concentração de nitrogênio, nitrato, amônio e teor de proteína bruta em dois
crescimentos. O experimento foi instalado em casa de vegetação localizada na
Faculdade de Agronomia da Universidade Federal de Mato Grosso, campus Cuiabá,
no período de novembro de 2014 a abril de 2015. O delineamento utilizado foi em
blocos casualizados, com quatro repetições, sendo os tratamentos dispostos em
esquema fatorial 5x4+1, constituído por cinco doses de nitrogênio 100, 200, 300, 400
e 500 mg dm-3 , quatro fontes comerciais de ureia granulada: Ureia (45% N); Ureia +
NBPT1 (46% N, 0,25% NBPT); Ureia + NBPT2 (45% N, NBPT sem concentração);
Ureia + Cu + B (45% N, 015% Cu e 0,4% B), mais a adicional testemunha, na qual
não se aplicou adubação nitrogenada, totalizando 84 unidades experimentais. A
adubação foi parcelada em três vezes, na análise do primeiro crescimento foram
consideradas as doses de N resultantes da soma dos dois primeiros parcelamentos
66,7; 133,3; 200,0; 266,7 e 333,3 mg dm-3, enquanto no segundo crescimento as
doses de N da última parcela 33,3; 66,7; 100,0; 133,3 e 166,7 mg dm-3, todas as
aplicações de ureias foram realizadas em cobertura. A interação de fontes e doses
de nitrogênio influenciou a produção de massa seca no segundo crescimento e a
altura de plantas no primeiro crescimento do capim BRS Zuri. As doses de nitrogênio
incrementaram a produção de massa seca da parte aérea no primeiro crescimento e
das raízes, a altura de plantas no segundo crescimento, número de folhas, perfilhos,
concentração de nitrogênio, proteína bruta em ambos os crescimentos e, valor
SPAD no segundo crescimento do capim BRS Zuri. As fontes de ureias com
inibidores influenciaram a altura das plantas no segundo crescimento e valores
SPAD no primeiro crescimento do capim BRS Zuri.
Palavras-chave: aditivos, urease, fertilizante estabilizado.
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Production and nutrition of Panicum maximum BRS Zuri submitted to urea
inhibitors
ABSTRACT - This study aimed to evaluate the nutritional and productive
characteristics of Panicum maximum cv. BRS Zuri by nitrogen fertilization with
sources and doses ureas with urease and conventional urea inhibitors on the dry
matter production in the shoot and root, number of leaves and tillers, SPAD value,
concentration of nitrogen, nitrate, ammonium and crude protein content in two
growths. The experiment was conducted in a greenhouse located at the Faculty of
Agronomy of the Federal University of Mato Grosso, Cuiabá campus, from November
2014 to April 2015. The design was a randomized complete block design with four
replications and treatments arranged in a factorial scheme 5x4 + 1 consisting of five
nitrogen levels 100, 200, 300, 400 and 500 mg dm-3, four commercial sources of
granulated urea: urea (45% N); Urea + NBPT1 (46% N, 0.25% NBPT); Urea +
NBPT2 (45% N, NBPT without concentration); Urea + Cu + B (45% N, 015% Cu and
0.4% B), plus the additional witness, which did not apply nitrogen fertilizer, totaling 84
experimental units. Fertilization was divided into three times in the first growth
analysis were considered the N doses resulting from the sum of the first two
installments 66.7; 133.3; 8:00 pm; 266.7 and 333.3 mg dm-3, while growth in the
second N rates of the last installment 33.3; 66.7; 10:00 am; 133.3 and 166.7 mg dm-
3, all applications ureas were performed on coverage. The interaction of sources and
doses of nitrogen influenced the dry mass production in the second growth and plant
height in the first harvest BRS Zuri. Nitrogen rates increased the dry matter
production of shoots in the first growth and the roots, the plant height in the second
growth, number of leaves, tillers, nitrogen concentration, crude protein in both growth
and SPAD value in the second growth of grass BRS Zuri. The sources ureas with
inhibitors influenced the plant height in the second growth and SPAD values in the
first growth of grass BRS Zuri.
Keywords: additives, urease, stabilized fertilizer.
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1 INTRODUÇÃO
Com aproximadamente 212 milhões de cabeças, o Brasil tem o maior
rebanho comercial de bovinos do mundo. Dos estados brasileiros, Mato Grosso
lidera o ranking com cerca de 28 milhões de cabeças (ACRIMAT, 2014). A maior
parte desses animais é criada exclusivamente a pasto, pois, esse tipo de sistema de
produção constitui a forma mais econômica e prática de produzir e oferecer
alimentos para os bovinos, por isso, o pasto é a base de sustentação da pecuária
brasileira.
De acordo com estimativas do último Censo Agropecuário Brasileiro (IBGE,
2006), a área total de pastagens no Brasil, considerando-se as pastagens naturais e
plantadas, degradadas e em boas condições é de 172,3 milhões de hectares. Na
região Centro-Oeste de aproximadamente 57 milhões de hectares e em Mato
Grosso 23 milhões de hectares.
A baixa produtividade das pastagens é um dos maiores problemas da
pecuária brasileira, afetando diretamente a sustentabilidade do sistema produtivo.
Dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária ressaltam que mais
de dois milhões de hectares de pastagem tem baixa produtividade em Mato Grosso,
o que corresponde a cerca de 9% do total da área voltada para pecuária (ACRIMAT,
2014). A baixa disponibilidade do nitrogênio é um dos principais efeitos da baixa
prodituvidade, o que resulta em queda acentuada da capacidade de suporte da
pastagem e do ganho de peso vivo dos bovinos.
Fertilizantes nitrogenados são fundamentais para a manutenção da
produtividade e longevidade dos pastos. A ureia, por ter elevada concentração de N
(44 a 46%), preço de N mais baixo, alta solubilidade e fácil fabricação é a fonte mais
utilizada na agricultura. A principal desvantagem é a possibilidade de elevadas
perdas de N por volatilização de amônia (NH3) quando aplicada na superfície do
solo, por causa da rápida hidrólise na presença da enzima urease.
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As indústrias de fertilizantes têm desenvolvido tecnologias para aumentar a
eficiência do uso de N e minimizar as perdas por volatilização, destacam-se os
fertilizantes estabilizados, nos quais os grânulos de ureia são incorporados ou
revestidos com inibidores da urease como o tiofosfato de N-n-butiltriamida (NBPT),
sais de cobre (Cu) e boro (B). Entretanto, a eficiência desses inibidores é variável
em função das condições edafoclimáticas de cada região.
Vários são os trabalhos de pesquisa sobre o efeito da adubação nitrogenada
nas características agronômicas de gramíneas do gênero Panicum (Colozza et al.
(2000); Costa et al. (2006); Fabricio et al. (2010); Lavres Junior et al. (2010);
Manarim; Monteiro (2002); Masturcello et al. (2009); Monteiro (2014)). Porém, a cv.
BRS Zuri é uma forrageira ainda pouco estudada, pelo fato de ter sido lançada pela
Embrapa em 2014. Estudos relacionados com a nutrição e produção desse cultivar
são imprescindíveis para a recomendação da adubação adequada.
Tendo em vista que existe variação na exigência nutricional dentro da mesma
espécie forrageira conciliada com a falta de informações no que se refere às
pesquisas em Mato Grosso com fertilizantes estabilizados, testou-se a hipótese de
que as doses e fontes de ureias alteram a produção e nutrição do cv. BRS Zuri, por
isso, objetivou-se avaliar as características produtivas e nutritivas do Panicum
maximum cv. BRS Zuri, mediante o estudo de doses e fontes de ureias com
inibidores de urease e ureia convencional aplicadas em cobertura.
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2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Panicum maximum cv. BRS Zuri
A cultivar BRS Zuri foi lançada no mercado no ano de 2014, o nome Zuri
significa bom e bonito e, é resultado de seleções massais em populações derivadas
do Panicum maximum coletados na Tanzânia, no leste da África. Os trabalhos de
seleção foram coordenados pela Embrapa Gado de Corte em parceria com as
Embrapas: Acre; Cerrados; Gado de Leite; Pecuária Sul e Rondônia; juntamente
com a Universidade Federal de Dourados. Poucas são as informações disponíveis
na literatura sobre o cv. BRS Zuri, por isso, as citações que seguem foram baseadas
em dados da Embrapa (2015).
O capim BRS Zuri é uma planta cespitosa de porte ereto e alto, com folhas
verdes escuras, longas, largas e arqueadas, foi selecionada com base na
produtividade, vigor, capacidade de suporte, desempenho animal, resistência a
cigarrinhas das pastagens e resistência à mancha foliar causada pelo fungo
Bipolaris maydis. Tem tolerância moderada ao encharcamento do solo, semelhante
ao Tanzânia-1, porém se desenvolve melhor em solos bem drenados, sendo uma
opção para diversificação de pastagens nos biomas Amazônia e Cerrado.
Na fase implantação a saturação por bases deve estar entre 45 a 50%, na
camada de 0 a 0,2 m de profundidade. Os teores adequados de fósforo (P) no solo
(extrator Mehlich-1) variam de 4 a 21 mg dm-3 dependendo do teor de argila. Os
teores de potássio (K) não devem ser inferiores a 50 mg dm-3.
Do mesmo modo é importante a aplicação de 30 kg ha-1 de enxofre e no
mínimo 50 kg ha-1 de nitrogênio, se os teores de matéria orgânica forem inferiores a
14
1,6%. Na fase de manutenção, a reposição de cálcio e magnésio deve ser feita
sempre que os teores forem inferiores a 1,5 e 0,5 cmolcdm-3, respectivamente, na
camada de 0 a 0,2 m. Os teores de P no solo devem ser mantidos em cerca de 80%
dos teores da implantação e, os teores de K não devem ser inferiores a 50 mg dm-3.
A adubação nitrogenada deve ser aplicada de forma parcelada e a recomendação
anual varia de 120 a 150 kg ha-1.
2.2 Nitrogênio (N)
A atmosfera contém aproximadamente 78% de nitrogênio molecular (N2), mas
esse N não está diretamente disponível às plantas, sendo necessária a quebra da
tripla ligação (N≡N) para produzir amônia (NH3) ou nitrato (NO3-). Tais reações,
conhecidas como fixação do nitrogênio, podem ser realizadas por processo
industrial, natural e, por fixação biológica do nitrogênio (Taiz; Zeiger, 2009).
No solo o N é um elemento que tem dinâmica complexa, traduzida por grande
mobilidade e por diversas transformações em reações químicas e biológicas, sendo
passível de perdas no sistema: por lixiviação na forma de nitrato (NO3), por
volatilização na forma de amônia (NH3) e pelo processo de desnitrificação que gera
perdas gasosas de N na forma de óxido nitroso (N2O) e N2 (Furtini Neto et al., 2001).
O N é um dos nutrientes exigidos em maior quantidade pelas plantas e o que
mais limita o crescimento, sendo absorvido por fluxo de massa na forma de NH4+
(amônio) ou NO3- (nitrato), após absorção incorpora-se na planta na forma de
aminoácidos (Dechen; Nachtigall, 2007).
As principais reações bioquímicas dos vegetais envolvem a presença do N
(Taiz; Zeiger, 2009), geralmente representa de 10 a 50 g kg-1 de massa seca dos
tecidos vegetais, sendo componente de muitos compostos essenciais aos processos
de crescimento vegetal, como aminoácidos e proteínas. Participa com quatro átomos
no anel de porfirina da molécula de clorofila, interferindo diretamente na fotossíntese
e faz parte dos ácidos nucleicos (Mengel; Kirkby, 2001). Sua deficiência resulta em
clorose gradual das folhas mais velhas e redução do crescimento da planta (Souza;
Fernandes, 2006).
15
2.3 Nitrogênio em gramíneas forrageiras
O N é um elemento importante para o crescimento das gramíneas forrageiras,
pois acelera a formação e o crescimento de novas folhas, aumenta o perfilhamento,
melhora o vigor da rebrota e produção de massa de raízes, incrementando a
recuperação após o corte, resultando em maior produção e capacidade de suporte
dos pastos. A deficiência de nitrogênio pode ser evidenciada quando o capim
apresenta coloração das folhas velhas de verde pálido a amarelado, crescimento
vagaroso, florescimento retardado, pouco perfilhamento e sistema radicular pouco
desenvolvido (Werner, 1986).
Monteiro (2014), analisando a nutrição de N em lâminas de folhas recém-
expandidas (folhas diagnósticas) do capim Mombaça e Tanzânia, compilou níveis
críticos de 16,0 a 22,9 g kg-1. Valores SPAD da ordem de 20 a 25 indicam nítida
deficiência de nitrogênio, enquanto valores acima de 40, em geral, sugerem
forrageiras bem nutridas em N. Lavres Junior et al. (2010), em experimento com o
capim Mombaça, observaram níveis críticos de N nas folhas recém-expandidas de
22 e 17 g kg-1, respectivamente para o primeiro e segundo cortes. Com o objetivo
de avaliar o estado nutricional do capim Aruana quanto às doses de N (14; 112; 210;
294; 378 e 462 mg L-1) em solução nutritiva, Lavres Junior e Monteiro (2006)
verificaram valores SPAD de 25,1 a 52,6 e níveis críticos nas folhas diagnósticas de
28,4 e 34,1 g kg-1.
A concentração de nitrogênio aumentou linearmente nas folhas emergentes,
lâminas de folhas rerecém-expandidas, lâminas de folhas maduras, colmos mais
bainhas e raízes do Panicum maximum cv. Mombaça cultivado em substrato com
soluções nutritivas com doses de N: 0; 14; 42; 126; 210; 294; 378 e 462 mg L-1. As
lâminas de folhas recém-expandidas foram as mais adequadas para a avaliação do
estado nutricional em nitrogênio, com nível crítico de 16 a 16,5 g kg -1 associado ao
valor SPAD de 41 a 45 unidades (Manarim; Monteiro, 2003).
No experimento com doses de ureia (0, 40, 80 e 120 mg dm-3) em Panicum
maximum cv. Massai, Martuscello et al. (2009) verificaram que as doses de N
exerceram efeito positivo na produção de massa seca total. A parte aérea funcionou
como principal dreno de nitrogênio, sem que houvesse influencia desse nutriente na
produção de massa seca do sistema radicular. Patês et al. (2007), em estudo com o
capim Tanzânia, constataram que a adubação com ureia contribuiu positivamente
16
para o aumento e desenvolvimento das taxas de aparecimento e alongamento foliar
e do colmo, como também para o número de perfilhos, número total de folhas e
comprimento final da folha.
No experimento em casa de vegetação com o Panicum maximum cv. Aruana,
Colozza et al. (2000) constataram que a adubação nitrogenada aumentou
significativamente o número de perfilhos, a produção de massa seca das raízes e
parte aérea, as concentrações de nitrogênio total, nitrato e os valores SPAD. Mello
et al. (2008) verificaram em estudo a campo que o incremento da adubação
nitrogenada proporcionou aumento na produção de massa seca do capim Mombaça,
tanto no período das águas como no da seca, nos dois anos avaliados.
Em pesquisa de adubação com ureia (0, 20, 40, 80 e 160 kg ha-1) no capim
Tanzânia em casa de vegetação, Nagano et al. (2011) concluíram que a altura de
corte a 20 cm do solo ocorreram as maiores produções de matéria seca nos três
ciclos de cultivos. As maiores produções de matéria seca foram obtidas com doses
intermediárias de N, diferente das plantas cortadas a 40 cm, em que as produções
máximas de matéria seca foram alcançadas com a maior dose de N aplicada, em
todos os ciclos de corte.
Os autores citados anteriormente verificaram também maior perfilhamento do
capim e as maiores respostas à adubação nitrogenada quanto à produção de
perfilhos que ocorreram no primeiro ciclo de cultivo, independente da altura de corte.
O teor de proteína bruta foi influenciado pelas doses de nitrogênio no primeiro ciclo e
na altura de corte a 20 cm, alcançando teor máximo de proteína bruta (12,5%) com a
aplicação de 80 kg ha-1 de N.
Costa et al. (2006) constataram que a adubação nitrogenada no cultivar
Vencedor afetou positiva e linearmente a produção de matéria seca e o tamanho
médio de folhas. A eficiência de utilização e a recuperação aparente de N foram
inversamente proporcionais às doses de N aplicadas. A qualidade da forragem
produzida foi melhorada pela adubação nitrogenada, apresentando maiores teores
de N.
Em estudo com cinco doses de N (0, 50, 100, 150 e 200 kg ha-1),
Fabricio et al. (2010) verificaram que as adubações nitrogenada de até 200 kg ha-1
proporcionaram incremento na produção de massa seca e nos teores de proteína
bruta, no Panicum maximum cv. Tobiatã. Rodrigues et al. (2004) ressaltaram que o
teor de proteína bruta é resultado direto da concentração de nitrogênio na planta.
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Desta forma se houver baixa disponibilidade de nitrogênio no solo, as plantas
manifestarão menor crescimento, reduzindo o teor de proteína bruta, podendo tornar
a forragem inapropriada para fins de nutrição animal.
2.4 Ureia (CO(NH2)2)
Dos fertilizantes nitrogenados utilizados na agricultura a ureia representa
cerca de 60% do mercado de fertilizantes, havendo clara preferência da indústria
pela fabricação de ureia, em comparação com outras fontes sólidas de nitrogênio
(como o sulfato de amônio, nitrato de amônio, fosfato de amônio, entre outros). A
produção de ureia a partir de amônia e gás carbônico, produzidos numa mesma
unidade, torna o produto menos oneroso, pelo fato de possuir teor de N bem mais
alto, comparada aos demais produtos, o que proporciona um preço mais atrativo por
tonelada de N. Por isso, a ureia tem o mais baixo custo de transporte e estocagem
por unidade de N contido (Kaneko et al., 2013).
É pouco provável que a ureia venha a ser substituída por outra fonte de
nitrogênio em curto prazo. A principal desvantagem dessa fonte nitrogenada é a
possibilidade de elevadas perdas de N por volatilização de amônia (NH3) quando
aplicada na superfície do solo, por causa da rápida hidrólise na presença da enzima
urease, que é comum na natureza e está presente em animais, plantas e
microrganismos (Cantarella, 2007; Cantarella; Montezano, 2014).
Ureases (ureia amido-hidrolase) são enzimas que catalisam a hidrólise da
ureia a uma taxa 1014 vezes mais rápida que a reação sem enzima, produzindo
amônia e gás carbônico (Ribeiro et al., 2013). A reação de hidrólise consome
prótons (H+) e provoca a elevação do pH ao redor das partículas, assim, mesmo em
solos ácidos, a ureia está sujeita a perdas de N por volatilização de NH3. Uma forma
de reduzir as perdas de N por volatilização seria a incorporação da ureia ao solo de
forma mecanizada (cerca de 5 cm), pela água da chuva ou irrigação (mínimo 10 a
20mm) (Cantarella; Montezano, 2014). Entretanto, em algumas situações a
incorporação com implementos agrícolas não é prática recomendada, por provocar
danos no sistema radicular, como por exemplo, em áreas de pastagens já
estabelecidas (Monteiro, 2014).
Dependendo do manejo adotado, essas perdas podem ser significativas,
comprometendo rendimento das culturas. Além do manejo, outros fatores também
18
interferem nas perdas de N através da volatilização, tais como: temperatura,
umidade, textura do solo e teor de matéria orgânica, intervindo diretamente no
aumento ou na diminuição da atividade da enzima urease, responsável pela
degradação da ureia (Okumura; Mariano, 2012)
2.5 Ureia com inibidores de urease
Os fertilizantes nitrogenados com aditivos (fertilizantes estabilizados)
contendo inibidores de urease têm sido empregados de modo crescente na
agricultura. A ureia com inibidor de urease retarda os picos de volatilização de NH3,
em relação à ureia convencional. Os inibidores bloqueiam a atividade da enzima
urease e, por consequência a hidrólise da ureia, diminuindo as perdas por
volatilização de amônia e aumentando o aproveitamento de N pelas plantas
(Cantarella, 2007; Chien et al., 2009; Tasca et al., 2009).
O inibidor de urease ocupa o local de atuação da urease, inativando,
retardando o início e reduzindo o grau de velocidade de volatilização de NH3 por
aproximadamente 14 dias. O atraso na hidrólise reduz a concentração de NH3
presente na superfície do solo, diminuindo o potencial de volatilização de NH3,
favorecendo o deslocamento da ureia para horizontes mais profundos do solo
(Contin, 2007). Trenkel (1997) ressaltou que os inibidores de urease previnem e
diminuem, ao longo de certo período de tempo, a transformação do N-amídico em
amônia e a hidrólise enzimática (urease) da ureia no solo, reduzindo as perdas por
volatilização e, também, as perdas adicionais por lixiviação do nitrato, aumentando a
eficiência da ureia.
De acordo com Soares (2011), a enzima urease contém um ou mais grupos
sulfidrila, que são partes ativas da molécula. A inibição provocada pelos metais é
devido à ligação do metal nestes grupos e a formação de sulfitos insolúveis,
consequentemente, o melhor inibidor será o que tiver maior afinidade com o grupo
sulfidrila e formar o composto sulfito mais insolúvel (Figura 1).
19
FIGURA 1. Inibição de metais (M) pela afinidade com grupos sulfidrila (S) da enzima
urease (E) (Shaw, 1954 citado por Soares, 2011).
O recobrimento da ureia com cobre (Cu) e ácido bórico (H3BO3) inibe a ação
da urease por competição ao sítio de ligação na enzima. A inibição da hidrólise da
ureia pela urease acontece devido à ligação do Cu aos grupos sulfidrila dessa
enzima, formando sulfitos insolúveis. O H3BO3 se encaixa simetricamente entre os
dois átomos de níquel do sítio ativo da urease, de forma geometricamente
semelhante ao substrato ureia (Nascimento, 2012).
O NBPT (tiofosfato de N-n-butiltriamida) é uma substância inibidora da urease
e, destaca-se como um dos inibidores mais promissores para a maximização do uso
da ureia em sistemas agrícolas. O inibidor NBPT (fórmula molecular C4H14N3PS)
retarda a hidrólise da ureia e pode contribuir para diminuir as perdas de amônia por
volatilização, pois, ocupa o local de atuação da enzima urease e, com isto, atrasa a
hidrólise da ureia e reduz o potencial de volatilização de NH3 na superfície do solo
(Cantarella et al., 2008). O NBPT (Figura 2) é um composto que apresenta
características de solubilidade e difusividade similares às da ureia e vem
proporcionando a obtenção dos melhores resultados.
FIGURA 2. Fórmula química do NBPT. (National Industrial Chemicals Notification
And Assessment Scheme, 2011)
O NBPT não é um inibidor direto da urease, deve ser convertido ao seu
análogo de oxigênio (fosfato de N-n-butiltriamida), denominado NBPTO (fórmula
molecular C4H11N3PO), que é o verdadeiro inibidor da urease (Figura 3). Ao impedir
20
a rápida hidrólise, o inibidor aumenta as chances de que chuvas ou irrigação
incorporem a ureia ao solo (Watson, 2000), esse inibidor de acordo com Cantarella
(2007) tem sido mais eficiente em retardar a hidrólise da ureia quando comparado à
aplicação direta de seu análogo NBPTO, provavelmente pela taxa de formação de
NBPT em NBPTO, que prolonga o efeito do inibidor, pois a degradação do NBPTO é
mais rápida.
CH3 (CH2)3 N P
H
O
NH2
NH2
FIGURA 3. Fórmula química do NBPTO (fosfato de N-n-butiltriamida) (Cantarella,
2007):
A formulação comercial contendo de 20% a 25% de NBPT está disponível no
mercado para ser misturada com fertilizantes nitrogenados, normalmente são
utilizadas concentrações que variam de 500 mg a 1000 mg NBPT kg-1 ureia. No
Brasil, a dose que vem sendo usada é de cerca de 530 mg kg-1. Há dúvidas quanto à
estabilidade do NBPT após sua aplicação à ureia, pois, o inibidor tende a perder
eficiência com o tempo de armazenamento (Cunha et al., 2011). Depois de aplicado
ao solo, o NBPT tende a ser menos eficiente em altas temperaturas, por ocorrer
maior atividade de urease, maior dissolução dos grânulos e maior evaporação da
solução do solo, que provoca a movimentação da ureia e da NH3 em direção à
superfície (Cantarella, 2007).
Em estudo com arroz irrigado submetido à aplicação de ureia tratada com
NBPT, Scivittaro et al. (2010) constataram que o uso de NBPT proporcionou maiores
produtividade de grãos e acumulação de nitrogênio apenas quando a aplicação de N
em cobertura antecedeu em 10 dias o início da irrigação. Cantarella et al. (2008)
concluíram que o uso de ureia com NBPT proporcionou reduções de 15 a 78% nas
perdas por volatilização na cultura da cana de açúcar. A adição de NBPT à ureia
ajudou a controlar as perdas de amônia, mas o inibidor foi menos efetivo quando
chuvas suficientes para incorporar a ureia no solo ocorreram de 10 a 15 dias, ou
mais, após a aplicação dos fertilizantes.
21
No experimento com o milho adubado com fontes de N (ureia convencional e
ureia tratada com NBPT) e quatro doses de N em cobertura (60, 120, 180 e 240 kg
ha-1), Silva et al. (2011) verificaram que as fontes e doses influenciaram na
produtividade e os teores de N da folha e dos grãos, enquanto os componentes de
produção (tamanho e diâmetro da espiga e porcentagem de palha e sabugo) não
foram alterados. A maior margem bruta de ganho da cultura do milho foi obtida com
aplicação de ureia tratada com NBPT, na dosagem de 180 kg ha-1. Cunha et al.
(2011) em estudo com a ureia convencional e ureia com NBPT em cobertura na
cultura do feijão, constataram que a ureia com inibidor não incrementou
significativamente a produtividade do feijoeiro.
Stafanato et al. (2013) constataram que a adição de cobre e boro no processo
de pastilhamento da ureia reduziu as perdas de amônia por volatilização em até
54 %, quando comparado com a ureia granulada comercial em aplicação superficial
num Planossolo Háplico em casa de vegetação. Rasquinho (2012), em experimento
em casa de vegetação com ureia convencional e ureia contendo inibidor da urease
NBPT, verificou que o uso da ureia com NBPT não foi eficiente no capim Aruana
cultivado num solo de alta fertilidade natural. Fernandes (2011) concluíram que as
fontes nitrogenadas Entec, nitrato de amônio, sulfato de amônio, Sulfammo e ureia,
na dose de 100 kg ha-1 proporcionaram efeito semelhante sobre a produtividade da
massa de matéria seca e composição bromatológica do capim Mombaça em
pastagem no cerrado de baixa altitude.
Na cultura do trigo, Prando et al. (2013) verificaram que o sulfato de amônio, a
ureia com inibidor de urease (NBPT) e a ureia revestida com polímeros não diferiram
da ureia convencional, no desempenho produtivo da cultura em sistema de
semeadura direta. A adubação de ureia com NBPT em cobertura aumentou a
produtividade da cultura do trigo, durante o perfilhamento, mas, seu uso não
promoveu aumento da produtividade quando a ureia foi aplicada no sulco, durante a
semeadura (Espindula et al, 2014).
No experimento com quatro fontes de ureia (uma convencional e três
revestidas por polímeros), Valderrama et al. (2014) constataram que as ureias
revestidas não diferiram da ureia convencional para o teor de nitrogênio foliar, índice
de clorofila foliar, altura de plantas, diâmetro do segundo internódio, altura de
inserção da primeira espiga, componentes de produção e a produtividade de grãos
de milho, tanto no cultivo safra como na safrinha. Resultados semelhantes foram
22
obtidos por Maestrelo et al. (2014), ao concluírem que o polímero que reveste a
ureia não foi eficiente nas condições de Cerrado, por proporcionar resultados
semelhantes aos da ureia convencional para as características agronômicas e a
produtividade de grãos de milho.
Em solos de textura argilosa, cultivados em sistema de plantio direto
consolidado sob condição de temperaturas amenas e precipitações pluviais bem
distribuídas, Mota et al. (2015) detectaram que o uso de fontes estabilizadas com
polímeros inibidores da enzima urease e da nitrificação do amônio não aumentaram
o rendimento de grãos em milho e eficiência agronômica de uso do N,
comparativamente à ureia comum e ao nitrato de amônio, independentemente da
dose de N aplicada em cobertura.
Zancanaro et al. (2013), em Itiquira-MT, nas safras de 2010/2011 e
2011/2012, compararam fontes de ureia (ureia convencional, ureia tratada com
NBPT, ureia recoberta com polímero de liberação lenta, ureia recoberta com enxofre
elementar e ureia recoberta com B e Cu) nas doses de 0, 60, 90 e 120 kg ha-1 e
concluíram que o rendimento do algodoeiro foi semelhante para todas as tecnologias
de tratamento de ureia avaliadas em ambas as safras.
23
3 MATERIAL E MÉTODOS
3.1 Local do experimento e espécie
O experimento foi instalado em casa de vegetação localizada na Faculdade
de Agronomia, Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal de Mato
Grosso, campus Cuiabá, no período de novembro de 2014 a abril de 2015. A
espécie estudada foi a forrageira Panicum maximum cv. BRS Zuri.
3.2 Delineamento experimental
O delineamento utilizado foi em blocos casualizados, com quatro repetições,
sendo os tratamentos dispostos em esquema fatorial 5x4+1, constituído por cinco
doses de nitrogênio: 100, 200, 300, 400 e 500 mg dm-3 e quatro fontes comerciais de
ureia granulada: Ureia (45% N); Ureia + NBPT1 (46% N, 0,25% NBPT); Ureia +
NBPT2 (45% N, NBPT sem concentração); Ureia + Cu + B (45% N, 015% Cu e 0,4%
B), mais o tratamento adicional testemunha, no qual não se aplicou adubação
nitrogenada, totalizando 84 unidades experimentais. Os modelos matemáticos
considerados foram:
Yijk = µ + Fi + Dj + B1 + (FD)ij + eijk e Yh = µ + Ta + eh
Em que:
Yijk e Yh = variável dependente; µ = média geral do experimento para a variável;
Fi = efeito do i-ésimo nível do fator fontes; Dj = efeito do j-ésimo nível do fator doses;
24
B1 = efeito do 1-ésimo nível do fator bloco; (FD)ij = efeito da interação entre o i-ésimo
nível do fator fontes e j-ésimo nível do fator doses; eijk e eh = erro experimental; Ta =
efeito do tratamento adicional.
3.3 Instalação e monitoramento do experimento
O solo utilizado é classificado como Latossolo Vermelho Distrófico segundo
a classificação de Embrapa (2013), coletado em novembro de 2014, na
profundidade de 0 a 0,2 m numa área de pastagem abandonada localizada no
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso, campus São
Vicente, situado na BR 364, km 329. A amostra do solo foi colocado para secar ao ar
durante quinze dias, após esse período, o mesmo foi peneirado em malha de 2 mm
a fim de separar pedras, torrões e restos vegetais obtendo-se, assim, a terra fina
seca ao ar (TFSA). As análises químicas e granulométricas (Tabela 1) foram
realizadas segundo metodologia da Embrapa (SILVA, 2009).
Vasos com capacidade de 6,5 dm-3 foram revestidos com sacos plásticos
que receberam seis quilos de solo seco. Visando elevar a saturação por bases para
50%, incorporou-se em cada vaso 2,5 g de calcário dolomítico (PRNT=100%). Após
incorporação, em cada vaso foi adicionada 586 mL de água destilada
(correspondente a 85% da máxima capacidade de retenção de água que foi
determinada conforme descrito por Bonfim-Silva et al. (2011), a umidade do solo foi
mantida a 85% durante todo o período experimental.
Decorridos 45 dias de incubação foi efetuada a adubação com 90 mg dm-3
de P2O5 (super fosfato simples: 20% P2O5, 18% Ca e 10% S). Após 15 dias da
aplicação do adubo, coletou-se aleatoriamente nos vasos, porções de solo obtendo-
se a amostra composta que foi enviada ao laboratório (Tabela 1).
TABELA 1. Caracterização química e granulométrica do Latossolo Vermelho utilizado no experimento antes e depois da calagem
Calagem pH P K S Ca Mg Al H SB CTC V M.O. Areia Silte Argila
H2O CaCl2 mg/dm³ cmolc/dm³ % g/dm3 g/kg
Antes 5,2 4,4 2,4 34,0 7,0 0,5 0,2 0,4 2,0 0,8 3,2 24,7 9,2 340,0 146,0 514,0
Depois 5,7 5,0 5,1 36,0 21,1 1,9 0,9 0,0 3,2 2,9 6,1 47,5 21,3 333,0 152,0 515,0
25
Em cada vaso semearam-se 20 sementes da cultivar BRS Zuri (Panicum
maximum), depois de 15 dias após a emergência foi realizado o desbaste deixando-
se cinco plantas por vaso. No dia do desbaste foi realizada uma adubação básica
com micronutrientes: boro (ácido bórico), cobre (cloreto de cobre), zinco (cloreto de
zinco), molibdênio (molibdato de sódio) nas doses de 1,5; 2,5; 2,0 e 0,25 mg dm-3,
respectivamente, seguindo recomendações de Monteiro (2014). A cada quatro dias
os vasos foram remanejados dentro de cada bloco a fim de minimizar o efeito das
condições ambientais.
As doses de N foram aplicadas em cobertura e parceladas em três vezes
iguais de 33,33; 66,67; 100,00; 133,33 e 167,67 mg dm-3. Um dia após o desbaste
foram aplicados 10 mg dm-3 de K2O (cloreto de potássio 60% K2O) e a primeira dose
de N, quinze dias depois a segunda dose de N. Na análise do primeiro crescimento
foram consideradas as doses de N resultantes da soma dos dois primeiros
parcelamentos: 66,7; 133,3; 200,0; 266,7 e 333,3 mg dm-3, enquanto no segundo
crescimento as doses de N totais: 100; 200; 300; 400 e 500 mg dm-3, sendo que
todas as aplicações das ureias foram realizadas em cobertura.
O primeiro corte da forrageira foi realizado 40 dias após o desbaste, na
ocasião foi aplicada a terceira dose de N e 10 mg dm-3 de K2O (cloreto de potássio
60% K2O). Durante o período experimental dados diários de temperatura e umidade
relativa do ar foram registrados por meio do termo-higrometro digital, sendo que, a
variação de temperatura foi de 23 a 39°C e a umidade relativa de 41 a 90%.
Foram analisadas as seguintes variáveis: massa seca da parte aérea e da
raiz; número de perfilhos e folhas; altura da forrageira; valor SPAD; concentração de
nitrogênio, nitrato, amônio e teor de proteína bruta nas folhas novas, lâminas de
folhas recém-expandidas, lâminas velhas, colmo+bainhas e raízes.
3.4 Altura e contagem de folhas e perfilhos das plantas
A cada corte (1º e 2º crescimentos) foi medida a altura máxima da curvatura
foliar da forrageira, com auxílio de uma trena (média de três medições por vaso).
Contou-se também a quantidade de folhas e perfilhos em cada vaso e o colmo
principal (planta-mãe) foi incluído na contagem.
26
3.5 Teor de clorofila por meio do valor SPAD
A leitura do valor SPAD, para a determinação indireta do teor de clorofila, foi
realizada no terço médio das lâminas das folhas recém-expandidas com o uso do
clorofilômetro SPAD-502 (Soil and Plant Analysis Development) um dia antes do 1º e
2º cortes. O valor SPAD para cada unidade experimental foi obtido por meio da
média entre 10 leituras realizadas em cada vaso.
3.6 Colheita e separação das partes da planta
Foram realizados dois cortes nas plantas a 20 cm do solo, sendo o primeiro
aos 40 dias após o desbaste e o segundo 30 dias após o primeiro. Em cada corte, a
parte aérea da forrageira foi levada ao Laboratório de Nutrição de Plantas e foi
separada em: a) folhas emergentes (FE): folhas não completamente expandidas,
sem lígula visível; b) lâminas de folhas recém-expandidas (LR): lâminas das duas
folhas mais novas completamente expandidas, com lígula visível; c) lâminas das
demais folhas maduras totalmente expandidas (LM): lâminas das demais folhas com
lígula visível; e d) colmos + bainhas (CB): colmos mais bainhas das folhas.
Na ocasião do segundo corte das plantas, as raízes também foram
coletadas, após separação do solo as raízes foram lavadas com água corrente e
água destilada, com o objetivo de evitar perdas das raízes no momento da lavagem
foi utilizada peneira de malha de 1 mm.
3.7 Secagem, pesagem e moagem do material
O material colhido e separado foi guardado em sacos de papel identificados
e colocado para secar em estufa de circulação forçada de ar a 65°C até atingir
massa constante, depois de seco foi pesado e moído em moinho tipo Willey.
3.8 Produção de massa seca
Por meio da soma da massa seca da parte aérea (LE+LR+LM+CB) foram
obtidas as produções de massa seca da forrageira, no entanto, a massa seca das
raízes foi obtida diretamente através da pesagem.
27
3.9 Análises químicas do material vegetal
O material vegetal moído foi acondicionado em sacos plásticos, identificados
e enviado ao Laboratório de Nutrição Animal da Empaer (Empresa Mato-grossense
de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural). Para a determinação da
concentração de N total na parte aérea e nas raízes utilizou-se a metodologia
descrita por Sarruge e Haag (1974), amônio e nitrato de acordo com Tedesco et al.
(1985). A porcentagem de proteína bruta (PB) foi determinada usando fator de
correção de 6,25 (para conversão de nitrogênio em proteína bruta).
3.10 Análises estatísticas
Na análise estatística, os dados obtidos foram submetidos à análise de
variância com fatorial diferenciado, considerando o tratamento testemunha adicional,
sendo o nível de significância determinado pelo Teste F 5% de probabilidade e as
médias das fontes comparadas pelo Teste de Agrupamento Scott-Knott 5% de
probabilidade. O Teste de Dunnet foi aplicado quando houve significância entre a
interação fatorial x testemunha adicional e equações de regressão foram ajustadas
para os efeitos das doses de N, sendo utilizados os programas Assistat e Excel.
28
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Produção de massa seca da parte aérea e das raízes
No primeiro corte não foi verificada interação entre as fontes e doses, no
entanto, verificou-se efeito isolado das doses. A produção de massa seca ajustou-se
ao modelo quadrático de regressão (Figura 4), as doses crescentes de nitrogênio
promoveram maiores produções, esse fato era esperado, pois, normalmente o
aumento no suprimento de N favorece o alongamento de folhas e emissão de
perfilhos. A máxima produção observada no primeiro corte foi de 18,5 g vaso-1 na
dose de 253,0 mg dm-3. Resultados semelhantes foram obtidos por Colozza et al.
(2000), no primeiro crescimento do capim Aruana com a máxima produção na dose
de 171 mg kg-1. Nagano et al. (2011), verificaram produções máximas do capim
Tanzânia na dose de 184 mg dm-3.
No primeiro crescimento do capim BRS Zuri o fator fonte não foi significativo,
fontes com inibidores resultaram em produções similares de massa seca em
comparação com a ureia convencional, provavelmente os inibidores de urease não
foram eficientes na diminuição das taxas de volatilização da amônia. Concordando
com Rasquinho (2012), que não verificou diferenças na produção de massa seca do
capim Aruana adubado com ureia convencional e ureia com NBPT e com Fernandes
(2011), que também não constatou diferenças entre cinco fontes de nitrogênio
utilizadas na produção de massa seca do capim Mombaça.
29
FIGURA 4. Produção de massa seca no primeiro crescimento do capim BRS Zuri em
função das doses de N.
Houve interação entre as fontes e doses no segundo crescimento (Figura 5),
no desdobramento das fontes dentro de cada dose a produção de massa seca nas
doses de 66,7 a 166,7 mg dm-3 não foi influenciada pelas fontes utilizadas, ou seja,
não ocorreu diferenças entre as ureias com inibidores e ureia convencional, pois a
produção de massa foram similares. Na dose de 33,3 mg dm-3 as ureias com NBPTs
são as mais indicadas para incrementar a produção de massa seca, provavelmente
em doses mais baixas os inibidores são mais eficientes em contralar as perdas por
volatilização da amônia.
FIGURA 5. Produção de massa seca (g vaso-1) do capim BRS Zuri no segundo
crescimento. Médias seguidas pela mesma letra, minúscula na coluna dentro da mesma dose entre as fontes e
maiúscula na coluna dentro da mesma fonte entre as doses, não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Scott-Knott a
5% de probabilidade.
30
Ao desdobrarem-se as doses dentro de cada fonte (Figura 5), constatou-se
que independentemente da dose aplicada das fontes com ureias com NBPTs, não
foram verificadas diferenças significativas na produção de massa. Maiores
produções nas doses de 100,0 e 133,3 mg dm-3 para fonte de ureia+Cu+B, e de 66,7
a 166,7 mg dm-3 na fonte de ureia convencional. Rasquinho (2012) não verificou
interação entre as fontes e doses nos três crescimentos do capim Aruana diferindo
dos resultados aqui obtidos.
A produção de massa seca da parte aérea do capim BRS Zuri no segundo
crescimento foi maior em relação ao primeiro, esse fato pode ser atribuído à
necessidade de maior consumo de energia no primeiro crescimento para o
desenvolvimento e formação do sistema radicular e da estrutura da parte aérea. No
segundo crescimento com o sistema radicular formado a energia pode ser destinada
para o desenvolvimento da parte aérea com consequente aumento na produção de
massa seca. Resultados semelhantes foram observados por Colloza et al. (2000)
com o capim Aruana; Manarim e Monteiro (2003), com o capim Mombaça; Nagano
et al. (2011), em estudo com o capim Tanzânia.
Para a produção de massa seca das raízes não foi observada significância
na interação entre as fontes e doses, entretanto, verificou-se significância para as
doses (Figura 6). A máxima produção observada foi de 10,2 g vaso-1 na dose de
87,4 mg dm-3. Resultados similares foram observados por Colozza et al. (2000), no
capim Aruana, no qual a produção de massa seca variou com o incremento das
doses de N e o ponto de máxima produção foi observado na dose de 262 mg kg-1.
Silva Filho et al. (2014) também verificaram ajuste no modelo quadrático na
produção de massa do capim Marandu, com menor produção nas maiores doses de
ureia aplicada ao solo.
O nitrogênio é importante para o aumento no volume do sistema radicular
das forrageiras e influencia a produção de massa seca. No primeiro e segundo
crescimento (Figuras 4 e 5) verificaram-se as mais baixas produções de massa seca
da parte aérea na menor e maior dose, semelhante à produção de massa seca das
raízes (Figura 6).
31
FIGURA 6. Produção de massa seca das raízes do capim BRS Zuri em função das
doses de N.
4.2 Número de Folhas
Verificou-se efeito isolado das doses quanto ao número de folhas no
primeiro e segundo crescimento. Os resultados ajustaram-se ao modelo quadrático
de regressão (Figura 7 e 8). O número de folhas por vaso variou de 29 a 44 e 39 a
51, respectivamente, no primeiro e segundo crescimento. Assim como ocorreu com
a produção de massa seca, maior número de folhas foi observado no segundo
crescimento, devido ao fato que no primeiro crescimento as plantas estavam
formando sua estrutura aérea e o sistema radicular.
A dose de nitrogênio que proporcionou o maior número de folhas foi a de
268,8 e 105,7 mg dm-3 , para o primeiro e segundo crescimentos. O incremento no
fornecimento de nitrogênio favoreceu a emissão das folhas no capim BRS Zuri.
Resultados semelhantes foram observados por Costa et al. (2006), no capim
Vencedor, no qual o número de folhas ajustou-se ao modelo quadrático de
regressão, sendo o máximo número de folhas observado na dose de 125,7 mg dm-3.
32
FIGURA 7. Número de folhas por vaso no primeiro crescimento do capim BRS Zuri
em função das doses de N.
FIGURA 8. Número de folhas por vaso no segundo crescimento do capim BRS Zuri
em função das doses de N.
4.3 Perfilhos
A interação entre as fontes e doses não foi significativa, no entanto, foi
verificado efeito isolado das doses quanto ao número de perfilhos no primeiro e
segundo crescimento. Os resultados ajustaram-se ao modelo quadrático de
regressão (Figura 9 e 10). O número perfilhos por vaso variou de 9 a 13 no primeiro
crescimento e 18 a 23 no segundo crescimento. Assim como ocorreu com a
produção de massa seca, número de folhas, maior perfilhamento foi constatado no
33
segundo crescimento, pois, as plantas já estavam com o sistema radicular formado,
podendo direcionar energia para o perfilhamento. A dose de nitrogênio que
proporcionou o maior perfilhamento foi a de 271,5 e 104,5 mg dm-3 , no primeiro e
segundo crescimentos.
FIGURA 9. Número de perfilhos por vaso no primeiro crescimento do capim BRS
Zuri em função das doses de N.
FIGURA 10. Número de perfilhos por vaso no segundo crescimento do capim BRS
Zuri em função das doses de N.
Rasquinho (2012), em estudo com o capim Aruana adubado com fontes de
ureia e ureia com NBPT não constatou interação entre as fontes e doses nos dois
crescimentos do capim, somente verificou significância para as doses que
34
ajustarem-se ao modelo linear de regressão. Colozza et al. (2000), em experimento
com o mesmo capim, verificou ajustes quadráticos no modelo de regressão no
perfilhamento nos dois crescimentos, a dose de máximo número de perfilhos foi de
150 e 233 mg dm-1, para o primeiro e segundo crescimento.
4.4 Altura
No primeiro crescimento houve interação significativa entre as fontes e as
doses para a variável altura (Figura 11). No desdobramento das fontes dentro de
cada dose, a dose de 66,7 mg dm-3 promoveu menor altura nas plantas adubadas
com ureia+NBPT1 e ureia. Independentemente da fonte utilizada nas doses de
133,3 a 266,7 mg dm-3 não houve diferenças nas alturas das plantas, enquanto na
dose de 333,3 mg dm-3 maiores valores de alturas foram observadas em plantas
adubadas com ureia com inibidores. Na menor e maior dose nas plantas adubadas
com ureia convencional constatou-se menores alturas.
FIGURA 11. Altura do capim BRS Zuri no primeiro crescimento em função das fontes e doses de N.
Médias seguidas pela mesma letra, minúscula na coluna dentro da mesma dose entre as fontes e
maiúscula na coluna dentro da mesma fonte entre as doses, não diferem estatisticamente entre si pelo
teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade.
Ao desdobrarem-se doses dentro de cada nível da fonte, observou-se
(Figura 11) maior altura de plantas nas doses de 200,0 a 333,3 mg dm-3 quando
35
adubadas com ureia+NPBT. A adubação com ureia+NBPT2 e ureia+Cu+B não
influenciou nas alturas das plantas nas doses estudas, enquanto a ureia
convencional maiores alturas de plantas foram constatadas nas doses de 133,3 a
266,7 mg dm-3.
No segundo crescimento não foi observada interação significativa entre as
fontes e doses, entretanto, a altura das plantas foi influenciada tanto pelas fontes
quanto pelas doses de N. Nas fontes com ureia com inibidores (Figura 12) foram
observadas maiores alturas em comparação com a ureia convencional,
provavelmente os inibidores de urease retardaram a hidrólise da ureia, o que
favoreceu a absorção de N pelas plantas, refletindo em maior altura.
FIGURA 12. Altura (cm) do capim BRS Zuri no segundo crescimento em função das
fontes. Médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Scott-Knott a 5% de
probabilidade
Dados semelhantes foram verificados por Kaneko (2013), na cultura do
algodão, observou que uso da ureia com NBPT e nitrato de amônio proporcionaram
maior altura de plantas que a ureia tradicional, discordando de Costa et al. (2001),
que constatou plantas mais altas de feijão quando adubadas com ureia convencional
em vista da ureia com NBPT. Na cultura do trigo, Espindula (2010), também não
verificou diferenças na altura de plantas adubadas com ureia convencional e ureia
com NBPT.
36
As alturas das plantas em função das doses foram ajustadas a equação de
segundo grau (Figura 13), a máxima altura foi verificada na dose de 100,2 mg dm-3.
Silva Filho et al. (2014), em estudo com o capim Marandu adubado com doses de
ureias verificaram efeito quadrático na altura das plantas. Patês (2009), em estudo
com os capins Atlas e Tanzânia, verificou efeito linear das doses de N na altura das
plantas que variaram de 107,5 a 112,6 cm no capim Atlas e 71,5 a 95,5 cm no capim
Tanzânia.
FIGURA 13. Altura no segundo crescimento do capim BRS Zuri em função das
doses de N.
4.5 Concentração de nitrogênio na parte aérea e nas raízes
Para a concentração de nitrogênio na parte aérea tanto no primeiro como no
segundo crescimento, não se observou interação significativa entre as fontes e
doses, observando-se significância apenas nas doses de nitrogênio (Figura 14 e 15).
A concentração de nitrogênio nas lâminas de folhas recém-expandidas no
primeiro crescimento ajustou-se ao modelo quadrático (Figura 14). A mais elevada
concentração foi de 26,4 g kg-1 e ocorreu na dose de nitrogênio de 319,8 mg dm-3.
Discordando de Silveira e Monteiro (2010), que verificaram no capim Tanzânia,
ajuste linear na concentração de N.
A concentração de N nas folhas emergentes (FE), lâminas maduras (LM) e
colmos+bainhas (CB) ajustaram-se ao modelo linear de regressão (Figura 15), a
dose de 333,4 mg dm-3 não foi suficiente para a determinação da máxima
37
concentração de N nessas frações. De modo geral, no primeiro crescimento, as
concentrações de nitrogênio nas folhas emergentes (14,32 a 27,70 g kg-1) foram
maiores que as das lâminas de folhas velhas (11,91 a 25,53 g kg-1), que, por sua
vez, foram maiores aos dos colmos+bainhas (8,02 a 17,77 g kg-1).
FIGURA 14. Concentração de N nas lâminas de folhas recém-expandidas no
primeiro crescimento do capim BRS Zuri em função das doses de N.
FIGURA 15. Concentração de N nas folhas emergentes, lâminas de folhas maduras
e colmos+bainhas no primeiro crescimento do capim BRS Zuri em
função das doses de N.
38
Semelhante ao que ocorreu no primeiro crescimento, a concentração de
nitrogênio nas lâminas recém-expandidas no segundo crescimento ajustou-se ao
modelo quadrático (Figura 16). A maior concentração foi de 27,7 g kg-1 e ocorreu na
dose de nitrogênio de 138,6 mg dm-3.
FIGURA 16. Concentração de N nas lâminas recém-expandidas no segundo
crescimento do capim BRS Zuri em função das doses de N.
A concentração de N nas FE, LM e raízes ajustaram-se ao modelo linear de
regressão (Figura 17), a dose de 166,6 mg dm-3 não foi suficiente para a
determinação da máxima concentração de N nessas frações. A concentração de
nitrogênio no CB foi ajustado no modelo quadrático de regressão, a máxima
concentração de N nessa fração foi obtida na dose de 126,3 mg dm-3. No segundo
crescimento, as concentrações de nitrogênio nas LM (17,31 a 26,9 g kg-1) e FE
(17,54 a 26,4 g kg-1) foram praticamente semelhantes e maiores que as dos CB
(14,83 a 20,0 g kg-1) e raízes (8,5 a 16, 8 g kg-1).
Manarim e Monteiro (2003), obtiveram resultados semelhantes em CB
tiveram as menores concentrações de nitrogênio do que outros componentes da
parte aérea da planta, quando submetidos a doses do nutriente no meio de
crescimento. A concentração do nitrogênio nas raízes do capim Mombaça variou
entre 8,2 e 18,6 g kg-1, concordando com os resultados aqui obtidos.
39
FIGURA 17. Concentração de N nas folhas emergentes, lâminas maduras e
colmos+bainhas no segundo crescimento do capim BRS Zuri em
função das doses de N.
Cancellier (2013), na cultura do milho, verificou apenas o efeito das doses na
concentração de N na parte aérea, com ajuste no modelo linear. Valderrama et al.
(2014), verificaram efeito das doses com ajuste linear para o teor N nas folhas do
milho, as fontes nitrogenadas não diferiram significativamente, demonstrando que as
ureias com diferentes revestimentos não afetaram o estado nutricional (N) da planta.
4.6 Teor de Proteína Bruta (PB)
Não foi verificada significância na interação de fontes e doses para o teor de
PB na parte aérea no primeiro e segundo crescimento, porém foi observado
significância apenas para as doses de nitrogênio (Figura 18 a 21).
O teor de PB ajustou-se ao modelo linear de regressão (Figura 18 e 19), de
forma que a dose de 333,4 mg dm-3 não foi suficiente para a determinação da
máxima porcentagem de PB. Nas lâminas de folhas recém-expandidas os teores
variaram de 8,26 a 16,83%, enquanto nas demais frações a variação foi de 5,01 a
17,31 %. No primeiro crescimento, o teor de proteína foi maior nas LR, seguidas
pelas FE, FV e menor nos CB.
40
FIGURA 18. Proteína bruta nas lâminas recém-expandidas no primeiro crescimento
do capim BRS Zuri em função das doses de N.
FIGURA 19. Proteína bruta nas folhas emergentes, lâminas maduras e
colmos+bainhas no primeiro crescimento do capim BRS Zuri em função
das doses de N.
No segundo crescimento constatou-se significância apenas para as doses
de nitrogênio. O teor de proteína nas LR ajustou-se ao modelo quadrático de
regressão (Figura 20), o ponto máximo de proteína foi verificado na dose de
151,8 mg dm-3 no teor de 18,1 %.
41
FIGURA 20. Proteína bruta nas lâminas recém-expandidas no segundo crescimento
do capim BRS Zuri em função das doses de N.
O teor de PB ajustou-se ao modelo quadrático de regressão (Figura 21), nas
lâminas maduras e nos colmos+bainhas, sendo o ponto máximo verificado nas
doses de 152,5 e 131,5 mg dm-3, respectivamente. Nas folhas emergentes ajustou-
se ao modelo linear, de forma que a dose de 166,6 mg dm-3 não foi suficiente para a
determinação da máxima porcentagem de PB, os teores nessa fração variaram de
10,9 a 16,5 %.
FIGURA 21. Proteína bruta nas folhas emergentes, lâminas maduras e
colmos+bainhas no segundo crescimento do capim BRS Zuri em
função das doses de N.
42
Fernades (2011), em estudo com o capim Mombaça com diferentes fontes
de nitrogênio, observou aumento do teor de PB com o incremento das doses. Freitas
et al. (2007), trabalhando com as doses de 70, 140, 210 e 280 kg ha-1 ano-1,
aplicados no mesmo capim, verificaram que, quanto maior a dose de N aplicada,
maior o teor de PB. Silva et al. (2209), em estudo com doses de N (0, 100, 300 e
500 kg ha-1) com o mesmo capim, observaram valores de proteína bruta de 8,7; 8,8;
9,4 e 10,6% na altura residual de 20 cm, de acordo com as doses aplicadas.
4.7 Concentração de nitrato e amônio
Não foram verificadas diferenças significativas na concentração de nitrato e
amônio em ambos os crescimentos do capim BRS Zuri.
4.8 Estimativa do teor de clorofila em valor SPAD
No primeiro crescimento do BRS Zuri não foi observada interação
significativa entre as fontes e doses, entretanto, verificou-se significância isoladas
nas fontes e doses de nitrogênio. Nas plantas adubadas com ureia com inibidores
(Figura 22) foram constatados maiores valores SPAD em comparação com a ureia
convencional. Cancellier (2013) verificou efeito apenas das doses no valor SPAD do
milho adubado com ureias com inibidores de urease e ureia convencional.
FIGURA 22. Valor SPAD do capim BRS Zuri no primeiro crescimento em função das
fontes. Médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Scott-Knott a
5% de probabilidade.
43
As leituras dos valores SPAD nas lâminas recém-expandidas em função das
doses de nitrogênio foram ajustadas a equação de segundo grau (Figura 23) e o
máximo valor foi verificado na dose de 320,3 mg dm-3. O incremento das doses de N
contribuiu para o aumento no valor SPAD, esse fato era esperado, pois, a
concentração de N na parte área aumentou como as doses aplicadas, como o N
está presente na molécula de clorofila, o aumento no valor SPAD é justificável.
FIGURA 23. Valor SPAD no primeiro crescimento do capim BRS Zuri em função das
doses de N. Médias seguidas pela mesma letra, minúscula na coluna dentro da mesma dose entre
as fontes e maiúscula na coluna dentro da mesma fonte entre as doses, não diferem estatisticamente entre
si pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade.
No segundo crescimento houve interação significativa entre as fontes e as
doses nos valores SPAD (Figura 24). No desdobramento das fontes dentro de cada
dose , nas doses de 33,3, 100 e 133,3 mg dm-3 não foi verificada diferenças entre as
fontes, enquanto na dose de dose de 66,7 mg dm-3 maior valor SPAD foi verificado
em plantas adubadas com ureia+NBPT1. As ureias com inibidores promoveram
plantas com maior valor SPAD que a ureia convencional na dose de 166,7 mg dm-3.
Ao desdobrarem-se doses dentro de cada nível da fonte, observou-se
(Figura 24) menor valor SPAD em plantas adubadas com ureias com NPBTs na
menor dose. Maiores valores nas doses de 100, 133,3 e 166,7 mg dm-3 nos
tratamentos com ureia+Cu+B e, na ureia convencional nas doses de 100 a
133 mg dm-3.
44
FIGURA 24. Valor SPAD no segundo crescimento do capim BRS Zuri em função das
fontes e doses de N.
4.9 Testemunha adicional
Em todas as variáveis analisadas foram observadas significâncias entre o
fatorial e a testemunha adicional. A média da testemunha em comparação com os
demais tratamentos sempre foi mais baixa. O não fornecimento de nitrogênio às
plantas acarretou em menor número de folhas, perfilhos e consequente menor
produção de massa seca.
No primeiro crescimento o número de folhas, perfilhos, a altura, produção de
massa seca, concentração de nitrogênio, proteína bruta e valor SPAD foi maior do
que no segundo corte, esse fato pode ser devido ao N do solo proveniente da
mineralização da matéria orgânica, no segundo crescimento provavelmente a menor
disponibilidade de N mineralizado refletiu na rebrota de plantas com menor porte,
sem perfilhamento, menor emissão de folhas e clorose nas lâminas maduras que
avançou para as folhas emergentes.
A sintomatologia de deficiência do N foi nítida em ambos crescimentos,
porém, foi mais pronunciada no segundo. Esse fato reforça a necessidade de se
realizar a adubação nitrogenada seja no estabelecimento como na manutenção de
áreas cultivadas com o capim BRS Zuri.
45
5 CONCLUSÕES
A interação de fontes e doses de nitrogênio influenciou a produção de massa
seca no segundo crescimento e a altura de plantas no primeiro crescimento do
capim BRS Zuri.
As doses de nitrogênio incrementaram a produção de massa seca da parte
aérea no primeiro crescimento e das raízes, a altura de plantas no segundo
crescimento, número de folhas, perfilhos, concentração de nitrogênio, proteína bruta
em ambos crescimentos e, valor SPAD no segundo crescimento do capim BRS Zuri.
As fontes de ureias com inibidores influenciaram a altura das plantas no
segundo crescimento e valores SPAD no primeiro crescimento do capim BRS Zuri.
46
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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